A Gaivota

A Gaivota Anton Tchekhov




Resenhas - A Gaivota


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Rico 29/08/2012

Nesta peça controversa e polêmica - ao menos para o espírito da época na qual ela fora encenada pela primeira vez, tendo custado ao autor críticas austeras - Tchékhov tece sua crítica ao teatro de sua época, elencando os sintomas de decadência não só da forma teatral mas do modo de vida da Rússia em que vivia; e mostra-nos, diferentemente de um simples crítico da negatividade, um outo teatro, pois o fracasso de sua peça deve-se, unicamente, a sua originalidade inegável. Dir-se-ia um teatro imanente à vida, que não põe em cena personagens gloriosos, heróis, vilões, mas a vida, por vezes miúda e medíocre, de pessoas comuns tentando dar jeito em suas próprias existências. Outra transvaloração do autor é no que diz respeito a estrutura da trama que não desenrrola-se mais à guisa de maniqueísmos, isto é, não são mais histórias em que o Bem e o Mal dispuntam entre si o domínio sobre o mundo, mas indivíduos vivendo suas vidas na pura inocência do devir, ou seja, sem culpa, sem o peso da culpa, daí a completa ausência de "mocinhos" e "bandidos". Não há encadeamentos causais entre os acontecimentos que se sucedem, inclusive os mais terríveis. Há tão só a vida em seus movimentos variados. Esta peça é, sem dúvida, uma chave para a nossa época e não apenas para a Rússia de Tchékhov, pois a decadência que ele pressentia é a nossa, ele fala já de um certo niilismo. Isso outros treatólogos também perceberam.
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Beatriz.Linhales 25/04/2021

A gaivota, uma maravilhosa bobeira
Eu amo as várias interpretações que existem sobre essa peça, aiai...
É uma obra que aborda temas muito próprios do meio artístico, que zomba dos processos poéticos forçados da vanguarda e ao mesmo tempo toca na ferida da vulnerabilidade das antigas gerações e sua trajetória no Teatro.
É um texto que vou ter que ler de novo pra entender alguns pontos que deixei passar, porque, como o próprio Tchékhov disse, não é uma peça que segue os "signos padrões" de uma obra cênica, para a época. Ele foi ousado em alguns pontos quando fez as situações conterem significados subjetivos, mas isso unido à forma de escrita da época me deixou um pouco confusa kkkkk.
No mais, adorei a experiência, os personagens, os recursos de tempo e espaço que o autor usa pra contextualizar suas críticas e tudo o mais. Indico! Leiam:)
Matheus Cunha 25/04/2021minha estante
Amo muito! Minha segunda peça favorita dele, atrás só de Tio Vânia ?




LETRAS e VEREDAS 11/06/2018

Os procedimentos inovadores da obra teatral de Tchekhov
Anton Tchekhov (1860-1904) se insere na órbita daqueles poucos artistas que conseguiram criar uma magnífica obra teatral com o mesmo nível qualitativo e grau de inovação de sua obra literária em prosa. O estudo do teatro tchekhoviano impõe a necessidade de adotar uma perspectiva analítica que explore a articulação entre texto literário e as formas de representação cênica. É profícuo registrar que a arte teatral tchekhoviana não assume feição idêntica à sua arte literária. Trata-se de duas formas distintas de arte, malgrado possam estabelecer – e em inúmeras circunstâncias estabelecem - vínculos de interdependência e reciprocidade.
A constituição da obra literária é dada pelo encadeamento de unidades significativas projetadas por palavras e orações, ao passo que na constituição da obra teatral são os cenários visíveis e a interpretação dos atores que proporcionam os elementos de sua estrutura artística.
No seu processo criativo, Tchekhov tinha sólida consciência da distinção entre as formas de expressão teatral e os procedimentos ficcionais de sua prosa. Em seus textos dramáticos o diálogo entre as personagens configura-se como elemento indispensável; já em sua prosa ficcional, é o narrador quem assume a missão de retratar o transcurso da narrativa.
As personagens de Tchekhov são desprovidas de unilateralidade de espírito; seus atos não são regidos por um movimento simplista de causa e efeito. Isso torna a representação dramática um espaço fecundo para a irrupção, consolidação e expansão da dimensão do imprevisível. Seja qual for o caráter específico das motivações que instigam os comportamentos e atos das personagens tchekhovianas, há um amplo e complexo horizonte de subversão do aspecto quotidiano da existência em algo imponderável, margeante ao extraordinário. A dimensão da imprevisibilidade em suas obras teatrais não possui correspondência direta com os eventos objetivos do enredo; ela deriva dos sigilos da alma das personagens, quase sempre mantidos na obscuridade e inalcançáveis a apreensão imediata do público. O movimento da vida, no transcurso de suas heterodoxas dimensões, nega aos homens e mulheres as possibilidades de plena previsão dos eventos e acontecimentos vindouros. Tchekhov capta esse elemento irremovível da existência humana e o reconstrói na tessitura narrativa de sua arte dramática e ficcional.
O estilo de Tchekhov não é exemplar, ou seja, os enredos de suas peças não têm o objetivo de transmitir ensinamentos morais ao público. Ele expurga a remota possibilidade de transformar sua obra artística em um molde comportamental. Não é fortuito que um dos elementos mais marcantes das melhores peças de Tchekhov deriva de sua capacidade de ocultar o sentido, relegando aos espectadores e, ou, aos leitores a tarefa de chegar às suas próprias conclusões. Encobrir o significado é um dispositivo artístico de alargamento das potencialidades de interpretação. Essa virtude de Tchekhov, que não se restringe ao plano de sua produção artística, mas constitui a sua forma de enxergar e enfrentar a vida, expurga conceber o público como massa amorfa e passiva da representação teatral. Mesmo nos momentos em que sua obra foi alvo de severas e detratoras críticas, como na ocasião da primeira montagem da “A Gaivota”, ele não renunciou seu princípio artístico de que o público é capaz de compreender e ampliar os significados e sentidos de suas peças.
As personagens tchekhovianas estão sempre almejando algo que redirecione seus conflitos subjetivos e preencha seus vazios existenciais. Todavia, a satisfação dos desejos, a concreção dos objetivos, não proporciona a elas a mitigação de seus conflitos íntimos e tampouco cria novos sentidos para suas vidas. A tendência é que suas angústias se dilatem de tal forma que a própria existência se transfigure em fardo insuportável. A face arquetípica dessa amarga experiência pode ser encontrada na personagem Trepliov, assim como na enigmática Nina da peça “A Gaivota”.
A melancolia constitui um elemento ontológico das grandes personagens tchekhovianas. Sentimento de substantiva e ampla dimensionalidade humana, capaz de modular o transcurso das existências dos homens e mulheres, a dimensão melancólica da vida se revela como o procedimento artístico privilegiado de Tchekhov para representar as complexas dimensões subjetivas das personagens. A força desse sentimento se alastra e assimila todos os quadrantes aos quais se inserem as personagens e contribui ao advento e a consolidação de uma “atmosfera” – para usar a feliz expressão de Jacó Guinsburg – de desencanto.
A incomunicabilidade, outro inovador elemento constitutivo que atravessa a produção teatral de Tchekhov, é fonte motora do estranhamento vivido por suas personagens em suas quotidianas relações sociais. Em diversas circunstâncias, a impressão transmitida ao espectador e, ou, ao leitor é que as personagens tchekhovianas não estabelecem um diálogo entre elas, mas uma espécie de monólogo interior com elas próprias. A incomunicabilidade que se instaura entre as personagens também pode ser interpretada como uma estratégia que elas empregam para se desvencilhar de algumas situações constrangedoras, mas, sobretudo, para não ter que enfrentar momentos de intenso sofrimento. Em uma das cenas mais líricas, quiçá também mais inclementes, do teatro tchekhoviano, Trepliov, personagem da peça “A Gaivota”, declara o seu amor a Nina, que, não apenas despreza esse sentimento, como o soterra na confissão que faz de que jamais deixara de amar o principal rival de Trepliov: o decadente escritor Trigórin. O que torna essa cena extremamente dolorosa não é a franqueza de Nina, mas a incomunicabilidade entre ela e Trepliov, que apresenta dois universos subjetivos reclusos em suas amarguras.
As possibilidades de interpretação da obra tchekhoviana são inúmeras, mas é fundamental destacar o tamanho encantamento provocado por suas obras teatrais decorre do fato de ter mostrado que a interpretação da vida humana não pode ficar aprisionada no plano da “racionalidade objetiva”. Em outras palavras, por meio do procedimento artístico que capta as múltiplas dimensões subjetivas de suas personagens, Tchekhov desvelou que o real é demasiado amplo para ser retratado apenas em suas manifestações objetivas e que os conflitos e dilemas que cada ser humano preserva dentro de si possuem valor inestimável.


Ygor Gouvêa 05/12/2020minha estante
Perfeito!


Josef.Geraldo 04/09/2022minha estante
Gosto muito dos escritores russos e sou amante da lingua. Sou estudante de Letras e Meus prediletos são Anton Tschekhov e ???????? ???????????? ou Vladimir Mayakovski.
Devido ao meu trabalho, tenho a oportunidade de visitar o Pais e estar em contato com seu povo, acolhedor, brincalhão e exigente.
Como menciona nosso amigo Rio acima, sua obra é um teatro imanente à vida, que não põe em cena personagens gloriosos, heróis, vilões, mas a vida, por vezes miúda e medíocre, de pessoas comuns tentando dar jeito em suas próprias existências.




Julesbubules 12/05/2023

Somos gaivotas
?Sou uma gaivota... Não, não é isto. Lembra-se de ter abatido uma gaivota? Um homem passa, não tem que fazer, e pronto, acaba com a gaivota! Dá para um pequeno conto. Não, não é isto. (Passa a mão pela fronte) De que é que eu estava a falar? Estava a falar do teatro.?

É como ver o desabrochar de uma rosa e em seguida ver ela sendo esmagada por outro alguém. O silêncio para as mudanças de estado de espírito das personagens é ensurdecedor.
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Ivone.Mariano 08/05/2020

Livro de uma sentada
Não tenho o hábito de ler dramaturgia, então sempre acho um desafio, mas, esse livro foi super tranquilo, a leitura é bem curtinha e a gente dá conta da leitura em uma sentada.
Fiquei um pouco perdida quando soube que o autor trata a peça como uma comédia, não há nada de engraçado no texto e nem nada espirituoso. Porém, Tchenkov assim denominada o texto por não o considerar elevado, que seria assunto da tragédia. Sendo assim, a obra recebe a alcunha de ?comédia séria?.
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Majubileuu 17/04/2021

LENTO PORÉM BOM
Confesso que tive que ler duas vezes para entender o real significado da coisa.
E se vc quer algo com uma mensagem positiva e que lhe transpareça esperança e alegria para um mundo melhor. Essa NAO é a história pra vc.
Ela mostra uma vida triste, uma vida em que vc ama e não é amado de volta. Mas há uma beleza triste nisso tudo. Como uma gaivota morta.
Enfim.... eu me identifiquei DMS com o protagonista. Principalmente por ele ser um escritor, um artista. Embora seja lenta, eu gostei mto. Me deixou extremamente impactada. Principalmente a cena final do treplev com a nina
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Cynara.Maira 16/03/2021

Surpreendente
Eu não consigo explicar o que exatamente nessa peça me pegou de jeito e me deixou apaixonada, mas eu me apaixonei. Acho que fala muito sobre a vida, sobre entender o que se faz dela e o final meu deus maravilhoso. O conflito entre mãe e filho, o amor dos personagens, nossa de verdade eu estou apaixonada
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Mari Moraes 29/05/2021

Talvez seja inteligente demais para mim
Vamos lá, na pandemia resolvi estudar coisas diferentes e cá estou eu no meu primeiro semestre de estudos do teatro e de interpretação.
Esse foi o primeiro livro apresentado pela professora de interpretação, a matéria com maior peso em todos os semestres, toda a escola fala dele, todos os alunos já leram, todo mundo ama, foi uma das primeiras montagens de Stanislavsky e... eu simplesmente não entendi o hype.
Não é ruim, é bom. Mas eu achei isso, somente bom.
Não tenho mais o que falar em termos técnicos, não achei particularmente inovador, aliás, não achei particularmente nada. É uma peça, ponto.
Ou talvez seja inteligente demais pra mim e eu não tenha entendido, ou talvez eu não seja tão sensível assim, não sei... talvez o hype estrague a arte...
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Anderson.Hoch 19/08/2021

Teatro russo
E para a categoria 7 do Desafio Livrada - um teatro russo - fiz a leitura de "A Gaivota" de Antón Tchékhov, um livro curto, uma peça em quatro atos onde cada um traz uma ou mais características dos personagens, da história ou ambos.
Uma experiência muito boa, interessante a forma, o tema e a linguagem, com referências comuns e do cotidiano, embora por vezes o texto trava a ação ou vice-versa.
Em todo caso, uma boa leitura, boa entrada para a literatura russa, mesmo não sendo o primeiro russo.
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juh 09/05/2023

Legal
Li pra um trabalho de interpretação na faculdade, gostei bastante até só achei meio complicado?????.
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spoiler visualizar
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Svartzorn 07/11/2015

Passível de ser lido como uma simples novela. Um enredo que, como ressaltado pelo posfácio, parece um pouco oculto no meio das trivialidades de uma burguesia russa do século XIX. Em todo caso, compreensível e uma mensagem bastante pertinente. Também digno de nota por conta dos pensamentos de alguns personagens acerca da arte da escrita. Futuros escritores, estejam atentos.
Mas, como não tenho qualquer experiência com dramaturgia, é possível que essa pequena resenha se saia muito mais cheia de diletantismo que de costume - provavelmente há algo que não estou captando. De qualquer modo, a simples leitura não substitui a vivência da peça em um teatro.
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IvaldoRocha 21/07/2016

Um tanto estranho Tchekhov tê-la considerado uma comédia.
O título “A Gaivota”, faz referência a um episódio quando Tchekhov, recebeu em sua propriedade no campo a visita de seu amigo, o pintor Levitan. Em uma tarde de caça, Levitan atingiu uma ave e quando foram pegá-la e Levitan viu a ave se debatendo desesperada, pediu a Tchekhov que a mata-se esmagando a cabeça com a coronha da arma. Tchekhov embora relutante teve que matá-la pois quem agora estava desesperado era Levitan, Tchekhov então escreveu:
“E, enquanto dois imbecis voltavam para casa e sentavam-se para jantar, havia uma criatura fascinante a menos no mundo.”
A peça quando encenada pela primeira vez, foi vaiada e Tchekhov deixou o teatro jurando nunca mais escrever outra peça. Talvez o fato dela ter sido apresentada como comédia, e ser muito diferente das comédias da época, tenha colaborado na sua rejeição inicial. Alguns anos depois e com uma certa relutância de Tchekhov, a peça volta a ser encenada e obteve sucesso, tendo se tornado um clássico do teatro russo.
Os seus principais personagens são:
O jovem escritor Trepliov, filho da famosa atriz Irina, que tenta comprovar seu valor como escritor e assim conseguir o amor de Nina, filha de um rico proprietário de terras.
Ao redor deles Trigórin, escritor famoso e namorado de Irina, Sórin irmão de Irina, Chamraiev administrador da propriedade de Sórin, Macha sua filha e Andréievna sua esposa e amante do médico Dorn e Miedviediênko o professor.
Estes personagens irão contar a história que se passa em pouco mais de dois anos, cheia de reviravoltas e com um final surpreendente é uma leitura agradável. Um delicioso passeio em uma Rússia na eminência de sofrer fortes mudanças sociais.
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giovanna 29/05/2022

"[...] e é feliz e livre, como a gaivota.'"
Mais uma das peças de leitura para alguma disciplina da faculdade, e confesso que ao somar o conteúdo desta com a da aula em que a leitura foi indicada, consigo notar perfeitamente as razões para ter sido apresentada à essa obra.

A Gaivota é uma peça em quatro atos que possui personagens típicos de Tchékov e traz uma interessante visão e crítica da classe artística e dos processos criativos que se davam na época. É uma metalinguagem muito instigante à que se passa na obra, e é muito enriquecedor pensar nela no contexto da chamada Crise do Drama.
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Isa 11/03/2023

Tive a honra de fazer uma esquete de cenas da gaivota em um trabalho da faculdade e fiz a nina no último ato quando ela retorna da cidade. um privilégio ter o meu caminho cruzado com o de nina e compartilhar essa caminhada com ela.
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