Rai 13/05/2020Esses homens vitorianos, pelo amor de deusAo contrário do informado no apêndice, esse livro envelheceu sim. E envelheceu mal.
Considerando o contexto histórico, onde até dois anos antes da publicação a maioridade sexual era de apenas 13 anos, não vou entrar no assunto da pedofilia. Isso seria eu julgando este livro com olhos do século XXI, e não pretendo seguir esse caminho.
Mas mesmo analisando dentro do contexto, não tenho como dizer que é um bom livro. Ou sequer um representante de literatura erótica da época. É, na verdade, pornografia pura. E completamente voltada para o homem hétero vitoriano. Não tem uma história por trás, não tem emoção, não tem afeto (mesmo o narrador dizendo que tem), não tem sequer uma cena que não envolva penetração ou sexo oral. Além de tudo isso, uma menina de 15 anos e uma mulher de 27 compartilharem o mesmo homem e as experiências sexuais (inclusive sem a presença do dito cujo, pois elas já se relacionavam antes), é muito bizarro, pra dizer o mínimo.
Sexo não é amor. Parem de dizer que se amam.
Esse livro é o ápice da fantasia do homem vitoriano: uma menina-mulher ninfomaníaca, disposta a compartilhá-lo com outras mulheres com quem também mantém um relacionamento.
Podre.
Me fez até agradecer um pouquinho pela evolução do gênero (tanto o erótico como o "hot", que sim, classifico como duas coisas distintas).