Marlo R. R. López 21/02/2010Divertido, mas inverossímelNão sei o que escrever nesta resenha essa é a verdade. Se por um lado o livro prendeu a minha atenção o tempo todo (ou pelo menos durante uma grande parte do tempo que usei para lê-lo), por outro lado eu constatei uma série de defeitos técnicos que, a meu ver, colocam a obra em um nível abaixo do normal.
Vou falar primeiro dos pontos positivos do livro.
'O Silêncio da Chuva' não é um romance policial que segue o roteiro dos outros milhões de livros do mesmo gênero, em que temos tudo sempre bem definido: o detetive empenhado no caso e ludibriado pelas testemunhas; os intermináveis interrogatórios que parecem não acabar nunca e não levam a nada; a narrativa desprovida de humanismo e que só discorre sobre o básico, não desperdiçando nada em palavras; e, depois disso tudo, a grande revelação do sujeito obscuro que jamais seria taxado de assassino.
No romance de Garcia-Roza, não temos nada disso, pelo menos não em larga medida. Os personagens parecem ter mais vida do que os personagens dos romances policiais convencionais, a trama não é inteiramente voltada para um caso principal e isolado, o detetive não é o mais inteligente do mundo e a narrativa se usa de técnicas e palavras que fogem às técnicas e palavras usadas convencionalmente em romances noir. Em se tratando de originalidade, pode-se dizer que O Silêncio da Chuva ganha pontos.
Depois que a Primeira Parte (relativamente enfadonha) é lida e chegamos à Segunda Parte, não paramos mais de ler o livro. Isso é fato. Findo o romance, fazemos o balanço da leitura e chegamos à conclusão de que valeu a pena lê-lo.
No entanto (agora vêm os pontos negativos)
Analisando a obra sob um ponto de vista técnico (o que não deixa de ser necessário), encontramos vários defeitos bobos que nos mostram que o livro foi escrito por um iniciante. Um deles é o defeito de o narrador (em 3ª pessoa) não manter um padrão no modo como narra a história. Em determinados momentos, usa-se de certas palavras e expressões, e, em outros momentos, usa-se de palavras e expressões completamente opostos, como se Garcia-Roza escrevesse seu livro de acordo com o humor com que acordasse de manhã.
Sei quando essa variação no modo de narrar é fruto de um trabalho bem feito e previamente pensado, o que não é o caso do livro em questão. E esse defeito mostra-se mais pungente ainda nas palavras que o autor usa no final do livro, que, por razões óbvias, não vou comentar aqui, muito embora gostaria de fazê-lo.
Bem, mesmo assim mesmo depois de citar esses defeitos digo que 'O Silêncio da Chuva' é um entretenimento normal e que salvou o tédio do meu feriado passado em casa.
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Resenha completa em: www.artigosefemeros.blogspot.com