Igorclxt 27/01/2024
Amor, erotismo e dor: três temas em muitos outros.
"[...] Así mi corazón de noche y día,
preso en la cárcel del amor oscura
llora sin verte su melancolía."
García Lorca é, até onde eu me lembre, o primeiro poeta espanhol que leio. E espero que seja o primeiro de muitos. Este livro é uma junção de duas grandes obras de Lorca: Sonetos do amor obscuro, que trata-se de uma série de onze poemas amorosos, e Divã do Tamarit, que são poemas de amor, erotismo e dor, feitos em homenagem à Tamarit, um sítio do tio do poeta. A poesia lorquiana é repleta de simbologias e referências da cultura tradicional e popular do poeta, o que faz de seus poemas, conforme muitos dizem, "difíceis de ler e interpretar". De fato, são muitos os símbolos utilizados por Lorca de acordo com seus próprios gostos pelos elementos tradicionais, mas aos olhos do leitor atento, que não se contenta somente em ler, mas também em procurar saber, a poesia de Lorca é muito rica: não só pela qualidade dos poemas e dos versos, mas também pela capacidade do poeta utilizar diferentes símbolos centrais para expressar seus sentimentos. Símbolos estes que, vale a pena ressaltar, possuem muitos significados e ambiguidades, tornando o trabalho do leitor em algo curioso e o trabalho do artista em algo excêntrico. A ambiguidade em Lorca não está presente somente nos símbolos, mas também na linguagem utilizada pelo poeta, que transita entre o popular e o culto. A temática é pautada no amor, erotismo, vida, morte, dor e melancolia, que não nos faz ficar impressionados com o fato de que Lorca é considerado como um "Poeta Maldito", expressão criada pelo poeta francês Paul Verlaine e que abre brechas para muitas pesquisas científicas acerca das características do decadentismo finissecular presentes na obra poética de García Lorca.