Manuela 10/03/2014Sobre silêncios.Fato é que agora concordo, existem boas coisas em meio ao suspense. Depois de um clássico (Agatha Christie), um vendedor de livros (Harlan Coben), corri para um literato brasileiro - por quê não?
E foi o melhor. Sem dúvida.
Garcia-roza conta a estória de um crime, sob a perspectiva, quase majoritamente, do Inspetor Espinosa, policial encarregado do caso que rodeia a trama: a morte de um executivo, com um único tiro, ao volante de seu carro. Não há vestígios do crime, além do próprio tiro, apesar de nós, leitores, sabermos, desde o primeiro instante se tratar de um suicidio.
É interessante o desenrolar da estória e, mais!, a construção de possibilidades que passeiam pelo imaginário do inspetor na busca não apenas de um culpado, como também, em saber como os fatos se sucederam. Mas Ricardo, o executivo, acaba não sendo o último corpo que compõe a trama, e o enredo apenas se complica no decorrer das suas linhas.
Vi que Garcia-roza é formado em filosofia e psicologia o que parece tornar o texto dele ainda mais interessante. Fiquei com a sensação de que todos os personagens tinham certa vida - mais do que apresentar características externas, o autor trabalhava com os meandros de suas mentes o que nos permitia um olhar muito mais inteiro sobre cada um deles.
O final, acredito, é como todo bom livro de suspense deve ser - algumas perguntas possuem respostas, outros desfechos são deixados ao vento. Ou são escorridos pela chuva, silenciosa.