Tainá 23/03/2012
Ética para Meu Filho - Fernando Savater
O livro é dirigido para adolescentes, e em especial o próprio filho do autor.
O assunto principal é esclarecer o que seria a ética, e ao longo dos capítulos são tratados assuntos que estão englobados nesse conceito, que nós vemos que muitas pessoas não entendem, ou não estão interessadas em saber ou quando acham que sabem, estão muitas vezes equivocados.
No prólogo, o autor já esclarece ser um pai bem “antenado” no que diz respeito ao que nós, filhos em geral, achamos dos nossos pais e nos incentiva em continuar a leitura que indica ser leve e bem humorada.
No primeiro capítulo que se chama “O que é a ética?”, ele nos diz que certas coisas nos convém e outras não, o bom e o mau, o que nos faz bem, mas também pode nos fazer mal. Um trecho que ele cita: “ Como afirmei antes, há coisas boas e más para a saúde: é necessário saber o que devemos comer, ou que o fogo ás vezes aquece e outras vezes queima, ou ainda que a água pode matar a sede e também nos afogar.” ( pág. 21)
E para continuar com a explicação ele dá exemplos de alguns animais que instintivamente sabem o que é bom ou mau, e não tem vontade própria no sentido de poder escolher o seu futuro; que é bem diferente do ser humano, que pode sempre fazer suas escolhas. E assim ele chega no conceito de liberdade e diz: “... dois esclarecimentos a respeito da liberdade:
Primeiro: Não somos livres para escolher o que nos acontece” e “Segundo: Sermos livres para tentar algo não significa consegui-lo infalivelmente.” ( pág. 28, 29)
A ética é o saber viver dos humanos, o que o autor explica mais detalhadamente no capítulos que se seguem.
Uma frase que resume o que o autor escreve sobre costumes, ordens e caprichos é : “ Mas nunca uma ação é boa só por ser uma ordem, um costume ou um capricho.” ( pág. 55 )
Ele também incentiva muito o filho dele, que acaba se tornando todos nós, a questionar a própria liberdade, e não apenas seguir os outros por mais bons, respeitáveis que eles sejam; e que devemos viver a nossa vida bem, e não apenas passar o tempo que nós temos de vida.
Tem um capítulo que o autor dá uma ordem que é “Faça o que quiser”, mas logo explica que fazer o que quiser, não é fazer a primeira coisa que nós dá vontade.
No capítulo 6, gosto muito do que o autor escreveu: “Sabe qual é a única obrigação que temos nessa vida? Não sermos imbecis.” ( pág.97)
Quando está explicando sobre a imbecilidade, ele cita alguns modelos de pessoas assim, e o que mais pude notar em comum de quando observo as pessoas ao meu redor, principalmente na escola é o exemplo em que diz: “ O que não sabe o que quer e nem se dá ao trabalho de averiguar. Imita os quereres de seus vizinhos ou opõe-se a eles sem razão, tudo o que ele faz é ditado pela opinião da maioria dos que o cercam: é conformista sem reflexão ou rebelde sem causa." ( pág. 98 )
Em uma certa parte do livro, se me recordo bem é no capítulo 7, que o autor trata dos seres humanos que chamamos de “maus” que são as pessoas que na maioria das vezes são infelizes consigo mesmas, e na verdade o que procuram é atenção, e carinhos dos outros a sua volta, e muita vezes nós, que somos as pessoas “boas” são as responsáveis por esse comportamento e as atrocidades que eles cometem, muitas vezes porque não aceitamos eles nos nossos grupos, na nossa tribo como iguais. Trecho importante sobre:
“... há muitas pessoas que, para estarem contentes, precisam não tomar conhecimento dos sofrimentos que abundam á sua volta, de alguns dos quais são cúmplices.”
Mais ao final do livro o autor trata da moral e da imoralidade, e como os conceitos são confundidos pelas pessoas.
O livro em si, é muito bom e trata de assuntos que muitas vezes não damos muita atenção, e achamos que são apenas palavras que usamos de vez em quando; não nos aprofundamos em seus conceitos e muitas vezes não sabemos usá-las, e com isso o verdadeiro significado vai se perdendo ao passar dos anos ao mesmo tempo a ignorância das pessoas em nossa sociedade aumenta.
Como já disse, no começo a leitura dá a impressão de ser bem leve, mas ao passar das páginas, vamos constatando que não é bem assim; a cada página que viramos, a leitura vai ficando mais pesada e cansativa. Não estou criticando negativamente o autor, porque na verdade, o assunto que ele escreve, ou os assuntos, são bem complexos e para muitos, difíceis de explicar e de fazer os outros entenderem. Mas uma coisa que talvez o autor pudesse melhorar, é a objetividade dos assuntos que aborda. Ele em alguns momentos se prendeu muito aos exemplos que citava. Por exemplo, ele começa o capítulo e tal e dá um exemplo explicando um conceito; depois, quando vai explicar outro conceito que pode ser totalmente diferente do primeiro usa o mesmo, e isso pode ter confundido algumas pessoas que leram.
Mas os assuntos que ele trata são do nosso cotidiano e de todo uma vida. Assuntos esses que devemos nos importar e compreender para vivermos bem,e em sociedade; entendendo e também questionando o porquê das regras, e respeitando os costumes de cada pessoa.
Despedida do livro e minha
"Adeus, amigo leitor; tente não ocupar sua vida em odiar e ter medo." (Stendhal, Lucien Leuwen)