Barbara Sant 02/10/2011Oieee Geeennnteeee!!!!
Hoje tem resenha da série Mortal.
Mas antes da resenha, quero deixar um aviso. Se você tem "ouvidos" sensíveis e não gosta de ler palavrões, leia a resenha com cuidado.
Eu precisei de vários palavrões para ilustrar minha indignação com algumas das escolhas do tradutor/editor/revisor/quem-quer-que-tenha-sido-o-culpado pelo resultado final de Retrato Mortal.
A série mortal, para quem não conhece, é uma coleção policial com mais de quarenta títulos, todos lidos por mim no original em inglês. Os personagens básicos são os mesmos e a cada novo livro alguns novos são acrescentados.
Alguns só de passagem e outros viram personagens fixos, mas todos tem em comum sua perfeita caracterização.
Você percebe que as atitudes dos personagens, do início ao fim, são coerentes com suas personalidades.
Nos personagens fixos a Nora faz questão de ir mais além. Você percebe maneirismos linguísticos, físicos, atitudes e até algumas manias.
No caso da Eve, por exemplo, isso é um dos motivos de muita gente ter uma antipatia terrível por ela. Ela é linha dura, turrona, boca suja, mal educada e muitas vezes chega a ser grossa ao extremo. (Ela também é justa, honesta, persistente, leal, tá? Não é só defeitos hahahah)
Isso quer dizer que ela chama palavrão pra burro. Ela diz porra, chama os bandidos de filhos da puta, diz que vai cortar os paus deles fora e enfiar no cu, cortar os colhões e fazer sopa e todo o tipo de coisa anatomicamente impossível.
O Roarke, por outro lado, é um antigo ladrão altamente refinado. Tem maneirismos próprios e vez ou outra você consegue escutar os becos de Dublin nas coisas que ele fala.
Isso quer dizer que esteja ele na sua persona dono de 1/3 do mundo e além ou na persona ladrão de mãos ligeiras, ele tem um estilo de diálogo todo próprio.
Agora, imagine só a minha frustração quando me deparei com meus personagens não dizendo um só palavrão descente, chamando uns aos outros para "irem agitar" quando estão saindo para fazer uma investigação e todo tipo de infantilização e suavização possível e imaginável.
Gente, me desculpem, mas tudo o que eu pensava enquanto relia "Retrato Mortal" em português era que aquilo era o maior absurdo possível já feito em todos os absurdos linguísticos já cometidos na tradução da série.
Já basta a Bertrand optar por não lançar os livros "livres", com pequenas estórias entre um e outro, Deus sabe por quê. Aí me chegam num livro superimportante para a série, como é Retrato Mortal, e descaracterizam os personagens?
Nossa, achei o cúmulo da falta de respeito com quem já leu, comprou e sofreu em 18 livros.
Tá, você pode dizer que ele se redimiu em Imitação Mortal, o que é verdade, mas eu precisava deixar a minha indignação aqui.
Afinal de contas, não adiantava eu dizer que o livro era ótimo, porque qualquer fã da série que já tenha tido a oportunidade de ler os originais saberia que era uma mentira sem precedentes.
Massss, apesar da catástrofe causada por essas escolhas, Retrato Mortal é um divisor de águas na série.
O foco central desse livro é o Roarke.
Nos 16 livros anteriores você ficou sabendo muito sobre o passado do Roarke. Que o pai dele era um ladrão desgraçado, a mãe uma vaca e a vida dele um inferno.
Que o Summerset salvou a vida dele quando o levou para morar com ele e que, apesar da infância desgraçada (ou talvez por causa dele) ele resolveu mudar de vida e ficar rico.
Mas aíii, chega Retrato Mortal e a J.D. da uma rasteira sem precedentes nele. Tudo, absolutamente tudo o que ele tinha certeza na vida dele vira de cabeça para baixo quando ele encontra uma assistente social irlandesa que trabalha no Dochas.
Não, eu não vou contar o que acontece. rs Sim, eu sou muito malvada, mas, eeehhhh, spoilers sucks hauhauhauha.
Já do lado da nossa destemida tenente, ela investiga um caso envolvendo um serial killer que mata jovens pessoas, as fotografa e envia as fotos para o jornal.
O cara é mórbido e terrível. E, me acreditem, um dos assassinatos fará você chorar como um bebê, já que ele bate na porta de um dos nossos personagens queridos.
Aí vocês imaginam só a situação da Eve, né?
Vai ter que fazer malabarismos para investigar o assassino, tentar ajudar o Roarke com a...novidade familiar dele e superar obstáculos emocionais...
Bom, resumindo, vale muitíssimo a leitura (e a aporrinhação de aturar as furadas da tradução nele), porque a estória é maravilhosa!
Recomendo!
PS: Sei que minha contagem dos livros não bate com a oficial, mas eu conto os livros em sequência de lançamento, independentemente se são considerados fora de série...