Vermelho Amargo

Vermelho Amargo Bartolomeu Campos de Queirós
Bartolomeu Campos de Queirós




Resenhas - Vermelho Amargo


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Pedro Sucupira 25/02/2021

2021 LIVRO 14 – Vermelho Amargo, Bartolomeu Campos de Queirós.
Vermelho Amargo é um dos livros de cunho autobiográfico do escritor mineiro, vencedor do prêmio Jabuti e de tantos outros prêmios literários, Bartolomeu Campos de Queirós. Narrado em primeira pessoa e escrito em forma de memórias, o protagonista, o caçula de cinco filhos, revisita sua infância. Uma infância marcada pela solidão. A ausência da mãe substituída por uma madrasta indiferente, tomada de ciúmes pelo marido, que serve em todas as refeições fatias de tomates. O pai alcoólatra negligente.

O livro é escrito em pequenos parágrafos memórias como se fosse uma espécie de contagem regressiva em que o narrador observa os irmãos um a um abandonando o lar e deixando-o mais imerso em solidão. Um livro que fala sobre ausência de afeto e saudade da mãe.

Poético e delicado em que o leitor tem que ir adivinhando a história em meio a tantas metáforas. Quase que um jogo de adivinhação. Uma metáfora mais maravilhosa que a outra. É o irmão que come vidro, a irmã que não se desapega das agulhas e o ponto cruz e a madrasta obcecada com a perfeição das fatias de tomate.

Algumas metáforas que me encantaram.

“Ela decapitava um tomate para cada refeição. Isso, depois de tomar do martelo e espancar, com a força dos seus músculos, os bifes. Sofrer amaciava, talvez ela pensasse. Batia forte tornando possível escutar o ruído na rua. O martelar violento avisava aos vizinhos que comeríamos carne no almoço. Eu padecia de medo do martelo e a violência da mulher ao açoitar a carne.”

“Os bifes eram finos – magros como eu – pelo amargor dos espancamentos. Ao depois de muita tortura, a carne se transfigurava em pedaços de rendas esgarçadas.”
“Eu vagava sobre o compasso do pecado. Tudo por escutar as frestas das janelas. Menino pecador sem remorso, eu suplicava perdão, sem fé, caminhando entre dúvidas. Não, não amava a Deus sobre todas as coisas. Amava meu amor mais que a mim mesmo. Outra vez embaraçava-me nos abraços. A felicidade destrancava um paladar ácido de culpa que só a alma degusta.”

“A madrasta montava a comida em cada prato. O arroz de um lado. O feijão ralo ficava ancorado no arroz, lembrando uma praia mansa com um mar negro, se ondas. Na extremidade do oceano, uma ilha feita de abóbora, chuchu ou quiabo, segundo sua escolha. Um fragmento de carne – renda bem engomada – segurava o arroz. A fatia de tomate entrava como um sol, sobre o arroz em neve, colorindo o seu império.”

“Ah! O tomate. Quanto espanto ele me suscitava. Sua presença anunciava meu exílio. Um dia, por certo, eu deveria ser deportado, mesmo sem cometer crime. Nunca supus que carregaria comigo – vida afora – a imagem do tomate maduro preso entre seus dedos. Mas não recusei, jamais, a fatia que me tocava. Minha mãe anunciava que para viver era preciso engolir sapos. Mesmo gosmentos, ásperos, enrugados, é necessário deixá-los deslizar garganta abaixo, sem lastimar. Não há semelhança aparente entre o sapo e o tomate. Um vive, o outro vegeta.”

Publicado originalmente em pedrosucupira.com
Daniel 25/02/2021minha estante
Tá entre meus livros favoritos. Foi um grande surpresa quando li. Lindo demais esse livro.


Pedro Sucupira 26/02/2021minha estante
Eu tbm me surpreendi. É um dos melhores livros que eu já li. Ele é muito fantástico. Eu fiquei apaixonado com as metáforas. Uma melhor que a outra.


Daniel 26/02/2021minha estante
Uma faca, um garfo e um tomate jamais serão os mesmos depois desse livro... rs


Marina.Castro.F 27/02/2021minha estante
Um dos meus livros favoritos. Realmente imperdível !




Valtean1 14/02/2021

Não sei bem o que pensar, apenas sei que não conseguirei comer tomate sem lembrar deste livro.

"Nascer é abrir-se em feridas."
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raqbarbosa 14/02/2021

livro extremamente poético e triste, parece mais uma grande nostalgia do que um drama, mas é lindo de qualquer forma.
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fev 13/01/2021

Uma prosa poética bonita e gostosa de se ler, mas uma história sem muita profundidade. Um livro curto que pode ser lido em uma sentada.
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Maddu Xavier 28/08/2020

Poético
Leitura que te faz parar para refletir, e acaba te deixando desolada após seu final.
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Marina.Castro.F 23/08/2020

Incrível
Um livro maravilhoso. A história não segue um tempo psicológico mas sim o tempo das emoções do autor. Inúmeras reflexões. Impossível não se impactar com a leitura.
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Rodrigo Brasil 22/06/2020

Poético e reflexivo
Com uma escrita metafórica e carregada de poesia, acompanhamos a infância do autor, neste breve ensaio.
Sua relação com o pai, a madrasta e os irmãos. A perda precoce de sua mãe deixa uma marca irreparável em sua vida.
O amor que transborda, o carinho contido e toda a poesia do protagonista traz uma história tocante e bela sobre a vida.
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Bianca 08/05/2020

Profundo
A leitura pra mim foi densa e profunda. Ele trata a perdas de uma forma dolorosa, foi um livro que me trouxe reflexões e um pesar no coração
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fabisket 26/04/2020

Uma leitura tocante, li em uma tarde e foi tão sentimental, e nada feliz.
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Clube Tripas 05/04/2020

Resenha]
Conteúdo: Livre
Livro: Vermelho Amargo
Autor: Bartolomeu Campos de Queiroz
Editora: @global
Páginas: 63
Avaliação: Amei 5/5
Mês: Abril/20
Bibliotecária: Iandra Cartaxo | Franca-SP

Pode o tempo ser medido por um tomate? Nesta história afetuosa e nostálgica, Bartolomeu Campos de Queiroz se vale do tomate como medida de tempo e de ternura.
Com a morte da mãe o menino sente dor, mas a dor é em tudo, na unha do pé, cabelo e os olhos que guardam as imagens. E na falta de amor dentro de casa ele ressignifica o amor fraternal, a delicadeza no ato simples de preparar as refeições.
A mãe cortava o tomate em cruz, mas parecia um barco que "pousado na língua [...] suscitava um gosto de palavra por dizer-se"
Com raiva, a madastra corta em 8 fatias translúcidas que permitem vislumbrar o branco do arroz. Mas com o tempo, a casa vai ficando vazia e já é possível dividir um tomate pra 2 refeições.
A escrita poética é um convite a nostalgia, a lembrar os carinhos simples e das dores agudas da infância.

"Eu suspeitava que o embaraço das letras amarrava segredos que só o coração decifra. Mas uma certeza me vigiava: ler era meu único sonho possível."
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Lorena 21/03/2020

Tocante
Escrita metafórica, carregada de significado, sentimento e intensidade! Um livro tocante que me conquistou com trechos que me fizeram refletir, absorver, repensar. A perda abordada de um ponto de vista diferente. Vale a leitura. Bartolomeu me ganhou com sua escrita tão profunda e completa. Meu trecho favorito. ?Para viver era preciso engolir sapos. Mesmo gosmentos, ásperos, enrugados, é necessário deixá-los deslizar garganta abaixo, sem lastimar.?
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gatoviski 21/02/2020

"Sempre suspeitei que nascer era entrar num trem andando. Só que, o mundo, eu não sabia de onde vinha nem pra onde ia. E, no meu vagão, eu não escolhi os companheiros para a viagem. Eram todos estranhos, severos,amargos, impostos. Também entrei sem comprar o bilhete de viagem. Minha bagagem, pequena, cabia debaixo do banco- da segunda classe- sem incomodar. Contrabandeava poucos pertences: uma dor que doía o corpo inteiro e a vontade de encontrar um remédio capaz de remediar o incomodo"
Vermelho amargo é um livro auto-biográfico que descreve assuntos como a relação com a familia, as dúvidas e a perda, de uma criança. No livro somos apresentados a infância outra vez, eu me senti tocado com os paralelos que ele faz, e o autor faz isso de forma poética.
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Monize 31/05/2019

Vale muito a leitura para aqueles que gostam de prosas poéticas
Simplesmente um dos melhores livros que já li na minha vida. Me surpreendi pois realmente não é meu tipo de leitura. Porém, me encantou a maneira como o autor narra os eventos da perspectiva de um personagem criança e por meio de seus sentimentos. Amei e recomendo ??
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