Primeiras estórias

Primeiras estórias João Guimarães Rosa




Resenhas - Primeiras Estórias


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stutz 28/09/2021

De um modo geral, razoável
Eu li Primeiras Estórias já sem grandes expectativas, já que a grande maioria dos livros que minha escola passa pra eu ler eu não curto muito. Esse aqui é um livro que, avaliando num aspecto geral, eu achei mais ou menos.
Tiveram contos que eu gostei muito, como por exemplo ?A menina de lá?, Os Irmãos Dagobé? e principalmente ?A terceira margem do rio?, meu favorito desse livro. Mas tiveram outros contos que eu simplesmente não estava entendendo NADA do que o autor estava falando.
Para mim, Primeiras Estórias é um livro que tem alguns contos bons, e nada mais; não é um livro que vai ficar marcado pra mim de alguma forma.
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Janaina Edwiges 22/04/2020

"Quando nada acontece, há um milagre que não estamos vendo"
Não tenho pretensão e nem conhecimento suficiente para escrever uma resenha sobre uma obra de João Guimarães Rosa, um dos maiores escritores da literatura brasileira. Mas gostaria de dizer que Primeiras Estórias é um livro encantador e extremamente poético, para ser lido com muita calma e tranquilidade. Não é uma leitura fácil, especialmente para quem, assim como eu, não tem muita proximidade com a escrita do autor (este foi o primeiro livro que li dele). O que ajudou bastante a minha compreensão, foi pesquisar uma explicação sobre cada conto, à medida que avançava na leitura.

Através deste livro, conheci o conto mais lindo que já li em toda a minha vida: A terceira margem do rio. Este conto tocou profundamente a minha alma e vai ficar no meu coração para sempre. Muito obrigada, Guimarães Rosa! Não poderia partir deste mundo, sem ler algo tão belo e profundo.

O professor de literatura José Miguel Wisnik, em uma aula disponível no YouTube, nos diz que "A terceira margem do rio é um dos contos mais luminosos, encantados e indizíveis que existe. É um texto que a gente pode passar a vida inteira lendo, pois é conversando com a vida, que o conto se deixa ler! ”.
Fabricio268 23/04/2020minha estante
Nossa, Janaína!! Vou procurar esse livro só pra ler o conto que você mencionou. Anos atrás tentei ler Grande sertão veredas, mas a escrita de Guimarães Rosa não é fácil, ao menos pra mim naquela oportunidade foi bem difícil. Bela resenha a sua.


Janaina Edwiges 24/04/2020minha estante
Muito obrigada, Fabrício! Ahhh lei, leia sim, por favor! Você vai se encantar, é de tocar a alma. E este conto tem uma narrativa de mais fácil compreensão, é mais tranquilo para ler. Em muitos contos eu tive uma dificuldade maior para entender e precisei buscar uma explicação. Quero muito ler Grande sertão veredas um dia. Mas terei que ler com bastante calma :)


karolina 08/01/2022minha estante
que lindo!!


CPF1964 22/09/2023minha estante
Comprei hoje no sebo por 0,50 centavos. Muito lindo o seu comentário, Janaina. Inspirador !!!!




Romeu Felix 29/07/2023

Fiz o fichamento sobre esta obra, a quem interessar:
"Primeiras estórias" é uma obra icônica de João Guimarães Rosa, uma das maiores referências da literatura brasileira. Publicado em 2005 pela editora Nova Fronteira como parte da coleção "40 Anos 40 Livros", o livro apresenta uma coletânea de contos que reflete a genialidade e originalidade do autor.

Com suas 216 páginas, Guimarães Rosa nos brinda com histórias envolventes e repletas de linguagem inventiva, característica marcante de sua escrita. Os contos exploram temas universais como o amor, a morte, a natureza humana e as tradições do sertão brasileiro.

A narrativa de Guimarães Rosa é densa e rica em detalhes, proporcionando ao leitor uma imersão profunda nas vidas e conflitos dos personagens. Através de uma linguagem poética e inovadora, o autor retrata a riqueza e a complexidade da cultura sertaneja, criando um universo literário único e apaixonante.

A edição da Nova Fronteira é cuidadosa, valorizando a riqueza da prosa de Guimarães Rosa e sua capacidade de retratar a essência do povo brasileiro. As 216 páginas são uma viagem literária que nos leva a um Brasil profundo e autêntico, apresentando a visão singular do autor sobre a vida e as emoções humanas.

Em resumo, "Primeiras estórias" é uma leitura obrigatória para os apreciadores da literatura brasileira e para aqueles que desejam conhecer a genialidade de João Guimarães Rosa. Com 216 páginas, o livro é uma obra-prima que nos transporta para um mundo de beleza e poesia, deixando uma marca indelével em nossos corações e mentes. Uma leitura que nos desafia a refletir sobre a condição humana e a riqueza da cultura brasileira, reafirmando o legado duradouro do autor na literatura mundial.
Por: Romeu Felix Menin Junior.

site: https://www.instagram.com/reflexoes.paginasadentro/
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Guilherme Amin 17/07/2023

Quando é bom, é maravilhoso
... mas, quando não é maravilhoso, não é bom.

Foi a impressão que tive ao terminar este livro e repassar seu índice para rememorar o que li.

"Primeiras estórias", por alguns, é considerado um bom livro para contato inicial do leitor com Guimarães Rosa. O que não costuma ser fácil, dadas as famosas características do estilo do escritor: poético, experimental, inventivo, confuso, anticonvencional, regionalista; uma prosa inimitável e desafiadora.

Com propriedade, Paulo Rónai argumentou que "o leitor brasileiro que porventura entrar em contato com a arte de Guimarães Rosa através de 'Primeiras estórias' inevitavelmente haverá de experimentar um choque, devido à agressiva novidade do estilo, à qual os leitores antigos do autor vêm se habituando progressivamente".

Ler em voz alta ou com o acompanhamento de um audiolivro pode amenizar esse choque.

Dos 21 contos, gostei muito de oito: "Famigerado", "Os irmãos Dagobé", "A terceira margem do rio", "Nada e a nossa condição", "O cavalo que bebia cerveja", "Um moço muito branco", "Luas-de-mel" e, principalmente, "A benfazeja". Gostei tanto que os achei maravilhosos, na forma e no conteúdo! Mas os demais não me trouxeram prazer, nem sequer o prazer estético que, em último caso, esperava sentir com a obra de um escritor importantíssimo do modernismo. Tanto que, ao revisitar o índice e folhear brevemente o livro após o término, percebi que alguns contos foram simplesmente esquecíveis. Pareceram-me um exercício experimental de fetichismo do autor pela sua forma.

Em geral, foi uma leitura construtiva, importante, magnífica nos pontos altos e muito chata nos baixos.
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Augusto Abreu 29/07/2011

Guimarães Rosa
Além do clássico Grande Sertão, Veredas; e do épico Corpo de Baile, que é como se fosse o Ulisses brasileiro, Guimarães Rosa escrevia contos magistrais, como os deste livro que ele batizou estranhamente Primeiras Estórias, embora fossem as últimas que ele publicasse em vida. Sua justificativa era de que ele compreendia que seus textos buscavam a pureza e a simplicidade, e ele gostaria que tivesse sido assim desde o começo, como quando publicou Sagarana, outro livro de contos. Depois de uma grande volta pelo romance, o gigante retornaria com a técnica refinada a nos presentear com este monumento do lirismo e da concisão. Um livro difícil para quem não é acostumado à linguagem, mas repleto de ótimos momentos.
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Renan GM 08/11/2020

O melhor da literatura
Guimarães Rosa é um arraso! Não é a toa que todas as suas obras, sem excessões, são verdadeiros clássicos!

Esse livro trás um compilado, feito pelo próprio Rosa, de contos. Os temas tratados pelo autor são múltiplos, e são diversas as situações que ele cria com maestria. Trás estórias de contos psicológico, fantástico, autobiográfico, entre outros.

Recomendo esse livro para quem vai iniciar as leituras desse "mundinho pacato" de Guimarães Rosa, até mesmo para se acostumar com a linguagem, deveras complicada, e também para ter um encantamento inicial pela obra dele.

Boa leitura
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DIRCE 11/02/2012

Milmaravilhosa
Primeiras Estórias, livro de J.G. Rosas que traz 21 contos, e, me permitindo tomar uma emprestada uma fala do narrador- personagem de Pirlimpsiquice , diria que, a leitura que eu fiz foi milmaravilhosa, ainda que, ao contrário do que aparenta, não são contos muitos fáceis de entender – falo por mim, uma vez que, alguns deles, me levou a releituras para um melhor entendimento, como A Terceira Margem do Rio.
De uma maneira geral, J.G. Rosas, aborda nesse livro diferentes temas, como o descoberta do mundo por um menino , o deslumbramento que coisas simples provocam, e a compreensão de que a alegria pode desvanecer , porém, no meio das trevas, um vaga-lume pode representar outra vez a Alegria.
E "mergulhando" na escrita e narrativa de G. Rosa me deparei com a solidão, com a loucura, com a solidariedade, com a lei dos mais fortes, com a ingratidão, com as seqüelas da guerra, com os questionamento que um espelho pode trazer, com um novo despertar do amor e da sexualidade, e encontrei , até , uma vaca fujona que, no final de sua insólita jornada, tal qual um cúpido, permitiu que dois jovens fossem atingidos pela certeira flecha do amor.
Vou me estender um pouco mais falando sobre a "A Terceira Margem do Rio" e "Pirlimpsiquice".
A Terceira Margem do Rio, por ter me intrigado, me instigado e me desafiado, a ponto de eu ler e reler 2 vezes, pois inúmeras perguntas ficaram me martelando: o que representaria o termo a terceira margem? Por que o filho não conseguiu, como os demais membros da família, levar sua vida adiante, quando seu pai resolve viver, rio adentro, em uma pequena canoa? Por que tanta culpa? Por que tive a sensação que o filho ocupou o lugar de protagonista destinado ao pai? Pensei, pensei e pensei. Lembrei-me que, com freqüência, as pessoas sem perspectiva, são definidas como pessoas que vivem às margens da sociedade. Então será que minhas perguntas poderiam ter como respostas que o Rio foi uma metáfora utilizada por G. Rosas da vida, da existência? A negação do filho em ocupar o lugar do pai , representaria o seu medo da travessia, o seu medo de fazer as coisas acontecerem, levando-o a optar em ficar à margem ( a terceira margem do rio) , e , como seu pai que ficou à margem - a mercê da loucura , ficaria ele a mercê de dias não vividos, esperando apenas pela sua derradeira hora?

Já ,Pirlimpsiquice....Ah! Doce verão dos meus sonhos... No conto: a lembrança do narrador-personagem de uma peça encenada na sua infância, e que, devido a ausência de um dos membros ( o protagonista mor) e a rivalidade existente entre os alunos do colégio, se deu o maior quiprocó.
Maior quiprocó também se deu, quando eu, no segundo ano primário, fui escalada pela minha professora ( D. Nilza) para encenar uma peça de teatro , na qual eu representava uma madame- caracterizada como tal : salto alto ( aos 8 anos???) coque na cabeça...fala sério: uma verdadeira caricatura - hilário. Mas não parou por aí: na peça eu derrubava um vaso de porcelana valiosíssimo e, em uma das minha falas, eu dizia: OH! Meu vaso de porcelana, tão valioso! Valioso, não só pelo seu preço mas também pelo seu valor sentimental. Ocorre, que nos ensaios eu derrubava um suposto vaso , e não havia objeto algum representando-o , porém, no dia da apresentação da peça, a professora, colocou na mesa o tão valioso vaso - uma garrafinha de coca-cola- e , eu, toda talentosa, derrubei aquela " preciosidade" que se espatifou no chão em mil cacos. Nossa!!! Que vexame! Não é que eu achei tanta graça com o "vaso" espatifado no chão, que comecei a rir muito , na verdade, eu chorei de tanto rir e não disse fala alguma. Eu apenas ria , ria e ria. A professora apavorada fazia sinal para que eu parasse de rir, mas não tinha jeito: a cada sinal dela mais eu achava graça. A solução que ela encontrou, para acabar com aquela situação embaraçosa, foi ocupar o meu lugar peça. Estava encerrada minha carreira de atriz.
Por que eu "fugi" de modo tão desavergonhado da leitura ? Porque ler G. Rosas também é se permitir, por meio da sua narrativa, "voar" a tempos longínquos, e se perguntar: como G. Rosas escreveria minha façanha? Qual o título que ele daria a ela? Pirlimpsiquice II?
Como nesse meu comentário prevaleceram as interrogações, eu o finalizo com mais uma: posso deixar de dar 5 estrelas?
Tiago 02/05/2012minha estante
Releitura: uma das coisas mais gostosas de ler Rosa é que cada leitura que você faz do mesmo texto dele é um conto novo que lê.


ScaredOn 22/08/2012minha estante
Muito importantes as suas observações.
1-O termo a terceira margem, vem do fato do pai isolar-se e viver na terceira margem, o pai mergulha numa questao existencial;Guimarães rosa revelou que o rio é a alma humana, o pai mergulha no rio que é a alma, e passa a viver numa outra margem, uma amrgem meta fisica.
2-"Por que o filho não conseguiu, como os demais membros da família, levar sua vida adiante"- O conto mostra que alguns filhos sentem necessidade de cuidar dos pais, se sentem responsáveis de alguma forma pelos pais e pelo sofrimento "Por que tanta culpa".
3 - "Por que tive a sensação que o filho ocupou o lugar de protagonista destinado ao pai"-O filho, assim como o pai, acaba se isolando do que deveria viver, o pai deveria viver com a familia,o filho deveria fazer familia, os dois de certa forma, se isolaram da propria existencia.


ScaredOn 22/08/2012minha estante
Corrigindo "Muito importante".


Carla 28/07/2013minha estante
Realmente, Dirce, os contos não fáceis de entender...
Estou no meio da leitura do livro e, muitas vezes, ao terminá-los, percebo que não compreendi o texto e, muito menos, sua mensagem...
Este livro está sendo um grande desafio... há tempos, não lia um livro de tão difícil compreensão!
Torço para conseguir entender a mensagem que o autor almejou transmitir...




Samyta 07/03/2009

Primeiros passos no sertão...
Sou muito suspeita pra falar de Guimarães Rosa, porque sou roseana de coração, muito fã mesmo!!!
Esse é um dos meus preferidos, com contos maravilhosos (destaque para "A menina de Lá" que é de uma delicadeza sem fim).
Ótimo para quem ainda não leu nada dele. E também sempre bom para reler trechos de vez em quando. Amo!
biiah 14/03/2012minha estante
tive EXATAMENTE a mesma impressão de A Menina de Lá. Mas amei com todas as minhas forças Nenhum, Nenhuma.




Elide 28/02/2024

Algumas histórias interessantes, outras nem tanto
De modo geral, a linguagem do autor não torna o processo de conexão tão rápido e simples. Algumas poucas histórias específicas me prenderam mais, mas, no geral, a conexão com o livro foi baixa.
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Amandinha 03/08/2020

Guimarães prova nessa coleção de contos o motivo de ser um dos melhores escritores do mundo.
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Bruno Oliveira 25/01/2016

Muito acima de minhas capacidades
Um livro bastante complexo o qual exige um leitor bem sofisticado para captar suas minúcias. Particularmente, tive muita dificuldade em manter a atenção em vários contos ou mesmo em compreender certas coisas.

Evidentemente, um nível superficial de leitura é possível, não é difícil entender os enredos e coisas banais assim, mas o modo como o autor usa a linguagem faz com que esse tipo de compreensão seja muito básica perto daquilo que o livro pode oferecer.

Há contos mais "tradicionais" como "A terceira margem do rio" ou o belíssimo "Soroco, sua mãe, sua filha" que, respectivamente, encantam pela aura metafórica e pela ausência de qualquer aura em torno de si, contudo, esses são apenas os contos mais acessíveis ou, ao menos, aqueles que o leitor acha que entendeu e pôde se encantar.

Considerei muito frustrante minha experiência com o livro e sinceramente não consegui apreciar muita coisa. Foi como ficar trancado do lado de fora da experiência que ele poderia me proporcionar. Guimarães é aquele tipo de literato que te mostra que literatura não é brincadeira e nem está aberta a todos. Há níveis e níveis de leitura, e muitos deles demandam muita sofisticação para que sejam alcançados.

Talvez eu me dê melhor com alguma outra obra do autor, mas no momento não estou interessado em tentar descobrir.
Lê Amâncio 11/01/2017minha estante
Tive a mesma infeliz sensação.
Fica pra depois esse.


Lene Colaço 13/04/2017minha estante
Senti o mesmo. Acabo de abandona-lo frustrada. Foi meu primeiro contato com o autor e esperava me sair melhor.


gabriel 23/10/2020minha estante
Resenha de uma honestidade ímpar, parabéns. Essa sensação de "ficar trancado pra fora" é horrível, a gente sente que perde muita coisa e se sente impotente em relação a isso. Eu acho que tive mais abertura a Guimarães quando jovem (quando qualquer um mais "espertinho" já bate nossa carteira e nos leva no gogó), então imediatamente comprei todas as inovações que ele fazia. Já mais velho e "chato", tive resistências. É uma excelente leitura, mas às vezes fico na dúvida se eu é que sou um leitor sem sofisticação, ou se é simplesmente o autor que passou do ponto e "desandou". Mas vai aí criticar figurões da literatura, é praticamente comprar briga com muita gente... ou seja, moral da história, Guimarães é genial, mas não é perfeito, seus experimentalismos nem sempre envolvem o leitor.




Nathalya.Gaspar 03/07/2023

Primeiras estórias
É um livro com vários contos, uma leitura cansativa, com palavras difíceis, pra ler Guimarães Rosa tem q ta com dicionário do lado e saber q vai ter palavras q n vão estar no dicionário tbm kkkk, o famoso neologismo, um livro mt bom, meu conto favorito foi a terceira margem do rio, claro, o mais famoso tbm kkk, mas é uma leitura q vale a pena, um clássico
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Matheus 29/07/2013

O sertão é Rosa. Guimarães Rosa!
Não sei direito o que falar sobre este livro. Escrevo no meio da noite com o marteladas solitário de uma siriema distante, no pasto. A situação não poderia ser melhor. Deixo, pois, ao momento me ditar as palavras.

Muitos são da opinião que Machado de Assis é o deus da literatura portuguesa, ou até universal. Assim também eu achava; até ler Guimarães Rosa. Provavelmente, só não é unanime a opinião de lhe conceder o posto de primeiro lugar na literatura, porque poucos são os que leem seus livros. Paira um ar intimidador sobre as obras desse escritor e a maioria das pessoas não se sentem capazes de pega-las para ler. No entanto, nada justifica esse receio e a intimidação dos livros de Guimarães existe mais pela conversa fiada de professores de literatura do que por um estilo difícil de entender. De fato, logo na escola os professores falam que, de inicio, parece estar-se lendo em outra língua, e a quase totalidade dos alunos caem no equivoco de pressupor que essa outra língua e impossível.

"Ninguém é doido. Ou, então, todos. Só fiz, que fui lá. Com um lenço, para o aceno ser mais. Eu estava muito no meu sentido. Esperei. Ao por fim, ele apareceu, aí e lá, o vulto"
- A terceira margem do rio -

Sim, com certeza Rosa não escreve na mesma língua que os outros escritores brasileiros. Estes usam a linguagem técnica, formal, pensada e repensada... enfim, linguagem de livro. Rosa não. A sua é a da fala, a da alma e por isso mesmo seria impossível que carregasse a incompreensibilidade que lhe é erroneamente atribuída . Consigo perfeitamente imaginar um noite de lua, onde em volta de uma fogueira, sertanejos contam causos na linguagem de Guimarães. O escritor dos sertões é o equivalente aos impressionistas na arte visual. Estes estudaram os efeitos óticos da luz e do olho humano de forma a que pintaram espelhos da natureza sem precedentes, como nem Da Vici ou Michelangelo jamais sonhavam em conseguir; Já Guimarães Rosa estudou a língua de todas as formas possíveis e imagináveis, e conseguiu dar uma vivacidade tão absoluta a suas estórias que nem mesmo Shakespeare conseguira.

O cenário de Rosa, assim como sues personagens, não conhecem limites entre o mundo real e o do romance. Parecem trasbordar do livro. O sertão descrito parece frequentemente muito mais real do que a sala ou quarto em que o leitor lê o livro, e parece termos convivido pessoalmente com as personagens criadas, mais até do que com nossos amigos e parentes mais íntimos. Por mais extraordinárias e misteriosas que que sejam, em nenhum momento se duvida que a estória contada seja verídica - e de fato, elas parecem mais contadas do que escritas. Esse é o Gênio maior e inigualável de Guimarães Rosa!

"A Mãe queria, ela começou a discutir com o Pai. Mas, no mais choro, se serenou – o sorriso tão bom, tão grande – suspensão num pensamento: que não era preciso encomendar, nem explicar, pois havia de sair bem assim, do jeito, cor-de-rosa com verdes funebrilhos, porque era, tinha de ser! – pelo milagre, o de sua filhinha em glória, Santa Nhinhinha."
- A menina de lá -

Esse parágrafo é uma síntese de Primeiras Estórias, e mostra que o livro não foge do que eu falei acima. São vinte um contos que se unem de maneira surpreendente, apesar de não terem entre si nenhum vínculo claro. Há uma mágica comum a todas as estórias, algo entre a sabedoria milenar dos ascetas japoneses e o sobrenatural das fábulas e do folclore brasileiro. Todos os contos tratam de seres humanos excepcionais e talvez aqui esteja o Guimarães do livro. Assim como seus personagens são diferentes de tudo que os cerca, também seu criador possui o Gênio sem igual!
Gian 31/08/2014minha estante
Depois de ler este livro, fica difícil não colocar Rosa como o mais incrível escritor brasileiro, e o mais "inventivo" na língua portuguesa.




giginha 14/09/2021

guimarães como sempre nos oferecendo tudo no cenário sertanejo: gente nova, gente velha, gente criminosa, gente extraterrestre, gente apaixonada (senti falta de uma história de c0rno!!! lembro que no sagarana tinham várias) e gente doida - mas ninguém é doido. ou, então, todos. tem também fantasia, dark academia, caso de policia, casos de família, lovers to enemies e por aí vai. não é o melhor livro que eu já li, mas também não é o pior. não curto muito livros de contos porque tem sempre coisa muito boa e coisa meio meh, mas aí já é problema meu. os melhores aqui são a menina de lá, os irmãos dagobé e a benfazeja.
giginha 14/09/2021minha estante
história de c0rn0!!!! censurou por que skoob que saco




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