Cangaceiros

Cangaceiros José Lins do Rego




Resenhas - Cangaceiros


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z..... 14/12/2019

HQ EBAL (Edição Maravilhosa Nº 89, publicada em 1954)
Adaptação em quadrinhos do romance de José Lins do Rego.
O aspecto mais positivo é a arte magistral de André Le Blanc (sempre muito classuda e primorosa), e o negativo é o desenvolvimento da história com texto demais (disposição enfadonha na leitura).
Tal qual o romance, a HQ tem duas partes, com as agruras e sofrimentos circunstanciais de Sinhá Josefina na primeira, e o destino de seus três filhos na segunda, envoltos no cangaço ou relutantes a esse destino.
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Júlio 09/08/2018

O Sertão como estrela principal
"Cangaceiros", mais uma bela obra regionalista de José Lins Rego fechando o ciclo do cangaço que começa com "Pedra Bonita", vemos a vida do sertanejo, caracterizada por diversas dramas que o cercam, o Autor mais uma vez nos mostra personagens que são vítimas da situação, oprimidos por todos os lados pelos poderes locais, os cangaceiro, a força policial, e os coronéis, podendo fazer até uma analogia ao filme "Onde os Fracos não tem vez", temos um retrato da vida do Capitão Custódio que após a morte do filho por um Coronel da cidade local, passa a fazer da vingança a obsessão da sua vida, e é dramática a forma como aquilo vai consumindo a vida dele, pois ele não dispõe da força e coragem necessária para levar a cabo tal vingança, notamos que assim como Bento irmão do maior cangaceiro da região, são pessoas que simplesmente não se encaixam, nesta terra em que a única lei que prevalece é a do mais forte.

"Seria terrível naquele instante mostrar ao velho que ele também era assim como o outro, um homem sem calibre para aquele sertão de gente de coração de pedra e de braços e mãos que manejavam armas sem medo da morte. Ele tinha medo como o capitão."
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Thiago Barbosa Santos 20/10/2017

Preciosidade de José Lins do Rego
Cangaceiros foi o segundo livro que li no ano de José Lins do Rego. O primeiro foi O Moleque Ricardo, os dois em 2017. Só tenho elogios ao autor paraibano. Cangaceiros é uma preciosidade, principalmente para mim, que aprecio bastante as histórias do sertão, do cangaço.

O livro conta a história da família de Dona Sinhá Josefina, que é destruída pelo cangaço. O filho mais velho dela, Aparício, entra para o cangaço e arrasta o irmão Domício. Ele lidera um bando perigosíssimo.

Sinhá Josefina se revolta com o caminho escolhido pelos filhos até enlouquecer e se enforcar. O filho mais novo dela, Bento, foi educado pelo padrinho e não tinha sangue para o cangaço. Ele esconde a todo custo o segredo de família para não sofrer represálias no sertão. Bento vive uma espécie de amor proibido por Alice. Observamos ao longo da trama a luta dele para não ter a vida afetada pelo cangaço.

A história tem outras personagens interessantes, como o Capitão Custódio, que passa a vida se martirizando por não ter coragem de vingar a morte do filho, assassinado por um coronel que manda nas redondezas. A esposa dele morreu de desgosto por causa do ocorrido e ele não se perdoa por isso.

É um livro narrado de forma simples, direta, mas ao mesmo tempo possui um quê de poesia. As personagens têm uma sonoridade na fala. Altamente recomendada a leitura.
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Wagner 15/05/2016

A MÃE DE APARICIO

(...) - Sai de minha casa, assassino, ladrão, vai para a caatinga matar os inocentes de Deus. Tu não me pega, não. Tu não me arranca a madre infeliz que te pariu (...)

in: REGO, José Lins do. Cangaceiros Rio de Janeiro: José Olympio, 1956. pp118.
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Luis Boto 04/02/2013

Cangaceiros - 2012
Como amante da literatura brasileira e nordestino que sou, nunca deixo de ler, de vez em quando, uma obra regionalista de nossos autores clássicos, como José Lins do Rêgo. É dele esse belíssimo romance que enxerga o cangaço pelo lado de fora, ou em volta dele.

Em vez de descrever o dia-a-dia dos cangaceiros, seus combates e suas fugas, o autor prefere contar a vida das pessoas que são parentes ou amigas dos cangaceiros, que pensam neles o tempo todo, que os temem, que os protegem, que torcem por eles ou contra eles. A toda hora chegam-lhes relatos das façanhas e das crueldades praticadas tanto pelos cangaceiros quanto pelas volantes de soldados que os perseguem.

A trama conta a história de Bento, irmão do cangaceiro Aparício. Através dele, na fazenda onde se refugia, ficamos vendo a quantidade enorme de boatos, lendas, informações falsas e histórias mal contadas que cercam a atividade desses indivíduos, num Sertão da década de 20, carente de comunicações e de estradas.

O estilo de José Lins é bem atípico, com extensos parágrafos que se expandem por páginas e mais páginas, por vezes até cansativos, nos quais ele acompanha as idas e vindas do pensamento do personagem, seus avanços e recuos, suas decisões, hesitações, suas intermináveis discussões íntimas nos momentos de ameaça ou de crise. Como o autor usa habilmente um vocabulário claro e direto, o leitor acompanha sem muito esforço essas reviravoltas mentais sem perceber o labirinto de idéias em que está se metendo.

O livro, que aliás é uma continuação direta de “Pedra Bonita”, formando com ele uma unidade sem cesura, mostra um enorme entendimento do autor da mecânica social do ambiente que descreve, e uma grande familiaridade com usos e costumes, resultado de uma memória vívida. Isto lhe permite criar personagens de peso como os três irmãos Vieira: o cangaceiro Aparício, o pacífico Bento, e Domício, o poeta cantador que acaba enveredando pelo cangaço.

No entanto dois personagens do livro merecem grande destaque na obra, chegando por vezes até a ofuscar os irmãos Vieira. O primeiro é o Capitão Custódio, desmoralizado pela vergonha de ter visto seu filho ser morto pelo Coronel Cazuza Leutério e nada ter feito para vingá-lo. O código de honra do Sertão da época não admitia que um pai não vingasse o assassinato do filho, e o Capitão remói sua culpa e sua humilhação em todas as cenas em que aparece. O outro personagem é o Mestre Jerônimo, que foi embora do Brejo por ter cometido um crime de morte, não gosta do Sertão, e vai pouco a pouco entrando num delírio paranóico equivalente ao do Capitão Custódio.

São dois personagens trágicos, que mostram o remoer de angústias e ansiedades que existe às vezes por trás da fisionomia impenetrável do sertanejo. Numa interiorização progressiva de culpas, ressentimentos, humilhações e medos, os dois vão sendo consumidos de dentro para fora diante dos nossos olhos. Quando Bento procura fugir dali, nos últimos capítulos, está fugindo ao terrível futuro que o ameaça, o de se tornar um cangaceiro como os irmãos ou um doido como os seus dois protetores mais velhos.

“Cangaceiros” é sem dúvida uma obra prima de José Lins do Rêgo, a qual recomendo aqueles leitores apaixonados pela literatura regionalista dos grandes autores nacionais do passado.

Obs: esse texto é uma adaptação do original de Braulio Tavares (Blog Lampião Acesso)
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Paulo Silas 13/07/2011

Impressões sobre o livro ‘Cangaceiros‘, de José Lins do Rêgo

RÊGO, José Lins do. Cangaceiros. 5. ed. Rio de Janeiro, RJ: J. Olimpio, 1973. 280 p.

***



E os cabras se esgueiravam como lagartixas. Cuidadosos, arguciosos, prontos para o bote; atentos a qualquer ruído!

E deixavam entrar, não somente pelas narinas, mas também alma adentro, a quentura daquelas terras combustas do Sertão nordestino. Aquelas terras que, por não ter suficiente água e compaixão para lavar a desgraça da seca, eram lavadas pelo sangue que se derramava tal como o sangue das criações. Terras de almas penadas que andam escanchadas pelas tortuosas cercas das estradas vermelhas. Terras dum profundo atavismo que direcionava os filhos a viverem a mesma desgraça dos pais, dos avós, dos bisavós, dos trisavós e dos mais distantes parentes. Terras controladas, ao mesmo tempo, pelo medo da morte e pela avassaladora loucura de jogar-se perante àquela mesma morte e, com os dentes escangalhados duma ferocidade animalesca, dominá-la com as mãos e mandá-la ir viver para além dos limites do mar. Sim! Aquela terra! Aquele Sertão que, sob as forças de fortes rezas e de miraculosas mãos de padres santos, quase que se erguia como um mundo à parte. Um mundo com suas leis e seus preceitos. O mundo da cruz à beira da estrada. O mundo dos santíssimos palavreados. O mundo das cantorias feitas no copiá, nas varadas das casas. O mundo pintado pelas tintas vermelhas da secura. O mundo onde o domínio do cangaço se estendia e punha constante medo.

E os cangaceiros iam por debaixo dos abusados espinhos ressequidos. Por entre as veredas que conheciam de cor, porque o Sertão era desde sempre o reino no qual moravam e sobre o qual agora mandavam e desmandavam segundo os seus mais irrequietos caprichos. Lá iam eles. Se esgueirando eles iam. Como animais. Como se fossem os próprios animais que povoavam aquelas paragens místicas.

E a boca da noite se abria para comer o mundo.
Cangaceiros, pág. 38

Mas não só o Sol aparecia com suas mãos de unhas crescidas a rasgar a pele dos desafortunados habitantes do Sertão. Também a Noite aparecia.
E, quando isso se dava, ela vinha já com a boca aberta a mostrar os seus milenares dentes famintos. E, de sua boca imundamente obscena, saíam rememorações dos mais horripilantes assassinatos. Ecos de derradeiros brados. Pedidos angustiados por compaixão. Pedidos desesperados de vingança. E gritos de completo desvario: tenho meu filho assassinado e está com a minha mulher lá em cima enterrados. A mãe morreu de desgosto, morreu mesmo.
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Gláucia 07/06/2011

Cangaceiros - José Lins do Rego
Romance regionalista da mais alta qualidade, parece uma espécie de dedobramento de Pedra Bonita, outro romance do autor que traz o cangaço como tema. Último romance de Zélins, mostra a rudeza do homem do sertão que tem a alma lapidada pelo ambiente inóspito onde tem que sobreviver.
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