Karol 27/09/2011
Tandy Gourmet
Esse é um livro com uma longa história. E não estou falando da história do livro.
É uma longa história porque o coitado passou por uma odisseia para chegar às minhas mãos e como faz um tempo que eu não dou atenção constante pra esse blog, vou fazer um post um pouquinho mais longo e contar todo o rolo pra vocês!
Antes de começar há alguns personagens que vocês precisam conhecer:
André Vianco, o autor.
1 - André Vianco
É o autor do livro (é nada?!). Escreve alguns dos livros mais legais publicados no Brasil atualmente, sempre com uma pontinha de sobrenatural e usando lugares em que, pelo menos nós, os paulistas, passamos quase todos os dias.
2 - Andréia
É a assistente do André Vianco. Foi super gente boa comigo, mesmo eu não merecendo tanto assim.
3 - Maria do Carmo
Trabalha aqui em casa há uns 7, 8 anos. Sou totalmente dependente dela. É ela que sabe onde ficam as coisas que eu perco, que, quase sempre, limpa meu quarto e ajuda minha mãe a fazer a minha marmita.
Tandy, o Gourmet.
4 - Tandy
Meu chow chow. Tem 11 meses e é uma das coisas mais fofas do mundo todo. Ele é um gourmet: Adora comer coisas pitorescas. O seu paladar refinado inclui saborear, entre outras coisas, estofamentos de motos, revistas da Editora Abril e livros do André Vianco.
Pois é. Aconteceu o seguinte:
Na semana retrasada o Vianco postou no seu blog e divulgou no Twitter que haveria, aqui em SP, um evento para blogueiros em virtude do lançamento de seu novo livro, O Caso Laura. Eu, como leio seus livros há anos, fiquei super-ultra-hiper-mega-blaster-master animada e me inscrevi para participar.
Beleza. Deu uma semana a Andréia, a assistente, me mandou um e-mail falando que meu blog tinha sido selecionado para participar do evento e que ela ia me enviar o livro para ser resenhado. Quase chorei de emoção aqui no serviço. Poxa, meu blog não é tão visado mas tem seguidores legais, é arrumadinho e limpinho. Logo, seria um reconhecimento do "trampo" que eu dou falando dos livretos da vida por aqui.
Assim que ela me respondeu eu liguei pra Maria do Carmo e falei:
- Dú (apelido)! Vai chegar um livro ULTRA IMPORTANTE pra mim essa semana. E o Tandy NÃO PODE, de jeito nenhum, comê-lo. Dá uma olhadinha de vez em quando pra mim, por favor?
- Pode deixar.
Para mim estava fechado! O Livro ia chegar, eu ia ler e iria ao evento.
Massss... o livro não chegou. E eu fiquei em casa, quase em depressão, por perder o evento. Afinal, convenhamos, se era o evento pra falar do livro, não dava pra eu ir sem ter lido o livro, né? Nessas eu acabei não indo e nada do livro chegar.
Passou sábado, passou domingo, passou segunda.. Na terça-feira o bendito do livro chegou. E é aí que entra o Tandy na história. Adivinhem quem foi receber o carteiro? O Tandy. Adivinhem quem rasgou o embrulho do livro? O Tandy. Adivinhem quem salvou o livro? A Maria do Carmo. Ele se safou com apenas alguns arranhões e digitais mas, felizmente, está inteirinho e, vejam só, autografado! O primeiro livro autografado que eu ganho na vida! Haa! Emocionei!
Por tudo isso, antes de começar a falar do livro, dedico essa resenha à Maria do Carmo, que salvou meu livro novinho das garras do gourmet aqui de casa.
Agora, depois dessa introdução básica, vamos ao livro...
O Caso Laura é o 15º livro do André Vianco. Como eu já disse lá em cima, ele costuma escrever sobre coisas sobrenaturais no Brasil e eu acho isso máximo - só nos livros dele dá pra imaginas um vampiro no Anhangabaú! E dessa vez não podia ser diferente: o sobrenatural está lá. A citação do Jornal Nacional está lá. A cachaça está lá. Dessa vez não é exatamente uma cidade real que o Vianco usa, mas é no Brasil e isso já basta.
O livro conta a história de três pessoas: Laura, Marcel e Alan.
Laura é uma moça com tendências depressivas que está passando por grandes dificuldades. Marcel é um investigador particular contratado para investigar Laura e Alan é um policial justiçeiro que tromba com os dois em algumas passagens do livro.
A história é bastante emotiva e não tem como eu contar mais coisas sem estragar a surpresa (mesmo). Esse livro me lembrou algo como uma mistura de O Senhor da Chuva com A Casa, os dois do Vianco também. Ele, por mais que corra para o sobrenatural, tem um ponto de "auto-ajuda" muito forte, o que é algo que eu acho desnecessário, mas o livro flui bem. Também não há tantos personagens para a história se perder e todos os três são bem desenvolvidos. Há algumas informações que o Vianco dá no final da história que, creio eu, se tivessem sido passadas para o leitor no início fariam mais sentido, como o vício de fumar do Marcel, mas isso também não prejudica a narrativa.
A questão com O Caso Laura é que o livro tem tudo para ser ótimo, mas ainda não supera os grandes livros do Vianco que, para mim, são Os Sete e O Senhor da Chuva (ainda vou falar deles aqui no blog). A narrativa tem um ótimo suspense e algumas cenas chocantes mas ainda falta alguma coisa, não consigo imaginar o que - talvez os vampiros, vai saber.
Quando aos personagens eu perdi a paciência com a Laura logo no início. Claro que ela tem os motivos pra ser depressiva e tal mas pra mim ela simplesmente não rolou. Eu curti mesmo as partes do Marcel, que eram mais cheias de ação e mistério e, pra mim, ele é o verdadeiro protagonista. É ele que dá a liga da história, que cativa o leitor. Sua investigação maluca sobre a vida de Laura dá uns sustos legais e os personagens secundários nas partes dele são melhores também (afinal, a melhor amiga da Laura é tão mala quanto a própria Laura).
Em relação ao último co-protagonista, o Alan, ele também tem umas cenas muito legais. Mas eu não entendi até agora o que ele estava fazendo lá... Ou melhor, eu até entendi, mas não achei assim, aquela coisa necessária, sabe?
Para concluir, a parceria do Vianco com a Rocco é bem legal. Esse livro veio com uma qualidade estética e ortográfica bem superior aos anteriores, dá pra perceber que o livro foi revisado. E o livro é, sim, muito bom. Apesar dos detalhes acima, a história flui rápido e eu o li em apenas dois dias (são quase 300 páginas). É um livro pra ler naqueles dias em que a gente tá meio down, sabe? Por que dá a sensação de quem sempre há uma esperança de as coisas vão melhoras, que vai parar de chover, que a gripe vai passar, que "ele" vai voltar.. etc.
Recomendo muito pois são raros os livros nacionais escritos pro público entre 20 e 50 anos que valham a pena ser lidos (sorry clássicos, sorry infantis), mas é a realidade.
Vianco, com o Raphael Draccon e o Eduardo Spohr são raridades aqui no Brasil e é maravilhoso ver a nossa terrinha representada na literatura fantástica.
Semana que vem tem 1984, voltando ao Desafio Literário!
Até a próxima!