Sergio Carmach 27/07/2012
No primeiro volume da série Lua Escarlate, Grace precisou viajar para se submeter a um tratamento que a tornaria humana novamente. Porém, alguma coisa parece estar dando errado. O doutor-vampiro Viktor conclui, então, que o tratamento só fará efeito se sua paciente descobrir uma motivação, ou seja, por que deseja se tornar humana novamente. Supondo que a resposta seja ter Paul de volta para sempre, ela retorna a St. Helens para tentar conseguir o perdão do rapaz. O problema é que ele parece odiá-la e, para piorar, iniciou um relacionamento com Laura.
Esse é o mote para a Catalina desenvolver o segundo livro da série, no qual novamente mergulhamos na engraçada rotina de uma família vampírica nada convencional, os Saint-Claire. A linguagem continua jovem, descontraída e cheia de humor, bem ao estilo adolescente.
Um ponto forte desse volume são as revelações, que, aliás, não são poucas. O passado remoto e desconhecido de vários personagens, que se tornaram íntimos do leitor no primeiro livro, começa a vir à tona. Descobrimos, inclusive, a interessante história (a que mais gostei!) da espevitada Lilly. Esses passeios constantes ao passado dão um novo ar à trama, que se torna mais rica e instigante.
Os fãs da autora sabem que ela costuma destilar certo veneno contra a série Crepúsculo. Nesse livro, ela faz isso de forma bastante criativa e inteligente. Aproveitando esse gancho, ela também desmistifica, na voz de Grace, um monte de crenças que envolvem vampiros, dando as versões “reais” sobre essas lendárias figuras. Fiquei pensando se a Catalina inventou tudo ou se tirou isso de algum lugar rsrs. Se inventou, haja imaginação! O leitor também se depara a toda hora com explicações sobre as leis vampíricas. Se juntássemos todas em um único lugar, seria possível formar um verdadeiro código penal desses seres. Eu achei as explicações muito divertidas e didáticas. Já me considero, inclusive, apto a advogar nos tribunais vampirescos.
Em Amargo/Doce, um novo ingrediente foi inserido na história: o suspense. Em meio a um misterioso grupo de caçadores de vampiros, os Ceifadores, temos um assassinato não esclarecido. Fiquei empolgado com uma provável nova direção da trama, mas a alegria não durou muito, pois logo ficou claro que a autora não iria explorar esse lado sherlockiano com profundidade. Mas o erro foi meu ao ter tal expectativa, já que a proposta do livro é ser leve e juvenil. Aliás, os adolescentes vão se fartar com tantas situações legais do seu universo cotidiano mostradas no livro, como grandes paixões, brigas caseiras, aulas de violão, viagens, papos ansiosos sobre a primeira vez, shows, a primeira transa de um casal...
Em certo momento da história surge Vincent, o ex da Grace. Foi muito bem colocada a sua aparição, mas me irritou ver o personagem pintado como um principezinho encantado, coisa que venho notando ser bastante comum nos livros escritos por mulheres. Elas quase sempre inventam um personagem masculino idealizado (bonitão, alto, forte, charmoso, olhar penetrante, enfim, cheio de pinta), mostrando, na minha opinião, uma visão meio careta (essa palavra ainda está em uso ou é careta? rsrs) sobre relacionamentos. Mas tenho certeza que as meninas vão adorar!
No final, o perverso Sam – do time da falecida vampira Charlotte, lembram? – tenta se vingar de seus inimigos, ou seja, dos "amigos" do leitor. E tudo caminha para um final que eu realmente não esperava. Mas não dá para falar alguma coisa a respeito sem lançar um spoiler. Só o que posso dizer é que me surpreendeu. Foi, sei lá, poético e inspirado. Muito legal mesmo!
Bem, finalizo dizendo que vale a pena conferir a diferente saga vampírica da autora nacional Catalina Terrassa!
http://sergiocarmach.blogspot.com.br/2012/07/resenha-lua-escarlate-amargodoce.html