Como as crianças aprendem

Como as crianças aprendem John Holt




Resenhas - Como as crianças aprendem


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Peterson.Silva 15/03/2013

Um dos livros mais fantásticos que já li.
Esse livro é muito, muito, muito bom. Daqueles livros que transformam a perspectiva da gente - e acredito que ele tenha o potencial de fazer isso com a maioria de nós, já que a distribuição dos pecados abordados no livro é grande: desde de não ter muito empatia com crianças (guilty!) como ter uma mentalidade de ensino muito inculcada.

John Holt é como um Ivan Illich trabalhando numa escala micro e, sinceramente, apesar de Illich ser muito poderoso, Holt traz um ângulo e uma voz caristmáticos demais para não grudarem mais na memória. Como não conheço muito da Áustria, não sei muito o que posso dizer, mas há uma diferença perceptível de estilo - o estilo mild, pop-art, bem americano de Holt contra algo bem mais contundente, artístico, e erudito de Illich. Mas é, claro, uma disputa de cachorros grandes que eu faço por diversão e apenas porque admiro muito ambos; não há dicotomia, e há muito o que celebrar em termos de similaridades: tanto a erudição quanto a vontade de transmitir essa mensagem forte e urgente para o coração do leitor.

Mas voltando ao Holt: esse livro é realmente excelente e me fez procurar mais - a obra dele salta aos olhos com coisas muito interessantes. Essa perspectiva sobre crianças, sobre juventude, vai me deixar pensativo por um bom tempo. Vale notar que a maneira como as crianças são tratadas por sociedades tradicionais indígenas e também pela sociedade feudal japonesa (lembro do Bushido, em que é dito que um menino de 4 anos começa a treinar com uma katana menor, se não estou enganado) tem muita conexão com tudo isso. É realmente um eye-opener; em termos de conteúdo é completo sem ser enfadonho, diversificado sem se perder, enfim: equilibrado em todos os sentidos. Ajuda o fato de essa ser uma versão revisada, provocando um diálogo entre o mesmo escritor mais jovem e mais velho, um toque a mais de evolução e transformação que ajuda a compreender a ideia ainda mais.

O que ficou para fim no final foram questões que vejo como parcialmente resolvidas mais ao final do livro. A primeira foi se essa mesma forma de encarar o aprendizado poderia ser aplicado aos adultos; afinal, não faz sentido dizer que as crianças deveriam ficar longe das escolas mas que as universidades podem ficar como estão. A segunda, é como fica isso no ensino de línguas estrangeiras, um assunto não muito abordado no livro em termos de crianças quando elas passaram da fase de perceber o mundo como bebês. E a terceira, como afetar mudança numa escala micro quando se é professor. É impossível, como professor --- mas também como ser humano, o que me deixou realmente perplexo e um com um momento de quase epifania no capítulo 3 --- não se sentir compelido imediatamente a largar tudo pro alto e começar do zero. Mas não dá pra fazer isso, e um dia depois de ler tudo aquilo você se encontra em sala de aula com crianças (à bem da verdade crescidas, mas ainda assim muitas em idades abordadas no livro, idades de começo de ensino fundamental). O que fazer? O que é possível transplantar pra dentro de sala de aula sem sacrificar as obrigações que você foi pago para levar adiante? Como misturar as duas coisas, como infundir com essa nova visão uma realidade que pode se tornar estúpida depois de ler algumas páginas desse livro?

Ou será que não é estúpida? Volto à pergunta sobre os adultos. Um adulto, ao aprender uma língua estrangeira, precisa passar por muitas das coisas que o livro discute em crianças aprendendo a falar, mas com o adicional de que eles são muito apegados à clareza com a qual a língua nativa se apresenta a eles e com a lógica formal de que esperam soluções para inseguranças linguísticas. Qual é o approach certo? Que eles aprendam a falar como as crianças aprenderam? Que não devemos corrigi-los? Somos pagos para corrigi-los, mas então somos pagos para estragá-los e constrangê-los? Ou justamente porque os adultos são adultos e (supostamente) lidam melhor com correções é que podemos fazê-los e esquecer um pouco o método que-na-verdade-é-falta-de-método e partir para o ensino estruturado? Intriguing.
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null 14/11/2020

Para amar crianças
Um livro para quem ama crianças e gosta de aprendizagem. Mas especialmente um livro para quem tem urgência de aprender a amar crianças.

Eu descobri que nossa sociedade na verdade não as ama. E isso é um problema a ser combatido com amor e sem escolas!
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