Sodoma e Gomorra

Sodoma e Gomorra Marcel Proust




Resenhas - Sodoma e Gomorra


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Daniel 15/06/2013

"Esse sentimento de brevidade de todas as coisas”...
... “que faz com que se queira que cada tiro acerte no alvo e torna tão comovente o espetáculo de todo amor."


Cheguei ao quarto volume de “Em Busca do tempo Perdido”.
Ultrapassei mais da metade da monumental obra prima de Marcel Proust. Muito já foi escrito e discutido sobre ela - “cair num maremoto” (Truman Capote) , “se perder numa floresta mágica” (André Gide), etc. Mas só mesmo quem se aventura nesta páginas entende a dimensão e a grandiosidade do trabalho de Proust.
Exige disposição? Muita.
Concentração? Absoluta.
Não é livro para ler, por exemplo, no tumulto de um aeroporto enquanto se espera um avião.
Não é nada fácil se deixar encantar por tantas páginas,
há muitos percalços: frases tão looooongas...
As vírgulas vão se sucedendo uma atrás da outra, o leitor as vezes precisa tomar fôlego para prosseguir;
não há capítulos dividindo o texto (há partes, poucas, três em 600 páginas), assim como há poucos parágrafos;
um narrador que divaga sobre tudo e o tempo todo;
tantos e tantos personagens que passam a maior parte do tempo dialogando e dizendo mais nas entrelinhas que diretamente.

Mas tem uma hora que o texto “bate”, feito uma droga: de repente você se encanta de tal maneira com o que está lendo que não tem vontade de parar, nem tem vontade de ler qualquer outra coisa.
Proust consegue, como nenhum outro escritor que eu já li, tocar sua memória afetiva, despertar suas recordações, mexer com sentimentos comuns a todo ser humano. O leitor tem a sensação de ter passado sua infância em Balbec, de ter tomado chá com sua avó, de ter se apaixonado por uma das raparigas em flor, ter se mortificado de insegurança e ciúmes, e assim por diante.


Estas novas edições da Editora Globo são muito bem cuidadas, com prefácio, posfácio e um resumo no final de cada livro que ajuda muito o leitor a não se perder e localizar com mais facilidade trechos já lidos.
Infelizmente houve algum problema com o resumo deste volume em particular, “Sodoma e Gomorra”: as páginas não correspondem ao texto (eu mesmo fiz as correções na minha edição).

Na página da wikipedia sobre “Em Busca do Tempo Perdido” há uma relação dos personagens da saga que ajuda bastante a lembrar quem é quem em meio a tanta nobreza e não confundir, por exemplo, que há uma Duquesa de Guermantes e que há a Princesa de Guermantes, assim como o grau de parentesco entre tanta gente. Personagens que apareceram nos volumes anteriores voltam a aparecer, e quem você achava que não tinha importância nenhuma na história vai mostrar a que veio.


Agora é dar um tempo com outras leituras, melhorar da "ressaca proustiana" para continuar com os três volumes que faltam.
Parece perda de tempo ler outra coisa, mas só mesmo comparando leituras a gente aprende que:
Há livros e há LITERATURA.

Arsenio Meira 15/06/2013minha estante
Excelente texto, Daniel. Preciso retomar Proust urgente. Não tarda!


Flávio 25/01/2014minha estante
Se Proust existe, sempre haverá um Deus soberano e complacente diante dos céticos.


Daniel 18/03/2015minha estante
A wikipedia deletou minha lista, rs.... Postei a mesma listagem de personagens principais e como uma resenha para o primeiro volume, "No Caminho de Swann". A intenção é ajudar os leitores não se perderem em meio a tantos personagens.




Aguinaldo 12/07/2011

sodoma e gomorra
Publicado originalmente em duas partes, em 1921 e 1922, ¨Sodoma e Gomorra¨ é o quarto dos volumes do ciclo "Em busca do tempo perdido", de Marcel Proust. Entre cada um dos três volumes anteriores ["No caminho de Swann", "À sombra das raparigas em flor", "O caminho de Guermantes"] observamos um lapso temporal considerável, que correspondem a diferentes estágios da vida do narrador. Já de "O caminho de Guermantes" a "Sodoma e Gomorra" observamos uma continuidade na narrativa. Há trechos que antecipam e/ou fazem retrospectiva de acontecimentos distribuidos nos dois volumes. A transição não é temporal, mas antes na forma de entendimento das coisas do mundo. Este volume tem duas partes, bem diferentes em extensão. Na primeira parte, de umas cinquenta páginas poderosas, o narrador da história descreve sua descoberta da homossexualidade no barão de Charlus. Proust retoma os instantes imediatamente anteriores a seu encontro com Swann, o duque e a duquesa de Guermantes (a adorável sessão dos "sapatos vermelhos da duquesa"). Usando uma série de metáforas botânicas e entomológicas ele descreve como Charlus e Jupien se atraem, fazem a corte e seduzem um ao outro. O narrador entende, retrospectivamente, as atribulações pelas quais passou em todos os encontros que teve com o barão. A segunda parte de "Sodoma e Gomorra" é bem mais extensa, dez ou onze vezes maior que a primeira. Acompanhamos como o narrador alcança o ápice de sua vida mundana, ao ser recebido com reverência no círculo íntimo de relações dos aristocráticos Guermantes. Depois ele decide passar novamente suas férias de verão na região costeira de Balbec. Ali o narrador retoma seus encontros com a burguesia ascendente representada pelos Verdurin. Estes dois mundos (antes os habitantes destes dois mundos) irão estabelecer relações progressivamente mais complexas e reveladoras, tanto de suas virtudes e valores, quanto de suas limitações e defeitos. O tema principal deste volume é o comportamento sexual (notadamente o comportamento homossexual) de homens e mulheres, mas Proust também reflete com exuberância sobre o judaísmo e a política de seu tempo. De certa maneira o caso Dreyfus (um complicado problema que dividiu a sociedade francesa do final do século XIX e início do século XX, envolvendo militarismo, espionagem, política e xenofobismo) serve metaforicamente aos propósitos de Proust de descrever como os indivíduos se relacionam e se comportam em sociedade. O narrador também reencontra Albertine. Seu envolvimento com ela passa por várias metamorfoses, por ciúme e paixão, mas justamente quando ele decide dela se separar descobre que não pode viver sem ela (a paixão é destruidora). Os personagens que Proust cria são críveis, mutáveis e impressionantes, cada um a sua maneira. Nenhum personagem é absolutamente bom ou mau, esquemático ou plano. Apesar da violência com que somos apresentados ao que há de pior no comportamento humano (este deve ser um dos livros menos condescendentes com a espécie humana que já li) depreendemos que até isso é irrelevante, o ser humano é mesmo uma besta capaz dos crimes mais hediondos, das desculpas morais mais canhestras. A nenhum leitor é dada a ventura (ou escusa) de permanecer ingênuo após ler todo o ciclo. O julgamento moral que experimentamos tem a nós mesmos como juiz, jurí, promotor, carcereiro e carrasco. As passagens mais torpes ainda estão por vir, nos três volumes restantes do ciclo. Como já registrei em outras resenhas esta reedição da Globo da tradução original é cheia de mimos para o leitor (prefácio, resumo, caudalosas notas, posfácio), mas nota-se que desta vez o trabalho foi feito sem apuro ou revisão adequada. A paginação do resumo está totalmente errada, o que o torna inútil. Talvez seja a constatação de erros como este (há vários outros, de grafia, menos importantes, mas que poderiam ser evitados) que tenha feito a editora globo interromper a seqüência da reedição. Paciência. Vou reler meus volumes antigos. Ainda há tempo de sobra neste ano. [início 01/05/2011 - fim 11/07/2011]
"O caminho de Guermantes: Sodoma e Gomorra (vol.4)", Marcel Proust, tradução de Mário Quintana, São Paulo: editora Globo, 3a. edição, revista (2008), brochura 16x23 cm, 637 págs. ISBN: 978-85-250-4228-6 [edição original: Sodome et Gomorrhe (éditions Gallimard), 1919-1922]
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Valério 08/10/2014

Sexualidade
Arrisco dizer que a obra "Em busca do tempo perdido" é o que de melhor li em toda a minha vida.
Mesmo levando-se em consideração já ter lido grandes livros da humanidade, como Guerra e Paz (Tolstói), Crime e Castigo (Dostoiévski), Cem Anos de Solidão (Gabriel García Marquez), Os Miseráveis (Victor Hugo), e Ulysses (James Joyce) entre outros.
A profunda análise psicológica dos personagens foge muito ao padrão. Quem mais se aproxima e Tolstói, mas de forma diversa, abordando mais a filosofia moral e religiosa.
Neste volume, a sexualidade torna-se protagonista.
Proust aprofunda seu relacionamento com Albertine.
E, ao mesmo tempo, observa em pessoas de seu convívio relacionamentos diversos, especialmente tendências homossexuais que o surpreendem e o deixam consternado.
Os homossexuais são chamados de "invertidos", entre outros termos.
O sofrimento de amantes e apaixonados é detalhadamente debulhado por Proust em todas as agruras de seres que se perdem no meio de sua idolatria por um ser, transtornando-se.
Sempre como pano de fundo análise de Proust extremamente aprofundada do pensamento e lógica humanos. Proust vê como ninguém a compreensão de nós mesmos. E coloca em palavras, magistralmente, tudo que podemos até saber, mas que nunca fomos capazes de externar. Sensacional. Uma obra fantástica, com uma profundidade que nunca vi antes.
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Cello 25/07/2020

Meu volume preferido
Até o momento, foi o volume que mais apreciei, seja por abordar o homossexualismo, ou seja meu amadurecimento como leitor. Finalmente comecei a aproveitar esta viagem.
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gabrieus 25/08/2023

Amor, ciúmes e sexualidade
Neste quarto volume, o marginal e o excêntrico invadem as páginas de "Em Busca do Tempo Perdido", preenchidas até então pela aristocracia, para nos levar a uma reflexão sobre o amor, o ciúme e a sexualidade. É a concretização da ascensão social do narrador. Nos volumes anteriores, ele sonhava em respirar o mesmo ar que a Duquesa de Guermantes e ver que maravilhas ela abrigava em seu salão; neste, é convidado incessantemente a se juntar a todos os salões da alta sociedade. No entanto, o hábito nesses salões e a compreensão do que ali havia não fizeram mais do que desvanecer suas ilusões. Nesse quarto volume, a comédia social de Proust atinge seus níveis mais cômicos, especialmente na volatilidade da posição social de acordo com seu posicionamento no caso Dreyfus (que virou uma escada para indivíduos alavancarem socialmente, sem dar a mínima para o destino do judeu).
Na primeira parte do volume, o narrador, em um dos trechos mais belos de toda a obra, discorre sobre os homossexuais (ou os invertidos, como ele se refere). É o momento mais íntimo de Proust sobre o tema até então, sendo que seu protagonista é heterossexual. Mais à frente, o tema da homossexualidade volta, mas dessa vez para inundar seu amor intermitente por Albertine, num ciúme comparável ao de Swann por Odette e ao de Robert por Raquel.
Nessas intermitências do coração do narrador, ora apaixonado (se é paixão, e não meramente ciúmes), ora indiferente a Albertine, acompanhamo-lo nas páginas finais onde, numa reviravolta catalisada pelo ciúme por Albertine, quando esta lhe falou que iria passar uns dias com a amiga da filha do compositor Vinteuil - sabidamente lésbica, o narrador volta atrás e muda bruscamente os planos que tinha para o futuro do relacionamento dos dois.
"Sodoma e Gomorra" é um livro envolvente (dos volumes, foi o que terminei mais rápido, mesmo sendo um dos maiores) e com discussões profundas, trazendo à tona relações complexas e com nuances sutis. Proust pincela entre os episódios desse texto denso momentos cômicos para aliviar a tensão do leitor.
Outra observação que eu queria fazer é que terminei o romance sem saber se o narrador transou com a Albertine ou não, kkkkk. Só o Proust para ter a elegância de ser discreto até na hora de descrever os momentos de sacanagem.

Por fim, só gostaria de pontuar o quanto esse livro tem me ajudado. Consigo olhar para coisas do meu dia a dia, coisas que antes não enxergava, e dá-las sua devida importância e retirar dessas coisas algum prazer. Identifico-me muito com o narrador, e isso nem sempre é bom, mas me fornece uma perspectiva que eu não tinha parado para pensar antes nos meus próprios devaneios.
Bom, é só isso. Recomendo muito!
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Olgashion 14/06/2021

Esse foi um dos melhores volumes do tempo perdido. Digo, em busca do tempo perdido. Agora Marcel, que me lembra muito Bentinho do Machado, está na eterna dúvida fico ou não fico com Albertine. Enquanto isso ele se depara com uma novidade, descobrir que o Sr. De Charlus na verdade é homorromantico.
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Roberta.Barbosa 08/08/2022

Foi o volume que menos gostei, poderia se chamar no caminho de Charlus e as partes sobre ele são interessantes mas o problema é o narrador , o estilo de vida dele e a maneira como ele interage com Albertine.
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Paula.Juca 12/01/2023

Continua sendo um deleite
Ler Em busca do tempo perdido é realmente se perder no tempo. Proust nos leva a revisitar lugares e através desses lugares revisitar memórias... Por vezes é uma leitura lenta e descritiva demais são tantos personagens que muitas vezes até nos confunde, mas há umas reflexões tão lindas e profundas que já vale por todo o empenho da leitura que muitas vezes não é fácil.
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Marcus 10/02/2017

Sodoma e Gomorra
Sexo passa a ser mais presente na vida do narrador de "Em busca do tempo perdido", e ocupa boa parte do desenvolvimento desse quarto volume da extensa obra de Marcel Proust. E o título "Sodoma e Gomorra" é mais do que uma mera sugestão do conteúdo da narrativa, uma vez que o homossexualismo incorpora-se às preocupações sociais e existenciais do jovem protagonista, alter-ego do autor.

Mais uma vez, Proust divide a narrativa entre os salões aristocráticos de Paris e os cenários bucólicos da cidade litorânea de Balbec. O autor transmite fascínio pelas relações entre os nobres, mas não deixa de destilar uma mordacidade por vezes nada sutil para com as intrigas temperadas com altas doses de esnobismo.

Em um ato de extrema indiscrição, o herói constata o homossexualismo de um integrante da alta sociedade. Mas o tema vai afetá-lo visceralmente quando passa a suspeitar das tendências homossexuais de Albertine, com quem mantém uma amizade que resvala para o romance e permite cogitar um casamento.

Em um dos trechos mais tocantes da obra, o personagem extravasa o doloroso sofrimento pela perda da avó, fortemente associada ao cenário e rotina da cidade litorânea para onde costuma viajar com o propósito de cuidar da saúde frágil. É para essa região também que se desloca praticamente toda a corte de nobres e pretendentes à nobreza, com toda a rede de intrigas de quem está qualificado a frequentar os salões.

"Sodoma e Gomorra" também contempla o caso Dreyfuss, que dividiu a opinião pública na França e mesmo em outras partes do mundo - inclusive o Brasil - no debate sobre se um oficial do exército, de ascendência judaica, teria ou não cometido traição. Igreja, militares e direita de um lado, políticos progressistas, intelectuais - incluindo Proust e Émile Zola - de outro, promoveram uma polêmica que se arrastou por anos, até o oficial acusado ser "perdoado". A inocência de Dreyfus seria reconhecida apenas um século depois dos fatos, em 1995.

Nessa obra extensa - são mais de 600 páginas - Proust destila muita ironia e humor em seu texto rebuscado. Exemplos são a descrição de um prostíbulo de luxo que lembra um pregão de bolsa de valores ou situações como o empenho do gerente do hotel em trinchar pessoalmente um peru para agradar famílias ilustres.

Retrato da sociedade na virada do século 19 para o século 20, o autor relata situações que ressaltam o papel servil das mulheres e as atitudes machistas dos personagens masculinos.

site: blogbeatnik.blogspot.com
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Marcio 29/07/2021

CONTORCIONISMOS DO EU
"Na realidade, sua natureza era de fato como um papel no qual se fizeram tantas dobras, em todos os sentidos, que é impossível desemaranhar qualquer coisa."

Essa sitação é o resumo do que podemos esperar desse livro.
Ao longo dos outros 3 volumes Proust apresenta de forma detalhada e exasutiva seus personagens, entrevendo para o leitor alguns traços que não ficam claros.
Neste volume as máscaras caem (pelo menos para o leitor) e ficamos sabendo do que acontece por trás da cortina do palco, nos bastidores.
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danizinha 09/01/2015

o melhor ate agora.
estou seguindo essa leitura dos sete volumes e confesso, me deixou um pouco cansada, porém é um autor que tem mil e uma qualidades, e deve ser lido com calma e persistência afinal são sete livros mas faço uma ressalva a este volume porque vale a pena ler até aqui, esse em especial já está mais leve e direto poupando os tantos detalhes dos outros tres volumes, e inclusive a história está deixando curiosidades vale a pena ler ;
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Pateta 26/05/2017

NUNCA É TEMPO PERDIDO
Proust está naquela categoria "acima do bem e do mal". Podemos amar ou odiar sua obra sem que isso modifique um milímetro de sua relevância para a arte literária de todos os tempos.
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Biblioteca Álvaro Guerra 01/06/2019

Proust convencionou, nos sete volumes de Em busca do tempo perdido, que a homossexualidade masculina pertenceria a Sodoma, e a feminina, a Gomorra, batizando seu quarto volume como Sodoma e Gomorra, numa simbologia que a alguns pareceu óbvia e bíblica demais.

Sinopse de: http://rascunho.com.br/alucinacao-irremediavel/

Livro disponível para empréstimo nas Bibliotecas Municipais de São Paulo. De graça!

site: http://bibliotecacircula.prefeitura.sp.gov.br/
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Bruna Peixoto 17/03/2022

Até agora foi o que mais gostei. O próprio nome do livro já é interessante, e já entrega o que vai ser abordado, já que é uma alusão às cidades destruídas por Deus como castigo.
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