Alipio 22/07/2020
Dom Quixote " e outras histórias"
Comentei em postagem anterior sobre o desejo de ler a obra integral de Dom Quixote, apesar de ter lido a obra resumida há anos atrás.
Na minha humilde opinião, a Obra deveria ter o título: " Dom Quixote e outras histórias". Tinha ciência que alguns contos foram inseridos na obra para atender à um público que prezavam por leituras de romances. ( mas não imaginava que seriam tantos). Nessa edição o tradudor afirma que alguns contos com frágeis vinculos com a história principal foram adicionados, evoluindo a obra de conto para romance.
Bom, vamos às impressões sobre a história principal do primeiro volume.
Muitos críticos e teóricos interpretam a obra de Cervantes um tanto diferente da que pretendida pelo autor e procuram fazer análises mais formal da obra com alegorias de um contexto social e religioso: " Concilio de Tentro, moralidade do clero, reforma protestante, contra reforma, inquisição representada pela a queima de livros, construção social do individuo, etc.
Acredito que toda obra literária transmite ensinamentos que são absorvidos pelo leitor. A obra de Cervantes não foge dessas características, porém o maior objetivo da história sobre o cavaleiro sonhador, " Dom Quixote de La Mancha", é fazer com que o leitor se divirta com a narrativa desse sensacional romance.
Dom Quixote é uma leitura divertida e prazerosa.
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Miguel de Cervantes em sua clássica obra " Dom Quixote de La Mancha " torna-se o pioneiro do romancismo moderno. A obra tem a capacidade de atrair o leitor da mais tenra idade até os mais idosos pela forma de sua narrativa.
O primeiro volume foi publicado em 1605 e o segundo em 1615.
O protagonista da obra, Dom Quixote, é um leitor voraz de romances de cavalaria que desfaz de parte de seus bens para comprar livros desse gênero. Essas leituras vão influenciá -lo tanto, ao ponto de assumir o personagem de Cavaleiro andante, libertador dos oprimidos. Depois de se paramentar com uma armadura enferrujada, fazer algumas adaptações no elmo, escolher um nome pomposo para seu pangaré, afinal Alexandre O Grande teve o seu Bucéfulo.
Batizando o pangaré por nome de Rocinante e autodenominando " Dom Quixote", sai para cumprir no que acredita ser a sua missão: ajudar as pessoas, corrigindo injustiças que lhes eram imposta.
Com imaginário em transformar moinhos de vento em gigantes , estalagem em castelo, rebanhos de ovelhas em poderosos exércitos, ele cria também a sua amada e venerada donzela, Dulcineia del Toboso.
No primeiro contato com estranhos, em uma estalagem (bordel) que a vê como um castelo, prostitutas como princesa, o leitor já começa a ter seus primeiros momentos de risos pela forma que se porta o " nosso herói " diantes de certas situações.
Na estalagen ( seu castelo imaginário), instiga o estalajadeiro ( castelão)a realizar a cerimônia que o torna cavaleiro com a presença das duas prostitutas vistas por ele, na sua fantasia, como damas de cerimônia.
Mas ainda faltava-lhe algo. Um cavaleiro que se preze, precisa de um escudeiro. Com a promessa de ser bem recompensado , Sancho Pança o segue para seu mundo de aventura e desventuras para combater inimigos imaginários, forças ocultas que são contrárias à sua nobre missão de reparador de afrontas e injustiças
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Após ser surrado diversas vezes, ter os dentes quebrados e se meter em muitas confusões por causa de suas imaginações, seus amigos arquitetam um plano para levá-lo de volta à sua aldeia.
Um momento da narrativa que não poderia deixar passar batido aqui em minhas impressões, é a seleção de livros que é feita pelo padre e o barbeiro e que seriam queimados, por serem os que " enfeitiçaram" o sr. Quixana com as suas histórias profanas. Ao decidirem deixar os livros de poesias intactos, a sobrimha questiona: " se o meu tio se curar do feitiço de cavalaria e ler esses livros, pode ser que queira fazer pastor e andar pelos campos tocando e cantando ou se fazer poeta, e seria pior. É melhor que se queime todos"
Em outra situação, poderíamos ficar indignados com a queima de livros, mas a forma que é feita narrativa é tão divertida que é impossível o leitor não cair em grande gargalha.
O teor da obra é transmitir ao leitor a necessidade de se ter empatia e a busca de uma sociedade livre de injustiças
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" ...Tudo bem, seja o que for
Seja por amor às causas perdidas.." ( Engenheiros do Havaí)
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Uma coisa é certa. Dom Quixote não viveria as aventuras que viveu se não fosse pela construção de seu mundo de fantasia.
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Resumo dos personagens adicionados à história principal:
- Lotário, Alselmo e Camila ( o curioso impertinente) um romance trágico
- Cardênio, Lucinda, Dorotéia e Dom Fernando. um romance conturbado, porém com um final feliz
- Capitão Viedma ( cativo cristão) e Zoraida ( moura) uma narrativa das aventuras de um capitão, cativo e o seu amor por uma moura que se converte ao cristinianismo.
- O ouvidor e sua filha Clara Viedma com outra narrativa romântica de Dom Luis e o do ouvido com seu irmão ( Capitão Viedma) na estalajem , onde todos os personagens das histórias se convergem, inclusive Dom Quixote, que com suas alucinações, conseguem envolver a todos em uma confusão generalizada.
Depois de se envolver em outra confusão com peregrinos de uma procissão, Dom Quixote é levado de volta pra Casa
A obra é boa, as histórias complementares inseridas pelo autor são boas e interessantes. São histórias de amores de donzelas humildes por rapazes nobres, alguns correspondidos outros negados, a pricípio frustados, depois remediados e um outro com final trágico. Se o leitor tiver "apenas" o interesse nas aventuras de Dom Quixote e Sancho Pança, e não estiver disposto a encarar esse calhamaço, uma boa edição resumida da obra é o suficente para conhecer e se divertir com as aventuras do " cavaleiro da triste figura ", Dom Quixote de La Mancha e seu companheiro Sancho Pança
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