Ruan Ricardo Bernardo Teodoro 07/07/2023
Neste ensaio, o filósofo José Ortega y Gasset discorre sobre a formação moderna do império político das massas. Nesse sentido, conta o autor que houve um grande aumento da população europeia até o século XX, bem como o aperfeiçoamento da democracia nos diversos territórios do Velho Continente.
Essas mudanças acarretaram a majoração do "homem-massa", isto é, como define o espanhol, o homem médio, que se satisfaz em ser aquilo que já é. Desse modo, com o advento do homem-massa, as minorias dirigentes que até então conduziam a Europa - a nobreza e os soberanos, abandonaram seus postos a fim de que fossem ocupados pelas massas.
No entanto, essa alteração do poder político não veio sem consequências. Uma vez que o homem médio não se esforça para ir além do que já é, o seu domínio político também tornou a política "medíocre".
Sendo "medíocre", o homem não possui aspirações elevadas e nem objetivos definidos a alcançar. Nesse diapasão, dentro da teoria da razão vital de Ortega, a vida é um conjunto de circunstâncias que se encontra no mundo, isto é, uma miríade de possibilidades as quais o ser humano deve optar para viver.
Logo, define o filósofo que a modernidade "tem mais vida que a vida" de outros tempos - pois tem mais possibilidades, mas não sabe o que realizar com elas. Consequentemente, o homem-massa não tem passado e se sente como um infante na perspectiva histórica, e tampouco possui futuro, pois sente que já atingiu a apoteose dos tempos. Vive, portanto, em um perpétuo presentismo, à deriva, sem saber para onde ir.
Sem estender o assunto, esse ensaio oferece muitos pontos para reflexão, trazendo à mente qual o papel da política e, principalmente, a natureza e a existência do indivíduo.