- J. 27/02/2012Ray Bradbury dispensa apresentações, então nem vou botar um títuloEm um mundo futurista em que os livros são proibidos, as ciências humanas quase não existem e o governo sutilmente controla o país com mão de ferro, os bombeiros agora não trabalham mais para apagar incêndios, mas sim para começá-los, e sua importante tarefa é livrar a sociedade do mal trazido pelos livros.
O bombeiro Guy Montag é um homem simples. Ele se contenta com coisas como o cheiro de querosene, os vários aparelhos de tv e a visão das chamas consumindo páginas e mais páginas. Até que sua vida sofre uma mudança drástica com a chegada de uma garota que lhe mostra o mundo como ele nunca viu antes, um mundo em que as coisas que importam não precisam ser destrutivas, e que não se precisa viver contentado quando pode-se viver feliz.
Ray Bradbury constrói belamente um mundo terrível, traçando um paralelo perfeito em uma sociedade que, ao mesmo tempo imaginária e futurista, com diferenças que nos mantém tranquilos pensando "ufa, que bom que esse não é o meu país!" ao mesmo tempo contém semelhanças tão assustadoras com o mundo em que vivemos que é impossível não se sentir incomodado e pensar que, talvez, esse seja mesmo o lugar em que você vive, e que essas pessoas, tão estranhas, sejam exatamente como você.
Guy, nosso protagonista, percebe isso, e seu trabalho se torna cada vez mais insuportável. Com descrições belas que, mesmo que longas, jamais se tornam enfadonhas, o autor nos carrega através de sua mente mostrando a tortura de um homem em conflito entre tudo o que ele sempre acreditou ser verdade e o que ele passou a ver como verdade.