Camila Roque 23/06/2020
Inspirador!
Conheci o Otávio Júnior em 2019, no festival literário de BH. Desde aquele momento foi possível ver um homem com olhos de menino, cheio de sonhos e empolgação com o tema literatura. E lá ele falou algo sobre representatividade que me marcou muito: crianças precisam se ver nos livros. Hoje muitos livros tratam sobre negritude, o que é ótimo. Mas quantos tratam de negritude na favela? Lembro que ele dizia que, ao olhar da janela da casa deles no Complexo da Penha, o filho via a Igreja da Penha e pensava ser uma castelo. Otávio pegou e transformou isso em literatura. Fiquei encantada e rapidamente inclui dois ou três livros dele na lista de compras da biblioteca comunitária onde trabalhava, para que as crianças da vila pudessem se ver numa história.
Mas não é sobre esses dois ou três livros de que se trata a resenha: é sobre a autobiografia de Otávio.
Otávio é um homem que, contrário a qualquer expectativa, se permitiu sonhar e acreditar. Mais do que isso, teve coragem e cara dura para insistir muito naquilo que queria, ainda que muitas portas se fechassem. É um exemplo, um caso de exceção e que enche a gente de fé e orgulho nos ser humaninhos da vida.
A única crítica que tenho é que o livro poderia ter sido mais longo, para que as histórias fossem trabalhadas.
Enfim, muito bom. Otávio é uma raridade.