spoiler visualizarNathan Scano 30/07/2018
O filósofo italiano Giovanni Pico Della Mirandola tinha como objetivo principal conciliar a religião com a filosofia, porém este não limitou sua argumentação a elementos puramente cristãos. Em sua busca de harmonizar a fé com a razão sustentou sua teoria também, por meio de concepções tidas como pagãs, entre elas: Árabes, Gregas, mitológicas e Islâmicas.
Em continuação o autor afirmou que enquanto meditava acerca do significado das afirmações citadas acima, não se satisfez com as ideias habitualmente ditas por muitos a propósito da grandeza da natureza humana, pois: "Ser o homem vínculo das criaturas, familiares com as superiores, soberano das inferiores, pela agudeza dos sentidos, pelo poder indagador da razão e pala luz do intelecto, ser interprete da natureza" (DELLA MIRANDOLA, 1484, p. 54).
A filosofia de Mirandola iniciou a corrente humanista, movimento este que enaltece a figura humana, inspirado na civilização greco-romana aonde os conjuntos de doutrinas fundamentadas precípua nos interesses, potencialidades e faculdades do ser humano, sublinha sua capacidade para a criação e transformação da realidade natural e social. Bem como pelo seu livre-arbítrio diante de pretensos poderes transcendentes, ou de condicionamentos naturais e históricos.
Um exemplo da concepção humanista no "Discurso sobre a Dignidade Humana" está no fato do autor justificar a felicidade humana devido a razão do mesmo em oposição à natureza, que seria por tanto bem definida dos outros seres e destinado a responder a leis prescritas pelos homens: "Estabeleceu, portanto, o óptimo artífice que àquele a quem nada de especificamente próprio podia conceder fosse comum tudo o que tinha sido dado parcelarmente aos outros. Assim, tomou o homem como obra de natureza indefinida e, colocando-o no meio do mundo, falou-lhe deste modo: "Ó adão, não te seja próprio, nem tarefa alguma específica, a fim de que obtenhas e possuas aquele lugar" (DELLA MIRANDOLA, 1484, p. 57) "
A justificativa da prevalência humana sobre os demais se dará por meio da razão, porém o argumento racionalista apresentado por Pico Della Mirandola é sustentado por preceitos religiosos ao dizer que: "Se racionais elevar-se-á a animal celeste"(DELLA MIRANDOLA, 1484, p. 59). Essa argumentação do autor serve para nos aproximar dos anjos, devido a inteligência espiritual dos mesmos, assim seria legitimada a necessidade da busca da razão estar atrelada a ideia de aproximar-se de Deus. Neste contexto, dirá que existem escadas que sobem do fundo da terra até o cume dos céus, no alto dos quais está sentado o senhor, sendo portanto, necessário para nos aproximarmos de deus da mesma forma que os querubins, o refreamento das paixões com a ciência moral, dissipando a treva da razão com a dialética, e assim purificando a alma limpando-a das sujidades da ignorância e do vício.
Giovanni Pico Della Mirandola estabeleceu em seu "discurso sobre a dignidade do homem" que o mesmo é o maior milagre divino, pois com o uso da razão este possui a capacidade e a possibilidade de fazer-se a si próprio, em oposição aos demais seres, a sua natureza não é predeterminada. O grande milagre no homem afirmado pelo autor é que ele pode inventar a si próprio, pode construir a si mesmo. Sendo assim não somos nem terrestres nem celestes, não somos imortais nem mortais, estamos na divisa dos dois mundos. Temos a liberdade de nos fazer conforme nossa preferência, somos criadores de nós mesmos.
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