Os Condenados da Terra

Os Condenados da Terra Frantz Fanon




Resenhas - Os Condenados da Terra


35 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3


Marina Hion 27/09/2013

"Não é preciso apenas combater pela liberdade do povo. Também é preciso, ao longo de toda a duração do combate, ensinar novamente a esse povo, e primeiro a si mesmo, a dimensão do homem. É preciso remontar os caminhos da história, da história do homem condenado pelos homens, e provocar, tornar possível o encontro do seu povo e dos outros homens."

Leitura IMPRESCINDÍVEL para qualquer pessoa que tenha um mínimo interesse em colonialismo, em África, nas atrocidades possíveis do ser humano.

Fanon maravilhoso.
comentários(0)comente



Tatá 06/02/2024

O exercício da violência como projeto de libertação
O que é a violência? Num primeiro olhar (o olhar refém da lógica simplista ocidental), reduz-se a violência apenas à atrocidade que nessa carga de significados, estereótipos racistas, étnicos e de classe costumam aparecer. Fanon desvela tudo: mostra que a violência é muito mais complexa do que se vê e diz respeito principalmente às ferramentas do colonizador para dominar, controlar, subjugar outros seres humanos. Diz respeito - para além da violência prática dos estupros e de intensos processos de escravização em vários locais do globo -, por exemplo, a artimanhas complexas de utilizar a ciência como ferramenta política para justificar a mais potente repressão para os nativos, numa jogada que viabiliza a inferiorização e o mantenimento da exploração desses povos. Diz respeito à construir uma lógica que é internalizada por povos colonizados num complexo de inferioridade no qual os querem fazer crer que é preciso "gratidão" aos colonizadores por "levarem a civilização". Fanon deixa o legado da "liberdade, igualdade, fraternidade" completamente nu e revela o que existe por trás desse discurso humanista universalizante: o apagamento da autonomia dos povos, o interesse pelo poder e controle de tudo o que puderem. A violência, na real, é colonial: afinal, como dito por Sartre no prefácio, o homem europeu só se fez homem por desumanizar outros povos no processo.
É uma leitura fundamental, para explodir com a nossa cabeça e fazer com que nos tornemos como indivíduos, aquilo que Fanon tanto pediu: faça de mim uma pessoa que sempre questiona.
É preciso questionar essa lógica epistemológica branca europeia e é preciso criar um novo ser humano, se reinventar, algo que seja completamente distinto do que foi posto e para isso, é preciso repensar a violência, enquanto força motriz do processo de humanização, organizando-a para um sentido revolucionário. Leitura fundamental.
comentários(0)comente



Lu_Augusto 21/02/2024

Leiam Fanon!
O autor elabora toda uma trajetória histórica em seu livro. Começa falando da violência colonial e de como os colonizados reagem com a mesma violência, mas são tidos como os errados por usarem a força.
Depois parte para a luta de liberdade nacional, onde empregam essa violência de uma forma organizada em razão da libertação de seu povo.
A seguir, mostra os problemas que um país recém independente tem de enfrentar em seus primeiros anos, mostra que a luta social não para a partir daí.
Por fim, mostra os problemas deixados enraizados pelo colonialismo, usa como exemplo pessoas na Argélia que desenvolveram algum transtorno por conta de anos e anos de violência e desumanização.
Importante leitura para saber como opera um Estado colonial sem amenizar as atrocidades que cometeram.
comentários(0)comente



Lucas Leite 02/06/2023

Ler, reler e ler de novo
Terminei mais uma obra de Fanon com a certeza de que preciso reler todas elas. Nesse livro, em particular, a forma como Fanon descreve a luta anticolonial a partir lumpemproletariado e da burguesia mostra como existem muitos fatores para além da ?vitória? e consequente independência. A crítica a essa burguesia nascente e seu caráter mercantilista é essencial ainda hoje para entendermos a lógica do agronegócio e dessa elite pouca afeita à industrialização e a um projeto nacional de desenvolvimento.
comentários(0)comente



Charles Lindberg 29/08/2022

Indispensável
O intelectual martinicano fala dos processos de colonização, revolução nacionalista, guerra de libertação e identidade nacional nos países de terceiro mundo, especificamente na colônia francesa da Argélia, na África, em 1961. Partindo de abstrações generalistas, explora diversas possibilidades desses processos, apontando condições específicas que podem influenciar as direções do conflito, enquanto argumenta a favor da violência revolucionária, sem relevar as consequências destrutivas para a população.

Conquanto fale para os colonizados africanos, suas observações em grande medida se aplicam ao Brasil, na nossa condição similar de nação dependente de terceiro mundo. Especialmente quando fala da construção da identidade nacional, que tanto nos falta nesta colonização cultural que aceitamos tão acriticamente dos Estados Unidos.

Um detalhe interessante é que Fanon, mesmo não considerando nem por um minuto a possibilidade de um estado capitalista para a nação liberta, adota uma posição marxista crítica, e não poupa alfinetadas (bem-vindas) aos modelos socialistas e à esquerda radical. Seu foco está na descolonização. A construção do estado socialista seria uma preocupação posterior, ainda que míster. Infelizmente, a Argélia perdeu essa disputa, para hoje seguir um país de capitalismo periférico dependente, e o autor faleceu menos de um ano depois desta publicação, vítima de leucemia.

Para ser sincero, eu peguei este livro só porque achei o título muito foda. Mas, agora, considero uma leitura essencial, não necessariamente para estudiosos do socialismo, mas para qualquer um e todos que se prestem a discutir decolonialidade e nacionalismo. Sim, mesmo para nós, brasileiros.

Coincidentemente, ontem vi que a editora Zahar está lançando uma nova edição aqui no Brasil (esta que li é portuguesa).
comentários(0)comente



Rebeca 16/03/2023

Condenados
"O terceiro mundo não deve se contentar em se definir com valores que o antecederam. Os países subdesenvolvidos, ao contrário, devem se esforçar para revelar seus valores próprios, métodos em um estilo que é específico." Revolucionário em suas palavras Fanon é bem cirúrgico para sua época é surpreendente ler os escritos de Fanon tão bons para sua época aonde o racismo acadêmico era tão escancarado.
comentários(0)comente



Mariane.Medeiros 22/04/2021

Leitura necessária
Meu primeiro contato com o autor de forma "obrigatória", para uma prova de África 2. A obrigatoriedade de um livro tão complexo pra uma atividade complexa, deixa a leitura um tanto quanto cansativa e arrastada. Mas, uma leitura necessária, principalmente para quem quer estudar os desdobramentos do colonialismo nos países subdesenvolvidos.
Vale lembrar que o autor não é um historiador, o texto tem um viés ensaístico contando a experiência de Fanon, eu diria que é um texto filosófico e não acadêmico. O autor é psiquiatra, então ele aborda muito características psicológicas e ao final do livro, casos que ele atendeu durante a guerra na Argélia. Vale a leitura.
comentários(0)comente



Marcos Nandi 03/08/2022

Maravilhoso
Esse livro é uma daquelas obras essenciais para entender a estrutura do racismo e do colonialismo.

Já no prefácio, Sartre, aduz que, que a violência (mote do livro) é uma característica inconsciente de quem é colonizado. A fúria reprimida, é um combustível para os oprimidos, inclusive, a violência nasce entre as próprias tribos incentivada pelo colonialismo, para que assim, o verdadeiro inimigo não seja enfrentado.

Já para o autor do livro, a descolonização é sempre um fenômeno complexo, histórico e violento. Levando em consideração, a colonização da Argélia pela França e a violência racista da França para com o país africano.

O livro é cheio de tiradas poéticas, onde se vê, o sonho do colonizado em estar no lugar do colonizador e o famigerado sonho de ser feliz e livre.

Interessante, a relação que o autor faz da colonização com a igreja e que obviamente, concordo em número, gênero e grau. Como o autor lembra, a igreja nas colônias é "uma igreja de brancos, uma igreja de estrangeiros, não chama o homem para Deus, mas ao caminho do branco, do amo, do opressor".

O autor lembra também que o colonialismo sempre será inimigo do colonizado, sempre. Esse antagonismo faz parte do cerne da colonização, faz parte do maniqueísmo.

Para o autor, o mundo colonial pode ser definido como "[...] mundo de estátuas [...]esmagando com as suas pedras as feridas abertas pelo chicote". Nesse sentido, o colonizado vive numa tensão permanente.

O conceito da não-violencia me lembrou as estatuas de escravagistas brasileiros que foram queimadas nos últimos anos. E que sempre surge da elite e dos brancos, o questionamento da necessidade disso e não, de resolver as coisas pacíficas. Os colonizadores, usam de violência contra os colonizados, mas do contrário, é algo rude na cabeça deles.

Sabemos como é morar num país subdesenvolvido, e sabemos também, que os países devem encontrar valores próprios, já que o capitalismo como explica o autor, é o grande inimigo dos países pobres, já que durante séculos, o capitalismo foram verdadeiros criminosos de guerra. Ficou claro, os porquês, dos países de terceiro mundo não crescerem, já que, é do intuito do capitalismo se impor nesses países.

O autor, menciona os Lumpen proletariado, que na visão de Marx, são aquelas pessoas a margem da sociedade e que não possuem consciência de classe, como os mendigos e prostitutas, no caso da África, ele exemplifica os jovens do Quenia, que vieram do campo e não conseguiram se adaptar na cidade.

(Interessante a nota que menciona que Janio Quadros deu apoio a revolução cubana)

Com o final do colonialismo, surge a burguesia nacional que tem um poder econômico quase nulo. Futuramente, essa burguesia dará espaço para um capitalismo feroz,a burguesia serve apenas como um intermediário entre o fim da colônia e o início do capitalismo com as antigas potências colonizadoras, usando de agressividade para esse fim, nascendo assim, o racismo, o nacionalismo, etc.

Aliás, em relação o racismo, o autor faz um paralelo entre a divisão da África branca e da África preta. Interessantíssimo. E para o autor também, a burguesia não serve para nada hahaha.

É necessário politizar o povo e lutar pelos jovens, sair do tribalismo que gera, o separatismo, e investir em economia local.

Em relação a questão cultural, o autor lembra que não basta escrever um conto ou poema pra ser considerado arte africana. Necessita-se de uma união dos negros da África e das Américas para uma arte una.

Há portanto três fase da cultura. Na primeira fase, o intelectual prova que assimilou a cultura do colonizador. Já a segunda fase, o colonizado tenta se recordar dos mitos, das memórias, e por fim, temos a terceira fase que chamamos de luta, a arte movimenta o povo para a luta. A arte não é só o canto, mas no centro da própria luta de libertação, a arte africana é luta e não poemas e folclore.

A parte mais interessante do livro, de longe, são os casos psiquiátricos que o autor analisa (ele é psiquiatra), o autor analisa alguns casos que começaram em 1954 e foi analisado até o ano de 1959, por causa da guerra pelo fim da colonização.

Um dos casos, foi de um homem de vinte e seis anos, que tinha perturbações mentais do tipo reativo e debilidade sexual. Padecendo de insônias e enxaquecas, o jovem casado e pai de uma criança, teve sua esposa abusada por soldados franceses. Outro caso, foi de um outro homem de 37 anos que tinha impulsos homicidas.

Um caso bizarro, é de um ex estudante de 19 anos, com psicose e despersonalização que tentou se matar duas vezes, e por causa da morte da mãe, matou uma mulher com um cutelo. Outro caso interessante, foi de um soldado francês que torturava argelinos que surtou ao encontrar um torturado no hospital. Outro ainda, que surtava ao ponto de torturar o próprio bebê. Enfim, vários relatos muito interessantes.

O livro aborda muito bem a questão da tortura e chega ao auge quando o autor começa a explicar os porquês da violência na Argelia, que nada mais é culpa do sistema biológico do colonizado, a fome, a falta de dinheiro, o desemprego, etc.

Por fim o autor diz para não imitarmos a Europa. O livro é sensacional, porém, a edição deixa a desejar.
comentários(0)comente



Igor.Costa 23/07/2023

Um livro para todos, para aqueles que vivem à sombra da violência colonial independente de qual lado.
A roda da história se move, ainda estamos distantes de ver brilhar a luz da liberdade, da emancipação do ser humano, estágio em que entre mulheres e homens não hajam mais exploradores e explorados. Fanon consegue descrever toda a dor do colonialismo, a miséria, a falta de humanidade, os disfarces, as pseudos teses criadas por monstros brancos que, sem perceber escrevem muito mais sobre si mesmos.
Nessa obra ele apresenta como se comportar diante dos colonos, como lutar para a vindoura libertação, expõe o conceito de descolonizar, é preciso refundar o espírito da terra, se reinventar, extirpar o mal implantado nas mentes humanas.
A Argélia é o grande palco, e Fanon ilumina e desmistifica as bizarrices sobre o povo africano, imagina se quisessem vingança? A luta é por reparação, por vida própria, por liberdade de ser quem se é. Faz-se necessário ter estômago para essa leitura, tal como em Escritos Políticos o autor escancara as atrocidades, mas aqui demonstra os caminhos a percorrer, as táticas e técnicas necessárias.
Vencer a colonização é refundar o pensamento, reestabelecer-se consigo, com o outro, conectar-se com a terra e cultura local, se libertar das mentiras coloniais, descolonizar.
Um livro extremamente necessário para entender a parteira do mundo, para se estabelecer como ser humano e, para muitos enxergar os desvios desse caminho. Se almejamos a elevação da espécie, precisamos nos entender como natureza e agir tal como demanda a nossa espécie, somos cooperadores.
comentários(0)comente



Murilo115 19/09/2023

Na obra Os Condenados da Terra (1961), última publicação escrita por Fanon poucos meses antes de sua morte na França, são expostas as violências físicas e psicológicas resultantes do colonialismo com destaque para Argélia. Um problema complexo resultado de séculos de escravidão e exploração que não se restringe somente ao continente Africano.

A luta anticolonialista que segue mais viva que nunca, onde os problemas não se apresentam somente por fatores externos dos colonizadores como também internamente, com fatores complexos.

Leitura clássica e necessária. Como diz um ditado africano ?Se o leão não contar a própria história, o caçador o fará?.
comentários(0)comente



Douglas Ferrari 20/10/2023

Continua relevante
A obra de Fanon sobre o processo colonialista do imperialismo e a necessidade da descolonização continua extremamente atual e relevante. Os povos do sul global somente serão livres quando todas as amarras ideológicas forem rompidas do pensamento colonialista.
comentários(0)comente



Luiza Pirajá (-) 18/01/2023

Sensacional é pouco para esse livro
Genial, incrível, sensacional.
A vontade é de reler logo depois de terminar. Vontade de compartilhar vários trechos, todo o tempo.
Super atual, várias partes parece estar falando do Brasil, dos tempos atuais. Que livro maravilhoso.
Já gostava de Fanon, mas esse livro é ainda melhor.
Amei DEMAIS.
comentários(0)comente



Leila267 16/12/2023

Descolonize sua mente!
Pra mim ler Fanon sempre é um desafio, mas sempre me traz muito aprendizado é um divisor de águas.
Em os Condenados da Terra, Fanon, desmiuça os efeitos do colonialismo na colônia, assim como na vida e na mente do colonizado.
Vemos que é um obra apesar de antiga ainda é bem atual, e podemos até fazer uma analogia com o Brasil e a necessidade da descolonização do pensamento.
A obra é riquíssima!
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



Lavi 20/06/2023

Peguei gosto por ler os clássicos.
E que clássico gente, sério.
As partes finais onde apresentam casos clínicos relacionados a guerra, nossa prende ate o final.
comentários(0)comente



35 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR