Polly 29/01/2020
Angélica: nunca subestime um livro infatojuvenil (#093)
Devo começar essa impressão literária confessando a minha desprezível substima para com Angélica. Sim, meu caro, cometi esse erro trivial que todos nós, meros mortais leitores, vamos cometer um dia na vida: achar que um livro infatojuvenil não tem muito o que passar a quem já passou dos 12 (logo eu, formada com eles). Eu não poderia estar mais enganada. Angélica é um livro incrível, cheio de reflexões importantes tanto para baixinhos quanto altinhos.
Angélica conta a história de um porquinho, cheio de prazer de viver, que depois de sofrer bullying dos amigos da escola por ser um porco, ou seja, ele mesmo, resolve mudar de identidade e esconder quem é de verdade. A identidade escolhida para ser assumida é Porto, o lugar mais lindo de todos em sua opinião. O, então agora, Porto vai tentar ser feliz outra vez, mas a gente sabe que não é possível, né? Quando não podemos ser o que somos, felicidade é coisa impossível de acontecer.
Nesse processo, Porto vai conhecer a cegonha Angélica, que vai ajudá-lo a se descobrir e não sentir vergonha de quem é. Angélica, que deixou família, casa, tudo, simplesmente por que não conseguia viver de hipocrisia, é o oposto de Porto quando o assunto é olhar para si mesma. Angélica não aceita fingir ser o que não é para ser aceita por todo mundo. Ela está pouco se importando com os outros. Ela que viver a verdade, quer viver de verdade.
Também vamos conhecendo outros personagens como o elefante idoso, o jacaré mais que machista (tem nem nome para aquilo de tão machista que é) e a família translocada de Angélica. Cada um nos oferece uma oportunidade para refletir sobre algo importante, como bullying, aceitação de si mesmo, machismo, vulnerabilidade social, hipocrisia. Tudo isso, enquanto Angélica e Porto montam uma peça que conta a história dela e de sua família maluca, cuja apresentação (vou logo falando) é o ponto alto do livro.
Enfim, Angélica, com certeza, está entre minhas leituras preferidas dos últimos meses. Ideal para dar de presente para aquela criança que já começou a ler com mais habilidade, porque esse é um daqueles livros para marcar a infância da pessoa, sabe? Ele é divertido, mas sem deixar de trazer uma mensagem importante, uma reflexão necessária para formar leitores e cidadãos mais críticos. Mas, você que já é adulto não deixa de aproveitar a oportunidade e leia esse espetáculo de livro que é Angélica!