Psychobooks 17/09/2013
- Premissa do livro | Conhecendo o plano de fundo
Antes de dar início à resenha, vou contar pra vocês uma curiosidade do Conelly: O personagem "John 'Jack' McEvoy" que protagoniza essa série, teve seu primeiro livro lançado em 1996 (O Poeta). Em 2009 foi lançado um novo livro tendo ele mais uma vez como personagem principal (O Espantalho - esse que vou falar pra vocês hoje), mas no universo do autor ele fez duas outras aparições, uma em um livro da série do detetive Harry Bosch e outra na série do advogado Mickey Haller.
Connelly tem essa característica em seus livros. Seus personagens se encontram constantemente nas tramas o que nos possibilita revisitar velhos amigos de outros enredos. Mas não se preocupem, de forma alguma essa característica atrapalha o bom entendimento da narrativa! McEvoy já protagonizou um livro, comenta a sua história em "O Espantalho", mas ela não interfere de forma alguma na trama atual. O livro corre com começo, meio e fim. Mas atenção: para quem ainda não leu o primeiro livro que "McEvoy" apareceu (O Poeta), há spoilers sobre o que acontece.
Em "O Espantalho", Jack McEvoy já solucionou o caso de "O Poeta" há dez anos. Sua carreira como repórter do "L.A. Times" está em declínio. Seu salário inflado o torna alvo do "downsizing" (o famoso "passaralho" aqui no Brasil). Ele então se vê sem emprego, sem rumo e ainda com a tarefa de treinar durante duas semanas sua substituta na coluna criminal do jornal. A bela recém-formada Angela Cook.
Jack resolve que nessas duas semanas deixará sua marca de uma vez por todas no jornal, e seguindo seus instintos, começa a acompanhar a história de Alonzo Winslow, um garoto de 16 anos que foi preso por estupro e assassinato de uma mulher.
- Desenrolar da narrativa
Desde o início, Connelly já trata de apresentar seu estilo de narrativa e a forma que amarra sua história.
Seu enredo corre numa crescente de acontecimentos, onde toda ação do personagem tem um motivo de ser e os mínimos detalhes são apresentados de forma a ter algum impacto mais à frente na história. Sério, gente, até mesmo uma pesquisa realizada ou não pela internet tem sua razão de ser.
A narrativa corre em duas frentes, e nela já é possível perceber a escolha do autor e a forma que deseja nos apresentar seus personagens. São dois PoVs, o primeiro que conhecemos é Carver, um especialista em segurança de rede que trabalha em uma empresa especializada em segurar e armazenar os dados de seus clientes. A visão de Carver é apresentada em terceira pessoa, com o autor já distanciando sentimentalmente o leitor.
Na segunda frente conhecemos McEvoy, o jornalista do L.A. Times que está vendo sua vida desmoronar. Sua narrativa é em primeira pessoa, o que aproxima o leitor sentimentalmente.
Durante o enredo temos a razão de Carver predominando e suas frias ações e em contraponto a emoção e o instinto de McEvoy o levando de encontro ao assassino do porta-malas.
A forma como o autor vai amarrando essas duas frentes do livro até a rota de colisão é maravilhosa! Connelly consegue costurar perfeitamente o enredo, enquanto nos mantém completamente imersos no que está acontecendo e nas possibilidades apresentadas.
- Ação, ação AND mais AÇÃO!
A narrativa começa tímida. As primeiras trinta ou cinquenta páginas são usadas para preparar o leitor para o que virá e para ajeitar o plano de fundo da história, fundamentando os conhecimentos de McEvoy, bem como as motivações de Carver.
Connelly segue bastante didático em sua escrita, nos apresentando de forma fluída as peculiaridades do trabalho do protagonista - um repórter da área criminal -, e dando uma visão geral do que Carver é capaz de fazer e alcançar com sua habilidade de hacker. Esse início, apesar de um pouco truncado, é essencial para a base da ação que se seguirá depois. E quanta ação e quanta reviravolta!
A partir do momento que as ações de Carver e McEvoy entram em rota de colisão, as reviravoltas no enredo se seguem numa velocidade de tirar o fôlego. Cada ação de um é rebatida pelo outro. Seja por coincidência ou de forma ponderada, o jogo entre eles começa a se formar e é superinteressante assistir a cartada de cada um.
- Personagens inseridos na trama
Claro que a trama não gira em torno apenas de Carver e McEvoy. Há outros personagens inseridos, com alguns inclusive voltando do livro "O Poeta" (não se preocupem, sua inserção e a retomada da história do passado é bem-colocada) e dando uma boa base para o enredo.
Todos são bem-construídos, com características próprias. Suas inserções são bem-pautadas, tendo em mente o crescimento do enredo.
Quanto ao protagonista, Mc Evoy,já é o terceiro do Connelly que conheço, e eles não se parecem nem um pouco, cada um é distinto em suas atitudes e personalidade.
- Vale a pena, Alba?
Muito! Se você está atrás de um ótimo triller policial, Connelly é o seu autor! Ele trata de crimes e suas soluções como poucos! Se joguem que a diversão é garantida!
Super-recomendo!
Na maior parte do tempo, fiquei sentado em meu banco queimando os neurônios, tentando descobrir uma explicação para como tudo aquilo podia ter acontecido tão rápido. Mais especificamente, como aquele assassino podia ter começado a me caçar quando eu mal começara a caçá-lo. (...)
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