LeCorvalan 18/04/2015
A Entidade: devo ler ou passo de vez?
Frank de Felitta é realmente um autor que eu adoro, gosto da escrita dele, do modo como tudo parece fluir. Mas, sinceramente? Eu levei praticamente um ano e meio pra terminar de ler A Entidade. E na verdade, nem terminei, cheguei no finalzinho e não aguentei certos acontecimentos do desfecho, fiquei realmente revoltada.
De qualquer forma.
Durante a (demorada) leitura, eu ficava num meio termo cansativo entre adorar o ser invisível que atacava a Carlotta ou odiá-lo por completo. Como eu disse, a escrita do autor é algo que me agrada no livro, mas havia cenas que ele desenrolou e desenrolou e no fim eram desnecessárias. Havia capítulos, parágrafos e páginas que poderiam ter sido encurtados ou excluídos do livro, porque falando sério, não acrescentava nada á história, e ainda deixou tudo um tanto cansativo.
Pra mim a história fluía e então parava e ficava numa coisa bem lenta que ás vezes eu só conseguia ler com muito sacrifício. Mas, vamos aos personagens:
Carlotta, ela é definitivamente uma personagem que me agrada. Ela é forte e decidida e independente, óbvio que com o tempo ela se torna muito inconstante e temerosa, vivendo sobre uma confusa nuvem de escuridão e medos. Mas, se tem uma coisa que eu realmente gosto sobre ela é isso, ela nunca perde as esperanças. Ela tem sempre essa esperança enorme de que tudo vá melhorar. De que ela e suas crianças vão ficar bem.
Billy e as meninas, gosto das meninas apesar de pouco aparecerem. Quanto ao Billy, ás vezes eu gosto dele, outras vezes não. Gostei dele na maior parte do livro, ele me pareceu um pouco mimado demais e muito super-protetor em relação a mãe, além disso, acabava não achando justo quando ele simplesmente agia de forma agressiva com o tal Jerry, que no final eu detestei e achei que seria melhor ter sido descartado da História, mas....
Drº Sneiderman... bom, eu gostava dele no início, sempre muito preocupado com a saúde mental da Carlotta. Mas então, ele se tornou um pouco obcecado e parecia não compreender o que realmente acontecia e se tornou um completo chato irritante, querendo sabotar outras pessoas só pra ele ter o poder total sobre a sua querida Carlotta. Sério, que cara chato.
Drª Cooley, eu realmente adoro essa mulher. Ela é toda racional, operando pela lógica, bom senso, toda preocupada com os valores éticos morais e com como seria vista diante da sociedade, mas no fundo, tudo o que ela quer é uma prova, uma comprovação de que coisas além existem. E ela sabe bem que sim.
Kraft & Mehan: Eu amo eles. Eles podem ser sérios e descontraídos ao mesmo tempo. Se preocupam com a Carlotta, querem ajudá-la e não aceitam um não como resposta. São dedicados ao seu trabalho, ás pesquisar e ao caso de Carlotta, e acima de tudo, não são céticos e muito menos hipócritas. Gostei deles logo de cara, e continuei a gostar deles até o fim do livro (quase o fim, é).
E por fim e não menos importante, muito pelo contrário. O Fantasma. O demônio. O Espectro Desencarnado. A Entidade, ou como preferir chamá-lo, tenho meus sentimentos duvidosos para com esse ser. Eu sei, eu não devia gostar de um fantasma, demônio, espectro e etc, mas é algo um pouquinho mais forte do que eu.
No início de tudo, quando a Carlotta começou a ser atacada eu pensei "esse fantasma filho da puta precisa morrer e voltar pro inferno", mas depois de alguns capítulos eu comecei a gostar dele e esperar que ele viesse atormentar a Carlotta o mais rápido possível. Eu sei, meio doentio, não é? Bom, então imaginem só como eu me senti quando fui ver o filme e no final apareceu aquela legenda assustadora "baseado em fatos reais... e mesmo que em menor intensidade os ataques á Carla/Carlotta continuam a acontecer até hoje", não foi com essas exatas palavras, mas foi essa a essência.
A questão é que, eu não fazia nenhuma ideia de que a coisa toda fosse realmente baseada em fatos reais. Então vou confessar...
Durante alguns capítulos (cenas), alguns deles bem próximos do final do livro (filme) eu fiquei esperando que de repente houvesse um final feliz pro Senhor Fantasminha e sua amada Carlotta, e não aconteceu, não é? Claro que não!
Então, descobrir que aquele ser do mal realmente existiu (ainda pode existir, não sei) era realmente do mal e realmente atacava daquele jeito um ser humano, eu fiquei um pouquinho aterrorizada, sim!
Quase tive um mini ataque cardíaco, por sinal.
...
Mas bom, pra resumir, o Espectro e a Carlotta, é óbvio, foram a minha parte preferida da leitura. Que apesar de ter demorado muito e ás vezes ter sido muito monótona, foi uma leitura agradável, interessante e muito construtiva.
A Entidade foi um livro marcante, com personagens fortes, uma escrita inteligente e história rica em detalhes. Frank de Felitta conseguiu o que nem Stephen King fez, então palmas á ele.
E sim, com certeza o livro é um "Devo ler!".