Evelyn Soares 20/08/2020O livro conseguiu despertar em mim uma raiva que eu dificilmente sinto durante leituras, então pra mim isso significa que ele é bem escrito. No entanto, não gostei da estória em si e nem do seu desenrolar.
O Nick é um lixo. Não importa se ele é um bom profissional ou se tem as qualidades que a autora tenta usar pra defini-lo. Pra mim, qualquer pessoa que põe em risco o bem-estar da própria família pra satisfazer os próprios desejos é um lixo. O cara não dá o mínimo valor pra esposa ou pros filhos, larga os filhos com a esposa em uma data comemorativa pra poder ficar com amante e o filho dela, deixa os próprios filhos com a babá pra poder passar mais tempo com a amante, tenta o tempo todo desacreditar a esposa dizendo que ela está “procurando problemas”, como se o problema não fosse o fato dele ser um péssimo marido e pai. É o típico embuste que tenta desvalorizar as preocupações da mulher dizendo que ela está louca, quando na verdade ela tem razão.
A Valerie é uma coitada, mas isso não me fez sentir menos raiva dela. Entendo tudo pelo que ela passou, que estava fragilizada e tudo mais, mas ela fez uma escolha consciente de se relacionar com um homem que ela sabia ser casado. Depois de ela mesma ter sido traída e abandonada pra cuidar do filho sozinha, é no mínimo questionável que ela estivesse tão disposta a se colocar no papel de amante apesar dos conselhos do James e da situação fragilizada do Charlie.
A Tessa foi a única personagem por quem eu consegui sentir empatia (além do Charlie, é claro). Apesar da incerteza sobre as próprias escolhas de vida, ela se esforçava pra ser uma boa esposa, uma boa mãe e uma boa amiga. Talvez por isso minha frustração com o final tenha sido tão grande. Se o livro vai ter adultério, o mínimo que eu espero é que o traidor se dê mal como ele merece por ser o lixo que ele é, e que a esposa tenha uma guinada na vida depois de perder o peso morto.
Acredito que o problema é que a estória é real demais e assim com a realidade, dá raiva e não termina como eu gostaria, sendo que pelo menos durante leituras, eu gosto de me iludir e acreditar que a vida é justa.