Resenhas - Memento mori

Day 15/08/2021

sua alma está disposta?
Muriel Spark escreve muito bem. Por não ter me prendido tanto, demorei alguns dias pra concluir a leitura, mas quando pegava pra ler as páginas passavam bem rápido. E, para um livro 3 estrelas, até que marquei bastante coisa (a maior parte de falas da Jean Taylor, que pra mim foi a melhor personagem junto com Charmian).
Achei muito interessante um livro em que todos os personagens são velhos, e nada melhor que fofoca de velho rico pra se entreter. Incrivelmente, a autora conseguiu unir todos os personagens, ninguém está ali só por estar.
Se gostei de tantas coisas, porque não dar mais estrelas? Então, acho que a sinopse do livro se perdeu. O motivo das ligações não é explicitado, as personagens não tomam atitudes para se lembrar que, de fato, vão morrer. Todos continuam vivendo suas vidas apesar do burburinho das ligações.
A autora desenvolveu os personagens, ligou todos eles, mão não se aprofundou no que o livro se propõe a ser. Ele é muito mais sobre fofocas e intrigas do passado do que sobre idosos que recebem uma ligação os lembrando da morte. Inclusive, todas as marcações que fiz são pensamentos interessantes sobre a morte (e eu queria MUITO um aprofundamento maior no livro).
"Uma boa morte não está na dignidade com que é suportada, e sim na disposição da alma" p. 190.

Raquel 26/01/2021

Dispensável
Num dia absolutamente comum, Dame Lettie, uma senhora de 80 e poucos anos, recebe um telefonema anônimo em sua casa com um aviso sombrio dirigido a ela: "Lembre-se de que irá morrer".

Assustada, procura seu irmão Godfrey e sua cunhada Charmian para ajudá-la. Godfrey sugere que procure a polícia, porém, para Dame Lettie, a própria polícia pode estar envolvida no caso. Charmian se encontra muito senil.

Dame Lettie continua a receber, todos os dia, o mesmo recado pelo telefone: "Lembre-se de que irá morrer". A senhora vai ficando extremamente incomodada e perturbada com o que ela considera verdadeiras ameaças. Aos poucos, as pessoas a sua volta começam a duvidar da veracidade do que é contado e de sua sanidade, até que eles próprios, todos entre 70 e 85 anos de idade, começam a receber exatamente o mesmo aviso.

Como 95% dos personagens do livro são bem idosos, a história tem narrativa lenta, onde pouca coisa acontece de fato. As "ameaças" não saem do plano do telefone e da cabeça dos personagens. A trama não se desenrola com facilidade e ao final sobram muitas pontas sem nó.

Sinceramente, este livro me chamou a atenção com um título desses. Achei que seria uma viagem filosófica em meio aos sentimentos que envolvem a iminência da morte, mas pra ser bem sincera, achei o livro bem chato.

Ana Morais 27/12/2020

Interessante
O livro conta a história de alguns idosos que ficam agitados após receberem ligações cujo interlocutor anônimo diz: " Lembre-se que vai morrer", entre descobrir quem de fato faz as ligações e lidar com problemas que só a velhice traz, eles acabam lembrando do passado e pensando sobre a morte que a cada dia está mais próxima deles. Embora seja trágico e mórbido, também é divertido.

Lissa - @leiturasdalissa 14/09/2011

Lembre-se de que vai morrer!
Memento Mori é um livro que, a primeira vista, pode parecer mórbido. Nele, somos introduzidos a todas as aflições da terceira idade, sejam elas físicas ou mentais. Baseando-se nisso, temos motivos suficientes para imaginarmos quão triste e depressiva pode ser essa fase da vida humana. Contudo, a autora escosa Muriel Spark consegue, ao longo da narrativa, dar um ar leve e engraçado nessa típica novela dos anos 1950.

O título do livro é uma expressão em latim usada por monges, que significa "Lembra-te de que vais morrer". E esse é o mote da história. O grupo de anciãos formado por Dame Lettie Colston, seu irmão Godfrey Colston, a esposa dele, Charmian Piper e vários outros idosos de faixa etária entre 70 e 100 anos, todos com algum nível de ligação ou parentesco, amedronta-se com ligações misteriosas que recebem. Nelas, apenas a frase "Lembre-se de que vai morrer" é pronunciada. Cada personagem possui uma forma ironicamente cômica de descontar o medo causado por essa mensagem: implicando com alguém próximo, inventando maldades e desenvolvendo cansativas manias.

Nenhum velhinho é feliz. Estão todos doentes e cansados, tanto deles mesmos e de suas debitações quanto daqueles com quem convivem. Uma das citações do livro que mais me chamou atenção foi "ter mais de setenta anos é como estar em guerra: todos os nossos amigos estão indo ou se foram, e nós sobrevivemos entre os mortos e os moribundos, no meio de um campo de batalha". Depois dessa leitura, assumo que fiquei imaginando até qual idade eu chegarei e como morrerei, e quais dos meus amigos ainda estarão comigo nessa época da vida.

O livro é, em sua essência, uma reflexão sobre a velhice adornada por pitadas de suspense e humor e são essas duas características que tornam a leitura fácil e gostosa, embora eu tenha me decepcionado um pouco com o final. O mistério carregado por todo o livro deixa um grande ponto de interrogação que pode ser interpretado de várias maneiras e eu não sou muito fã de finais em aberto. Mas, no geral, é uma leitura interessante, especialmente se você for jovem.

Leia o restante dessa resenha no meu blog: http://shimmy-oh.blogspot.com/

Cinara 17/06/2010

Um livro de suspense escrito de forma competente e satisfatória. A originalidade está nos personagens - idosos que, de forma anti-natural e inesperada, morrem assassinados, depois de alertados da própria mortalidade. Serve como um lembrete objetivo de que a velhice é inexorável e uma possibilidade suportável diante da outra opção, bem como de que o respeitável ancião de hoje, pode ter sido o cruel e promíscuo jovem de ontem. Com diálogos supreendentes entre velhos (literalmente) amigos e amantes adúlteros, é um alerta objetivo para a juventude pretensiosa. A escolha do título foi de grande pertinência. Para olhar nossos avós com outros olhos.