Julia.Roloff 27/02/2024
Uma coisa é inegável sobre Outlander: é uma história bem escrita. A autora, Diana Gabaldon, não é uma iniciante; ela já escreveu bons livros e tem muita experiência, e isso se reflete na leitura. A trama é bem desenvolvida, com começo, meio e fim, cheia de detalhes e sem espaço para buracos. É uma leitura que parece uma história real.
Do começo ao fim, você vai sentir que, se alguém viajasse 200 anos no passado, realmente parece fazer sentido que todas essas coisas aconteçam. Toda a história é muito real e interessante.
Antes mesmo de ler, imaginei que o livro tratasse de questões históricas de forma muito precisa, com fatos baseados na história da Europa no século XVIII, e isso correspondeu muito às minhas expectativas durante a leitura.
O livro realmente surpreende pela qualidade. É fácil se sentir parte da história e inserido no contexto criado pela autora, principalmente pelo talento de Diana em descrições de cenários, criação de diálogos realistas, entre outros.
Inevitavelmente, você vai acabar aprendendo muito sobre história, sobre o modo de vida na Europa em 1740, sobre crises políticas, e assim por diante. Acho que isso valoriza muito o trabalho nesse livro, pois fazer esse tipo de pesquisa deve ser bastante complicado, mas conseguimos notar que Diana é uma entusiasta de história, e isso reflete na qualidade da abordagem dela na criação e elaboração dessa história.
Apesar de tudo isso, tive alguns problemas com essa leitura. Achei a leitura repetitiva; a protagonista, Claire, e o interesse romântico, Jamie, brigavam o tempo todo por quase sempre a mesma coisa sem sentido, o que parecia um pouco bobo e forçado.
Não gostei da forma como o romance principal foi desenvolvido, pois pareceu corrido e não foi o que eu esperava. Também não gostei que nunca houvesse uma segunda opção de par romântico para a protagonista; sempre foi o Jamie logo no início do livro, até porque eu não achei o personagem tão interessante assim.
O que me fez mudar de ideia sobre o livro de verdade foi a forma como foi conduzido esse romance entre os dois protagonistas, que me deixou bem desanimada com a leitura.
Até uns 80% da leitura, eu até estava curtindo, meio resignada com o romance, mas aceitando o rumo da história. Contudo, o final me deixou bem decepcionada.
Achei a forma como foi relatada a violência que acontece com o Jamie no final do livro muito excessiva e desnecessária. Não gostei que o Jamie tivesse que passar por tudo aquilo simplesmente porque o tal do Capitão Randall era malvado e, aparentemente, gay, e apaixonado pelo próprio irmão.
Achei estranho que o livro tenha um teor meio homofóbico, já que os únicos personagens gays na história são abusadores, tanto o Randall quanto o duque. Não vi isso de forma positiva, e toda essa violência que o Jamie sofreu e toda a descrição de como ele sofreu essa violência foi muito desnecessária e não acrescentou nada de novo à história.
A história se apresenta como um romance com viagem no tempo, então por que a gente ia querer saber sobre um personagem sendo estuprado com uma descrição gráfica? Odi
ei essa parte e achei que não fez sentido com a proposta da história.
No fim das contas, eu tinha uma expectativa de que o livro seria muito mais interessante e o romance, mais empolgante. O lance dela voltar para casa ou não foi decidido muito do nada para mim, e não consegui entender o porquê dela desistir da vida dela tão completamente.
Acho que esses são meus problemas com a história. Em questão de narração, a autora fez um trabalho impecável, mas a criação dos enredos foi meio capenga.
Com certeza, eu recomendaria esse livro para uma pessoa mais velha e com avisos de gatilhos, certamente.