Esperando Godot

Esperando Godot Samuel Beckett




Resenhas - Esperando Godot


104 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7


Heloísa Delfino 23/04/2024

Ótimo
O livro é uma loucura, o que já é de esperar de Beckett e o Teatro do Absurdo. O texto de Beckett traz, é incrível no sentido da riqueza de detalhes, de rubricas, de diálogos com e sem sentido, os personagens e o preenchimento deles em cena, seja por suas ações, falas ou apenas sua potência. O uso das repetições traz um desconforto - bom - de sentir. Porém não sei se é o absurdo do qual sou fã. Fiquei muuuito instigada a assistir uma montagem dessa peça ou outro texto de Beckett. Mas em alguns momentos, a leitura me cansou. Mas continuo achando Beckett um gênio e merecedor de mais reconhecimento. Lerei mais uma vez em outro momento para absorver mais informações que não peguei de primeira.
comentários(0)comente



gabrieus 14/03/2024

Todos os dias, milhares de pessoas esperam por algo: uma palavra, uma prece a ser atendida, uma resposta. Até que a espera se torna um hábito que, por paralisia, não conseguimos abandonar.

Em "Esperando Godot", uma dupla de personagens espera por um sujeito misterioso cuja única coisa que sabem a respeito é o seu nome: Godot. Tal qual Vladimir e Estragon, imaginei como todos nós sempre nos pegamos esperando por nomes, ainda que desconhecendo seus significados e sem nem refletir se, de fato, fariam diferença em nossa vida ou se sequer existem.

Este é um texto trágico, cômico, estranho e te faz refletir bastante. Aqui, nada acontece em dois atos. E, embora seja uma peça teatral sem ação, é encenada a atividade à qual mais estamos acostumados a fazer, ainda que de maneira bem estranha.

A relação de Pozzo e Lucky é um capítulo à parte. Só digo que, em menor grau, se parece com muitas relações que conheço.

Sobre a Árvore... não entendi nada, mas acho que no Natal ela ficaria linda com um pisca-pisca. Dizem que ela é um símbolo da árvore do conhecimento, outra expressão misteriosa para mim.

É isso. Recomendo você ler.
comentários(0)comente



MatheusPetris 11/03/2024

Tudo escoa? Tudo se repete
Afinal de contas, quem é Godot? Não sabemos e não saberemos. A única concretude de sua existência está na figura de uma personagem chamada Menino. Ele aparece rapidamente duas vezes, em ambas ao final dos dois atos da peça. Além da existência de Godot, o Menino revela que o tão esperado Godot não virá hoje, mas amanhã. Esse caráter cíclico — assim como a lua brilhando ao final dos atos, a noite caindo e a esperança juntamente à ela — demarcado por essa repetição, serve também como espelhamento de um ato ao outro: a espera se repete. O tempo escoa; esperamos Godot.

Essa duplicação não se limita a unidade estrutural da peça, são “(...) dois dias, dois pares — Didi [Vladmir] e Gogô [Estragon], Pozzo e Lucky” (Fábio de Souza Andrade), além dos dois encontros entre os pares. Esses dois pares se confrontam, embora ambos reforcem uma memória rarefeita. É John Fletcher quem reforça essa duplicação: “O nome de Estragon tem o mesmo número de letras que o de Vladmir; o mesmo vale para Pozzo e Lucky”.

Essa preocupação rigorosa com os nomes — para além da semântica — me remeteu a Gogol. Boris Eikhenbaum, quando analisou a famosa novela O Capote, chamou atenção para a preocupação de Gógol com os nomes de suas personagens, demonstrando como dos rascunhos à versão final, havia modificações em prol de um rigor muito claro. Em alguns casos, era uma escolha semântica; porém, em vários outros, era apenas fônica, um trocadilho acústico. Mas não é bem essa aproximação de que quero tratar.

No mesmo texto, Boris situa a novela de Gógol como uma “narrativa direta”, a qual submete o enredo para o segundo plano, o papel organizador da narrativa é menos o enredo, um encadeamento de acontecimentos — elos que ligam eventos —, uma progressão de desenlaces, a chegada de um clímax, do que a figura do narrador. É lógico que estamos falando de outro gênero, estamos falando de uma narrativa dramática, não de prosa. Porém, Gogol, como se sabe, nunca se importou muito com o enredo e sim com a organização dos seus elementos, muitas vezes criando comicidade em um único acontecimento simples e derivando os outros destes, mais ou menos como nos diz Boris: “Essa situação serve de estímulo, de pretexto a um acúmulo de procedimentos cômicos”. Não é, precisamente isso, que ocorre nesta peça?

Boris novamente: “(...) o enredo só tem uma importância marginal e, por essência, estático (...) suas personagens são apenas a projeção fixa de uma atitude”.

Se Beckett mantém duas das unidades aristotélicas em sua peça (temporal e espacial), podemos dizer o mesmo da ação? A aparente ação das personagens não avança a narrativa, não desencadeia acontecimentos, apenas os repetem. Se a peça “renuncia a relatar uma ação, o faz apenas porque a ação que descreve é a vida desprovida de ação”, afinal, “a essência da peça é a espera, em meio à incerteza” (Hugh Kenner). É o que Fábio de Souza Andrade nos diz: “perdidos no palco em meio à paisagem deserta, querendo partir, mas presos a um compromisso tão impreciso quanto irreparável”. O espaço se repete; os dias, apesar de diferentes, se mostram os mesmos. Mas a ação, está não progride, é estática.

A pergunta “E o que fazemos agora?” resume essa ideia, assim como a resposta imediata: “Esperamos”. Na iminência do que fazer, fazem o que podem, esperam. A repetição da pergunta “O quê”, sinaliza essa incapacidade de progredir, ou melhor, de saber o que aconteceu ou acontecerá. Vladmir e Estragon se confundem em diálogos simples, esquecem o que falaram minutos antes, e não apenas o que estão esperando, se já esperaram, etc. Tudo parece rarefeito, incerto, passado, presente e futuro. O tempo existe, ele escoa, mas se repete. “E então será dia mais uma vez”.
comentários(0)comente



Michelle194 02/03/2024

Esperando Godot
"O apelo que ouvimos se dirige antes a toda a humanidade. Mas neste lugar, neste momento, a humanidade somos nós, queiramos ou não."
comentários(0)comente



Ariany.Soaresco 27/02/2024

Quantas vezes permanecemos apenas esperando e olhando à nossa volta... almejando o dia em que algo irá mudar.
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



poly 11/11/2023

Risadas sinceras
Esperando godot não pode ser explicado, é arte por si só. enquanto é profundo e complexo, é besta e risível. uma mescla perfeita desses elementos em um único lugar.
comentários(0)comente



Renata1004 31/10/2023

Incerto.
Comecei a ler a peça sem entender, me sentindo desconfortável e buscando por um sentido. No decorrer do texto fui sendo preenchida pelas dúvidas de quais ações antecederam os momentos encenados, diálogos, ações etc. e a incerteza (além da curiosidade), no primeiro ato principalmente, apenas crescia.

No segundo ato ?nos localizamos? (ou não) no não-instante da coisa, no não-futuro, no não-presente e todos outros não-tudo&mais um pouco. Foi meu primeiro contato com o autor e achei que não levaria nada dessa leitura ao iniciá-la, porém estava muito enganada. Muito.

Entender o peso da obra e seu autor fazem toda a diferença para perceber a potência e significado de Esperando Godot para o teatro (e outras artes). Achei uma leitura incrível, com certeza vou buscar mais títulos de Beckett.
comentários(0)comente



Yaruro 22/10/2023

É uma peça bastante boa!! É algo confusa, mas consigue transmitir ao leitor a emoção dos personagens.
comentários(0)comente



Diego Rodrigues 20/10/2023

"Nada a fazer"
Escrita em 1949, numa Paris ainda profundamente marcada pela ocupação alemã, e encenada pela primeira vez em 1953, "Esperando Godot" é uma tragicomédia em dois atos, expoente do chamado teatro do absurdo. A obra é a principal responsável por alavancar a carreira do escritor e dramaturgo irlandês Samuel Beckett, que mais tarde viria a ganhar o Nobel de Literatura. Uma estrada, uma pedra, uma árvore, uma lua ocasional e dois vagabundos, é nesse cenário esquálido e minimalista que se desenrola a trama, se é que se pode chamar assim. Os vagabundos são Vladimir e Estragon. Juntos, eles esperam por Godot. Mas, quem é Godot? Quando chega? E de onde vem? Isso ninguém sabe. O jeito é esperar... "Nada a fazer."

Acometida por um tédio mordaz e uma angústia pungente, a dupla, feito macacos enjaulados, usa de todas as suas artimanhas para passar o tempo. Mas, o que é o tempo? Nas palavras de um visitante enigmático: "Não vão parar de me envenenar com essas histórias de tempo? É abominável! Quando! Quando! [...] um dia, nascemos, um dia, morremos, no mesmo dia, no mesmo instante, não basta para vocês? Dão a luz do útero para o túmulo, o dia brilha por um instante, volta a escurecer." O que veremos aqui é a condição humana posta a nu! Vladimir e Estragon encarnam o ser humano em todo o seu esplendor de ridículo, estúpido e desprezível. A obra provoca riso, mas também desconforto. E a coisa fica ainda mais sombria quando Beckett quebra a quarta parede, fazendo com que, a certa altura, os personagens se dirijam diretamente à plateia: "espetáculo admirável".

Muitas são as interpretações em torno da peça e Beckett nunca deu muitas pistas. Pelo pouco que já li sobre, o dramaturgo parecia defender a ideia de que a arte não tem que, não tem obrigação com nada. Se via livre e se incomodava mais com aqueles que o questionavam em busca de um significado fácil do que com aqueles que abandonavam o teatro no meio da apresentação, sob a alegação torpe de que "nada acontecia" na peça. Gostava da abstração e do poder de provocar diferentes reações que sua obra tinha. Ficou particularmente intrigado com um prisioneiro que havia visto na peça uma espécie de analogia da própria situação, chegando até mesmo a haver uma intensa troca de correspondência entre ambos.

Alguns acreditam que Godot seja Deus, hipótese essa descartada pelo próprio autor. Já outros, defendem uma relação com o contexto histórico em que foi concebida: o período pós-guerra e suas cicatrizes. Penso que, talvez, Godot seja a morte e todos nós sejamos Vladimirs e Estragons em nossas "rodinhas de hamster", tentando desesperadamente preencher o vazio e falhando miseravelmente. Ou talvez a dupla simbolize os dois lados de uma mesma consciência: Estragon, aquele que já foi calejado pela vida e se resignou; Vladimir, aquele que ainda tenta se apegar a alguma esperança, mesmo que tímida, e é acometido por raros momentos de uma lucidez melancólica. No fim, não faz muita diferença. Ambos são vítimas do horror da vida!

Uma coisa é inegável: o poder que a obra tem de conversar com diferentes contextos, sejam eles filosóficos, psicológicos, religiosos ou políticos, e de, ainda hoje, intrigar leitores e espectadores. "Esperando Godot" é uma obra que incomoda e provoca o leitor, convidando-o a refletir sobre o sentido da vida (ou a falta dele), assim como Vladimir faz a certa altura: "Será que dormi, enquanto os outros sofriam? Será que durmo agora? Amanhã, quando pensar que estou acordando, o que direi desta jornada? [...] Do útero para o túmulo e um parto difícil. Lá do fundo da terra, o coveiro ajuda, lento, com o fórceps. Dá o tempo justo de envelhecer. O ar fica repleto dos nossos gritos. Mas o hábito é uma grande surdina." Tudo isso para, no fundo, chegarmos a mesma e fatal conclusão da dupla: "nada a fazer."

A edição da Companhia das Letras conta com tradução e posfácio do professor Fábio de Souza Andrade. O volume ainda traz dois textos críticos assinados por Ronan McDonald e Steven Connor, o primeiro destacando os impactos da obra no meio artístico e ressaltando seu poder de conversar com diferentes contextos históricos (do apartheid sul-africano à passagem do furacão Katrina em Nova Orleans, passando pelo Cerco de Sarajevo e os conflitos na Palestina), e o segundo contextualizando "Godot" dentro da obra Beckettiana. Fechando o pacote, uma ilustração do pintor alemão Georg Baselitz estampa a capa.

site: https://discolivro.blogspot.com/
@quixotandocomadani 23/10/2023minha estante
Excelente resenha! E é bom assim, quando há mtas interpretações ??


Diego Rodrigues 24/10/2023minha estante
Esse é daqueles que saímos do livro mas o livro não sai da gente.. Só não sei se isso é bom ou ruim, porque a obra provoca uma sensação de vazio existencial que vou te contar rs


@quixotandocomadani 24/10/2023minha estante
acho que é bom! rss Mas bom saber, pq me preparo psicologicamente antes de ler!




Guilherme.Eisfeld 25/06/2023

A estética do absurdo
"Nada acontece, ninguém vem, ninguém vai, é terrível." Uma fala que resume a obra, e que mesmo assim mantém quem lê na espera por um Godot que nunca chegará. Uma mistura de comicidade com tragédia, suicídio com peido, senhor e escravo, esquecimento com questionamento. Gostei, ainda mais por já ter assistido uma montagem da peça, pela mente e mãos do Zé Celso.
comentários(0)comente



Maria 14/06/2023

é mentira que eu li esse livro. na verdade, foi em pdf, mas quis registrar aqui. não sei bem o que eu estou fazendo da vida, mas agora estou pensando se não estaria eu também esperando por algum Godot que (spoiler) nunca vem.
comentários(0)comente



Theo.Dias 14/06/2023

Estou esperando
Quero ir embora
Não podemos
Por quê?
Estamos esperando godot
É verdade, estamos esperando godot

É uma leitura consideravelmente simples, mas é bem confortável e satisfatória, apesar do fim extremamente interminável e cíclico.

Recomendo para os iniciantes no teatro e afins.
comentários(0)comente



sophialudwigb 09/03/2023

?Menino: O que eu digo para godot, senhor?
Vladimir: Diga que... (interrompe) diga a ele que me viu e que? (reflete) que me viu. (pausa. Vladimir avança, o menino recua, Vladimir para, o menino para) Mas diga uma coisa, você tem certeza de que me viu? Não vai dizer amanhã que nunca me viu??

EU TE VI VLADIMIR! DIDI, EU TE VI!
comentários(0)comente



104 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR