Gabriela 07/01/2011Houve uma época que minha mãe comprava os livros de uma coleção de clássicos da literatura brasileira. Logicamente, Dom Casmurro estava entre eles, mas nunca ninguém teve o interesse de lê-lo, nem mesmo a própria dona. Somente quando meu irmão precisou lê-lo para fazer uma prova que nós desvendamos a história que atravessou o século. E todos se sentiram entediados. Não há dúvidas que a trama é excelente, com amarrações bem feitas, mas a narração... Tédio.
Tempos depois, a melhor amiga da minha mãe me emprestou Amor de Capitu, um livro que o filho dela - que regula idade comigo - precisou ler para o colégio, mas nunca demonstrara real interesse por ele. Quando eu li, já na capa, que era o romance de Machado de Assis, reescristo na terceira pessoa, a primeira coisa que imaginei é que teria algumas horas do mesmo tédio. Agora na visão de um narrador onisciente. Ledo engano.
A história flui tão mais fácil e tão mais rápido que a vontade é ler tudo de novo, quando se chega ao fim. Não entrarei no mérito da questão se a Capitu traiu ou não traiu o Bentinho, apesar desta versão possuir mais probabilidades para a suposta traição do que na original. Sem a visão parcial de Bento, tudo parece mais simples e claro.
Demorei meses para encontrar vontade de iniciar a leitura, mas assim que o fiz, eu terminei em algumas horas. Então se você é uma das milhares de pessoas que sequer chegou a metade de Dom Casmurro, leia Amor de Capitu e depois tente o livro do Machado de novo. Porque se você não conseguir apreciar a história em terceira pessoa, provavelmente detestará em primeira e ela é boa demais para se ignorar.