Fer Mendonça 22/09/2012Em primeiro lugar, eu gostaria de dizer que esse não é um livro pra qualquer um ler. Recomendaria apenas para maiores de idade, e mesmo assim não são todos os que deveriam ler. É um livro forte, cuja história pode muito bem ser de milhares de garotinhas pelo mundo.
É um bom livro, apesar de tudo. Peguei o livro ciente do que se tratava, mas mesmo assim consegui me chocar com a história, sem contar que passei praticamente o livro todo com raiva da personagem principal, mas acho que isso se deve ao fato de realmente existirem pessoas que pensam como ela. É um livro real e passei dias a fio criando coragem para escrever a resenha, porque ele desceu rasgando pela minha garganta, me deixando horrorizada durante algum tempo.
Alice, que não é Alice, foi sequestrada no meio de um passeio com a escola por um homem chamado Ray, que é um pedófilo, apesar de não se reconhecer como tal.
“ ‘Te amo’, ele diz, antes de cair no sono. Sinto tanta fome que minha cabeça dói, me deixando lerda, e ele belisca minha coxa, com força.
‘Te amo também’, eu digo, mas é tarde demais, e ele me pressiona contra a cama, a respiração arfante e pesada.
‘Prove para mim’, ele diz. ‘Prove’.
E eu provo.”
Hoje Alice tem 15 anos, mede 1,75 e pesa 45kg. Todos acham que há algo de errado com a garotinha que mora com o pai e estuda em casa, mas ninguém consegue perceber o que realmente acontece porque o pai é muito charmoso e parece muito preocupado com a saúde da filha. Inclusive, ele mesmo tem essa imagem de si próprio, como um ótimo ‘pai’. Diz que Alice é sortuda por tê-lo, e que ele a ama demais e que nunca a machucaria.
Alice passa a maior parte dos dias dentro de casa, assistindo a programas de auditório, esperando pela volta de Ray. As vezes pensa em fugir, mas sabe que caso faça isso, Ray matará toda a sua família. Ela permanece calada, como uma boa menina, sofrendo para que seus pais permaneçam vivos.
“Abro meus olhos, vejo uma garota inteiramente preta e azul, com sangue seco ao longo de suas coxas. Manchas marrons avermelhadas sobre os lugares sem pelos. É assim que eu nasci. Despida, sem pelos, coberta de sangue como todos os bebês. Nomeada, banhada e depois levada para o mundo.”
A antiga Alice tinha 15 anos quando foi descartada por Ray, e desde que a atual Alice completou a mesma idade, vive com a espectativa da morte. Será hoje? Amanhã? Se ela continuar a ser uma boa menina, ele vai matá-la?
Quando uma série de novos fatores aparece e Ray começa a fazer planos, Alice vê uma chance de escapar. Será que ela conseguirá fugir? E sua família?
Sei que a resenha está abaixo do padrão, mas mesmo assim não sei mais o que escrever. É muito difícil para mim tentar por em palavras toda a mescla de sentimentos que o livro trás. Peço desculpas por isso, mas recomendo que leiam, quem ‘tiver a coragem’. Depois de lerem, perceberão o que quis dizer.
“A culpa é toda nossa. Sempre.”
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