Cíntia Mara 20/03/2012O enredo me lembrou um pouco do filme De Repente 30 e da série Cabeça de Vento. Nas três histórias, temos uma protagonista que precisa aprender a viver uma vida da qual ela não se lembra. A diferença aqui é que não há nenhuma magia ou tecnologia avançada. Lexie pode não se lembrar dos três últimos anos, mas eles existiram; suas atitudes tiveram conseqüências reais, e ela ainda precisa lidar com algumas delas.
Lexie é o melhor do livro. Ela poderia muito bem ser uma chata que fica se lamentando o tempo todo por ter perdido a memória, ou uma metida deslumbrada por estar linda, rica e bem casada, mas ela não pende para nenhum dos lados. Ok, ela fica meio deslumbrada, sim, mas não metida. E – obrigada, Senhor – não se faz de vítima em momento nenhum; pelo contrário, ela não gosta de ser tratada de forma diferente por causa de sua amnésia. Ela é inteligente, determinada, carismática, irônica, bem humorada e, o melhor de tudo, ela sabe rir de si mesma. Não tem como não gostar dela. (Esta é a terceira Lexie que eu leio este ano, e todas têm essas características em comum oO A primeira foi em O Milagre e a segunda em Let Them Eat Cake).
Achei muito interessante o dilema de “como foi que eu cheguei até aqui”. Para compreender a si própria, Lexie precisa voltar ao passado e descobrir o que a fez mudar tanto. O mais legal é que esse é um questionamento que pode passar pela cabeça de qualquer um. Nós não somos seres estáticos, mas mudamos com o tempo. Muitas vezes não vemos essas mudanças, porque são graduais. Somente quando olhamos para trás é que percebemos – às vezes satisfeitos, outras arrependidos. O fato é que não dá pra mudar o passado, apenas administrar o que temos no presente. (Ok, agora alguém me diz de onde surgiu a ideia que chick-lits são escritos apenas para divertir e entreter, porque eles sempre me fazem pensar. #autoajudafeelings)
Os outros personagens não têm muito destaque, mas são todos, hmm, interessantes também. Se eu escrevesse essa sinopse, seria mais vaga, mas já que ela menciona certo “arquiteto”, o que eu posso fazer, né? Não é aquele mocinho que você cai de amores à primeira vista; pelo contrário, não dá pra saber muito bem qual é a dele. Como o livro é narrado em primeira pessoa, o leitor sabe o que a Lexie sabe, e ela não se lembra dele. Do outro lado, temos Eric, o ricaço loft-style fora da realidade que foi responsável pela maior vergonha alheia da minha vida. Ainda bem que eu estava em casa e sozinha no quarto quando li a “tal” cena. “Obrigada, Eric, nunca mais serei capaz de ler a expressão 'Mont Blanc' sem ficar vermelha.” Sério, ele é uma figura. Assim como a mãe e a irmã bandidinha de Lexie. Porque protagonista de chick-lit que se preze tem que ter, no mínimo, uma mãe maluca. Só gostaria que elas tivessem aparecido mais.
Sinceramente, não sei explicar por que não dou 5 estrelas. Eu gostei muito da história, dei boas risadas, amei a protagonista, mas acho que faltou alguma coisa pra eu não querer largar o livro. Alguma coisa que me fizesse pensar “esse TEM que ser 5 estrelas”.
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