Isa_Oli 26/12/2015
Você vai se apaixonar
O que dizer desse livro? Quando eu o comprei tinha a expectativa de rir muito, encontrar uma caricatura do Imperador e sua amante. Mas logo no início a minha concepção mudou bastante. As cartas tem um tom tão terno, amoroso e carinhoso que é impossível não se emocionar. Logo que comecei as ler, tive que tomar o cuidado de não chorar ou rir em público (porque grande parte do livro, lia enquanto estava no ônibus ou lugares públicos). Em vários momentos meus olhos se encheram de lágrimas. É difícil classificar esses dois personagens tão importantes da nossa história com poucas palavras e adjetivos. Antes de ler, eu tinha certa mágoa de Dom Pedro por ter abandonado seu filho, sem mãe, aqui sozinho e tão pequeno para ser criado com o único objetivo de governar. Antes, me incomodava o fato dele ser um "tarado" (o que sua história verdadeiramente não nega, o homem era definitivamente um "fogo-foguinho"). Mas então você percebe o verdadeiro Monarca, aquele que coloca sua posição e suas obrigações como Imperador acima de seus mais íntimos desejos. E então você percebe o homem, que está sujeito as falhas, temperamento, vontades. E você percebe um homem que ama, dedicado, carinhoso, com um amor doido que no final você torce para que tenha levado com ele até o final dos seus dias, um amor que te faz ciumento, desejoso de que pudesse experimentar algo parecido. Não é à toa que a sociedade brasileira tenha odiado a Marquesa de Santos, com certeza pelo ciúmes de ter que dividir as atenções e cuidados desse homem com uma mulher simples, ao ver seu Imperador pendente de sua querida amante e da vida que ele queria viver com ela, ao vê-lo elevá-la de tal forma acabaram a odiando e demonizando uma mulher cujo maior pecado foi ser o objeto da adoração de nosso Imperador. No livro, muito mais dele do que dela é revelado. Um lado bonito que não sabia existir até então. E terminei dividida, sem saber o que pensar dele, sabendo de tantos defeitos (o homem não resistia a nenhuma rabo de saia), e mesmo assim, quando você começa a ver a alma de Dom Pedro ser desnudada através de suas cartas, é impossível não gostar dele, não acreditar nele, de que suas palavras eram verdadeiras e não apenas bajulações baratas de um Libertino. Recomendo a leitura e a busca por conhecer mais dessa história, agora espero encontrar outros livros que me ajudem a sanar as curiosidades despertadas, sobre as duas Imperatrizes, sobre a Marquesa, sobre o próprio Imperador. A única certeza que tive foi essa: Domitília, a Titília, seu amor, sem sombra de dúvidas foi a mulher da vida de Dom Pedro, sua grande paixão, a mulher com quem ele teria passado toda a sua vida se pudesse. Eu, que sempre fui terminantemente contra casos extraconjugais (e ainda sou) tentei olhar com olhos mais brandos para a história de pessoas que definitivamente não podiam escolher, foram criadas para não escolher, tinham a obrigação de escolher mais pelo que os outros queriam do que pelas suas vontades próprias, mesmo tendo que abdicar do casamento por amor, jamais seriam capazes de abdicar do Amor por si próprio, ou de "escolher" viver sem amar. É um tanto cruel de minha, ou de nossa parte querer fazer essas escolhas pelos outros.