Letícia 29/07/2016Recomendo.Este livro de fato ensina muito sobre matemática. Os primeiros dois capítulos foram os mais cativantes para mim, pois trata de como interagimos com a ideia de quantidades e números. Vários experimentos foram citados e explicados, com comentários feitos pelos próprios pesquisadores entrevistados. Tais experimentos envolvem grupos de crianças e grupos de tribos nativas isoladas de nossa sociedade, como as tribos indígenas amazônicas e as aborígenes da Austrália. A conclusão dos estudiosos a partir dos resultados com as populações amazônicas e as crianças é a de que primeiramente enxergamos os números de maneira logarítmica, ao invés de linear! Essa é uma conclusão totalmente contraintuitiva, porém, a percepção linear de variação dos números está relacionada ao processo de aprendizagem escolar, que altera nossa assimilação numérica.
Outros diversos temas são abordados. Alguns são clichê, como o número de ouro, a obsessão por pi e as inúmeras demonstrações do Teorema de Pitágoras. Outros são surpreendentes, como a tradição japonesa de aprendizado e competição com ábaco e o uso de origami como ferramenta matemática. Na verdade, diversos jogos e materiais como origami, crochê, quadrados mágicos, sudoku, tangram, etc, tornaram-se ferramentas matemáticas poderosas, os quais possibilitaram outra maneira de olhar a geometria - um pouco menos ortodoxa e mais simples que os métodos euclidianos - e a teoria dos números. Outros temas pouco usuais foram abordados, como bases numéricas alternativas (diferente da decimal que usamos, como a dozenal), matemática védica, antigos equipamentos de medição, réguas logarítmicas, probabilidade e jogos, Cantor, Hilbert e infinitos, fundamentos de estatística, geometria de espaço curvo... E ainda tem mais.
A escrita do livro é ótima, os conteúdos fluem muito bem e de modo bem-humorado. De fato, recomendo fortemente como livro de curiosidades matemáticas.