Brooklyn

Brooklyn Colm Tóibín




Resenhas - Brooklyn


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Kenia 20/12/2015

Eilis Lacey passou sua vida inteira na mesma cidade pequena na Irlanda, com sua mãe e sua irmã carismática, Rose. Sua irmã mais velha é bem-sucedida, bonita, sociável e muito mais que Eilis não pensa a respeito de si mesma.

Eilis, porém, tem grandes expectativas e está estudando Contablidade, o que a leva a trabalhar em uma loja da região. Mas, Rose anseia bem mais para sua irmã o que a leva a colocar Eilis em contato com um padre irlandês que mora no Brooklyn. Ele quer ajudar Eilis financeiramente e arrumar para a jovem um emprego em uma loja no Brooklyn enquanto ela estuda em uma escola local.

Tudo parece tão bom para ser verdade! Mesmo deixando sua mãe triste em vê-la partir, além de se sentir culpada em deixar sua irmã Rose para cuidar de sua mãe que já está em uma idade avançada, ela decide partir para os Estados Unidos.

Após algumas noites turbulentas no mar, ela chega sã e salva e começa sua vida em uma pensão com várias jovens irlandesas e seu trabalho novo no Brooklyn. A medida que Eilis cresce e aprende, ela conhece pessoas novas e um rapaz chama sua atenção.

Mas e sua vida na Irlanda? Podemos realmente dizer adeus a nossa casa? Brooklyn é isso, um tipo de conto reflectivo enquanto estamos amadurecendo. Toibin's descreve a experiência de um imigrante super bem, assim como a jornada emocional de alguém que decide deixar sua casa e família para trás.

Eilis é uma personagem cativante desde o início. Aquela garota quieta que não chama muita atenção. Sempre buscou fazer o que é certo e é bem caseira.
E isso tudo muda uma vez que ela se muda para o Brooklyn. É um mundo completamente diferente, preenchido com novas pessoas e novas experiências, o que contribui para a mudança da jovem assim que a história segue. Eilis se torna mais confiante e determinada. E na busca por seus objetivos, ela toma decisões ruins, o que afinal, é parte do amadurecimento, já que a jovem está presa entre dois mundos bem diferentes.

Quando Eilis conhece Tony, sua vida no Brooklyn vai mudando ainda mais. Tony é descendente de italiano e um amante de baseball, que mora com sua família tumultuada, mas carismática, o que faz Eilis se apaixonar perdidamente por ele. Acompanhamos uma clássica história de amor que é interrompida pelo retorno abrupto de Eilis a Irlanda.

A escrita de Tómlín é magistral! A descrição dos dramas femininos é incrível, ele tem uma forma única de escrita que nos instiga e faz querer ler cada vez mais. O final de Brooklyn me deixou bem em dúvida, mas acabei por entender o que Toibin quis dizer, ended it there. Agora é conferir a versão para p cinema para essa obra prima de romance!

Super recomendada a leitura!
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San... 04/10/2015

O aspecto que me ficou do livro, foi o da grande solidão de sua personagem central. Saindo de sua cidadezinha interiorana e deixando para trás a segurança familiar, se vê num país estranho, onde acaba por encontrar um certo apoio, meio frágil, na figura de um namorado um tanto imaturo. A protagonista, bastante imatura ela mesma, por conta de sua juventude e inexperiência, acaba por fazer escolhas das quais não poderá se desvencilhar, por conta da época em que vive, da mentalidade das pessoas à sua volta. Assim, não se aprofunda nas próprias emoções e deixa rasos os sentimentos daqueles que a rodeiam. Para mim, deixa a possibilidade de "enxergar" a vida toda da personagem, que seguirá por caminhos seguros, sepultando sentimentos e questionamentos sem a coragem de promover alterações, carregando consigo a bagagem da conveniência e da solidão.
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stsluciano 24/03/2014

Brooklyn foi uma grata surpresa. Não conhecia o autor irlandês Colm Tóibín e hoje me pergunto as razões disso... O que importa é que Brooklyn me trouxe uma boa experiência, que espero conseguir recontar nesta resenha.

Eilis é a filha caçula de uma família irlandesa, e, nos idos dos anos 50, não consegue um bom trabalho em sua cidade natal, Enniscorthy, motivo pelo qual seus irmãos mais velhos já haviam partido em busca de oportunidades de trabalho na Inglaterra, deixando em casa apenas Eilis, sua irmã, Rose, e a mãe, viúva.

No começo do livro vai nos sendo mostrado como a partida dos irmãos afetam o ambiente doméstico, como a saudade e a preocupação se fundem com a ciência de que os meninos fizeram o que era preciso, e pouco se poderia fazer pelo contrário, já que a Irlanda não conseguia prover seus jovens com bons empregos, então não havia outra alternativa. Mas Eilis percebia o sofrimento da mãe, que tentava se mostrar forte, o que fazia com que ela própria sentisse uma necessidade urgente de conseguir um emprego para poder ajudar nas contas de casa.

Ela consegue uma colocação em uma loja da cidade, mas a proprietária tem um gênio extremamente forte, trata a todos com desdém – inclusive alguns clientes que ela considera “sortudos” por terem a oportunidade de comprarem seus produtos – o que faz com que Eilis se sinta descontente e comente isso em casa. O que de certa forma abre espaço para que um padre norte-americano conhecido de sua irmã Rose e que os faz uma visita, lhe ofereça um emprego na América, onde, inclusive, ela poderia estudar para obter uma qualificação melhor, como a de contadora, que é o que deseja – minha colega de profissão!

Acredito que aqui começa a narrativa propriamente dita, com Eilis considerando o que fazer, e presa ao dilema que é o fato de que precisa encontrar um bom emprego ao mesmo tempo que reconhece que não é justo deixar a mãe, que já sente tanto a ausência dos irmãos. Apoiada por Rose ela decide ir, e todos fingem que esta não é uma mudança tão grande.

Rose é uma personagem que ofusca Eilis em muitos momentos. Enquanto sua irmã é uma moça comum, Rose é descrita – e sob a forma como Eilis a vê – uma mulher carismática, que sabe imprimir sua marca e se fazer sentir presente em qualquer lugar onde esteja, de bom coração e um sorriso fácil, mas sincero. Ao partir, Eilis se pergunta se a irmã tinha consciência de que, conseguindo para ela um emprego na América, tinha deixado de lado e aberto mão da possibilidade de se casar, pois alguém teria de cuidar da mãe quando ela ficasse mais velha, e que esse fora um ato de extrema humildade. No decorrer do livro entendemos melhor essa atitude de Rose.

Gostei bastante da forma como foi abordada a rotina de Eilis no Brooklyn, com sua chegada após uma terrível viagem de barco, e sua adaptação em um novo emprego, morando em uma casa de pensão e tendo de encarar uma série de situações e comportamentos que um tanto diferiam do que estava acostumada na Irlanda, como a liberdade sexual – mesmo das mulheres – e a presença de negros conquistando um espaço maior na sociedade, embora todas estas mudanças estivessem ainda sendo vistas com bastante desconfiança por boa parte da população.

Eilis vai trabalhar em um a loja de departamentos, e, enquanto ela se sente bem estando ocupada no trabalho, os momentos em que chega em casa e vai para o seu quarto – que é melhor que a companhia das outras moças da pensão, cada uma pior que a outra em certo aspecto – lhe bate o desespero, a saudade, e a vontade de gritar e desistir de tudo e voltar para casa.

O livro é narrado em terceira pessoa, mas o autor tem uma maneira interessante de nos contar a história de Eilis: ele é econômico, em diversos momentos tem-se a impressão de que ele está mais enumerando fatos que narrando uma história em si, do tipo “ela foi trabalhar, aconteceu isso; ela voltou para a casa, aconteceu aquilo”. Isso não me desagradou de todo – ah, eu prezo a agilidade – mas em alguns momentos senti falta de algo mais elaborado, que se aprofundasse mais em algumas situações.

Como na travessia de Eilis para a América, onde tudo é narrado em poucas páginas, e acredito, que pelo sofrimento, e também para ser justo com as personagens que ela encontra, poderia ter sido mais explorada. Outro bom exemplo é quando o narrador nos informa que ela visitará alguém, mas, no meio do caminho, dá prosseguimento à narrativa do livro e começa a contar outro fato que ocorrera após o encontro, sem tê-lo narrado por completo. Isso dá uma boa quebrada no ritmo em alguns momentos.

Mas no geral gostei bastante: Eilis não fica muito tempo presa ao seu acanhamento e espanto sobre o que acontece, há um mundo novo lá fora, com oportunidades de educação, trabalho e romances. Ela tem de viver e aprender a lidar com todas as situações que lhe surgem, assim como tomar decisões difíceis, fazer escolhas, e lidar com um imprevisto enorme, que faz com que ela tenha que voltar à casa de sua mãe, tendo de decidir após isso se o retorno é temporário ou não.

O livro é curto e a leitura é rápida. O autor sabe como nos manter interessados por sua protagonista, e a narrativa em terceira pessoa nos permite imaginar mais do que se estivéssemos sendo postos a par de tudo por Eilis, apesar dos pequenos estranhamentos pelo caminho. O final é um tanto aberto e previ um cenário bastante inusitado para Eilis. Mal posso esperar para ler algo mais do autor.

site: http://www.pontolivro.com/2014/03/brooklyn-de-colm-toibin-resenha-161.html
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Alessandro 25/07/2011

“Brooklyn”: espelho de leves deslocamentos
O pai de Eilis Lacey está morto. Seus irmãos mais velhos, trabalhando na Inglaterra. Na Irlanda do início dos anos 50, na pequena Enniscorthy, onde vive, há poucas perspectivas de emprego e casamento. Os dias de Eilis são preenchidos pela companhia da irmã mais velha, Rose, da mãe e pelo trabalho na loja que odeia, da srta. Kelly. Diferente da calorosa e divertida Rose, Eilis é introvertida, tímida e submissa: quase um estereótipo do pequeno papel então reservado aos personagens femininos nas relações familiares daquele período.

É Eilis a protagonista de Brooklyn (Companhia das Letras, tradução de Rubens Figueiredo, 304 páginas, R$39,50) romance de Cólm Tóibín. Limitada por um cotidiano medíocre, Eilis sonha com um emprego onde possa exercer seus conhecimentos adquiridos em um curso de contabilidade – e largar de vez o serviço na mercearia, entre manteigas e frios, onde a execrável srta. Kelly a trata com grosseria desmedida. Eilis também sonha com um namorado romântico, entre um baile e outro na companhia de suas amigas Nancy e Annette, e em ser tão admirável e graciosa quanto sua praticamente perfeita irmã Rose. Os dias passam todos iguais, no entanto, por mais que sua irmã se empenhe em tentar arranjar-lhe um emprego no escritório onde trabalha. Assim também é na vida amorosa, composta de pequenos flertes sem maiores conseqüências. O consolo são os jantares em família, nos quais sua irmã diverte a ela e sua mãe com as histórias do clube de golfe do qual faz parte e as pequenas fofocas amorosas sobre as amigas. Nada parece andar na vida de Eilis.

Seus dias só são abalados por um súbito arranjo de sua irmã e mãe. Através do padre Flood, Eilis tem a possibilidade de morar e trabalhar nos Estados Unidos, no Brooklyn. Mais do que um convite, Eilis é praticamente empurrada pela certeza da falta de opções em seu país, resultado de dias repletos de mesmice e pelo exemplo de seus irmãos que também seguiram o caminho da emigração antes dela.

O mais simples seria conceituar Brooklyn como um “Bildungsroman”. Crer que acompanhamos a formação e o crescimento da personagem Eilis, da estagnada vidinha na Irlanda aos dias que se constroem nos Estados Unidos. No entanto, é difícil perceber seu crescimento. Se a autoridade familiar e masculina é algo que devemos compreender como retrato da época, difícil é não sentir pena de Eilis e sua tendência à aceitação irrestrita e imediata de tudo o que lhe é imposto. De cara, ela é praticamente “informada” pela srta. Kelly, que lhe chama um dia à mercearia, de que vai ser sua empregada. Da mesma forma acontece com sua mudança para os Estados Unidos – por mais que a quase invisível perspectiva de um futuro seja fato, sua personalidade é de quem baixa a cabeça e concorda, sem maiores questionamentos.

A literatura de Tóibín é límpida. Sem quaisquer malabarismos formais, acompanhamos através de sua narrativa linear os dias de Eilis no Brooklyn, onde se estabelece como vendedora em uma loja de departamentos, ao mesmo tempo em que faz um curso noturno de contabilidade. Morando em uma pensão para irlandesas, logo se deslumbra com as pequenas regalias que o outro país lhe oferece, do aquecimento constante em seu quarto à facilidade de acesso às roupas da moda. E os bailes realizados na paróquia do padre Flood, no Brooklyn, não tardarão a lhe apresentar um interesse romântico, um casamenteiro ítalo-americano cheio de boas intenções.

E é justamente o personagem Tony, seu namorado americano, quem evidencia o que é, provavelmente, um dos maiores defeitos de Brooklyn: a falta de nuances de seus personagens. Assim como ele se mostra um rapaz confiável, amoroso e bondoso, sem quaisquer atitudes que possam ameaçar esta impressão pelo leitor, a personagem da srta. Kelly é uma megera, Rose é a doçura e perfeição em pessoa, e padre Flood é quase um gênio da lâmpada pronto a realizar qualquer pedido de Eilis, resolver qualquer problema, arranjar qualquer situação, contribuindo para manter os dias dela sem nenhuma atribulação naquele país estranho. Esta construção tão maniqueísta contribui para uma atmosfera de novela que impregna a trama toda, com uma protagonista frágil cujos dias vamos acompanhando mais por curiosidade do que pela real necessidade de vê-la superando obstáculos. Há uma melancolia que nos conquista, é verdade, em parecermos ser os únicos companheiros de uma Eilis solitária e saudosista. Sua fragilidade e timidez nos fazem ter vontade de protegê-la (e algumas vezes também de lhe dar um empurrão, para que se imponha um tanto!), mas suas transformações são tão pequeninas e comezinhas que o romance custa a engrenar.

No entanto, é quando se ressalta uma interessante estratégia armada por Tóibín que nossa atenção é fisgada. Mais do que um inventário de uma nova e deslumbrante vida, o autor se ampara na detalhismo do pequeno particular da vida da personagem, construindo praticamente um espelho para a história de Eilis. Mesmo nos Estados Unidos, quase tudo replica seus dias na Irlanda – da chefe um tanto intransigente às amigas irlandesas, dos bailes nos salões de dança às “mães”: a sra. Kehoe, dona da pensão, logo a acolhe com certos cuidados maternos. Este eco acaba se tornando mais forte na medida em que o romance se aproxima do fim e Eilis precisa decidir se sua vida realmente sofreu uma reviravolta tamanha que valha a pena sua permanência em outro país ou se sua volta – justificada por uma tragédia – precisa mesmo acontecer. É exatamente este jogo de levíssimo deslocamento e opção pelo comum, pela minúcia, que acaba sendo seu trunfo. Da mesma forma um final não surpreendente – mas não por isso desinteressante – deixa claro sua intenção de mostrar o quanto também as pequenas decisões modificam uma vida inteira.

http://blog.alessandrogarcia.com/2011/07/espelho-de-leves-deslocamentos.html
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Ladyce 20/06/2011

Uma história inesquecível!
Há um nicho literário que cobre as experiências de deslocamento social de imigrantes. Países do Novo Mundo como os Estados Unidos e o Brasil têm tido regularmente em sua literatura adições significativas da experiência do imigrante. No Brasil, esta experiência pode ser delineada mais recentemente, nas obras de Milton Hatoum, Nélida Piñon, Salim Miguel, Francisco Azevedo, para nomear alguns. Essa tradição ainda é mais vigorosa nos EUA, que assim como o Brasil, receberam levas e levas de imigrantes do mundo inteiro, Michael Chabon, Amy Tan, Jhumpa Lahiri, Bernard Malamud estão entre dezenas de escritores americanos que desde o século XIX, se dedicaram aos desassossegos funcionais e emocionais causados pela imigração.

O deslocamento cultural tem sido também objeto de estudo do escritor Amin Maalouf, cujo fantástico IN THE NAME OF IDENTITY: VIOLENCE AND THE NEED TO BELONG, [Penguin: 2003] – demonstra as falhas de requerermos que um indivíduo faça uma única escolha de identidade, quando somos de fato a comunhão dos fatores que nos formam. Maalouf está hoje entre os mais influentes pensadores contemporâneos no assunto. Talvez porque eu tenha vivido a maior parte da minha vida adulta fora da minha identidade de nascença, este assunto há algumas décadas me fascina e sensibiliza.

Em BROOKLYN[Cia das Letras: 2011]Colm Tóibín se dedica ao assunto retratando a imigração de Eiliss Lacey, uma jovem irlandesa que vai para os Estados Unidos na década de 1950. O romance é simultaneamente um romance em que a protagonista principal cresce e aprende, na tradição literária do “Bildungsroman” [romance de educação] e um retrato da impotência feminina diante do papel que lhe é reservado nas relações familiares da época.

Eiliss Lacey é a filha mais moça de uma família irlandesa. Introvertida e tímida, depois de um curso técnico em contabilidade não consegue encontrar um emprego satisfatório na pequena cidade onde mora. Seus irmãos já saíram de lá à procura de melhores oportunidades. Sua irmã mais velha, calorosa, cheia de vida, ainda está em Enniscorthy. Eiliss sobrevive dentro dos parâmetros de uma vidinha limitada e medíocre, até que é surpreendida pela família que arranja de emigrá-la – através de um contato com um padre irlandês no EUA – para o outro lado do Atlântico. Sua opinião não é requisitada. E Eiliss embarca, com seus muitos receios abafados, na estarrecedora viagem transatlântica.

Com a chegada a Nova York o mundo de Eiliss se amplia. Diferente de muitos imigrantes ela não precisa lidar com a diferença de língua. De fato, seu mundo tem muitas similaridades com o que deixou para trás, como se os elementos que o compõem fossem os mesmos, só que arranjados de maneira diversa. Esses ecos servem para contrastar, ao final da leitura, os dois mundos em que vive a jovem: são dois rapazes com quem se envolve; são duas chefes de trabalho difíceis; são duas matronas irlandesas que dispõem a bel-prazer da vida de Eiliss; são dois grupos de amigas irlandesas, são dois salões de dança. A distância que os separa também os une e encontram terreno fértil nas emoções da moça.

Colm Tóibín dá continuação, em BROOKLYN, a diversas tendências da literatura inglesa. Eiliss Lacey, tem parentesco com Elizabeth Bennet, de ORGULHO E PRECONCEITO [Jane Austen] apesar de não ter o mesmo senso de humor. Como ela, no entanto, vive presa pela teia das convenções sociais e dos laços familiares. Além disso, ele retrata as pequeninas transformações na vida de uma pessoa comum, com a precisão e o colorido de dezenas de outros escritores britânicos, que se superam no retrato rigoroso dos detalhes da vida cotidiana. Desta maneira, Colm Tóibín consegue extrair do particular, o universal. Ampliando em muitas vezes a relativa grandiosidade das decisões tomadas por seu personagem.

Com uma narrativa enxuta que não desmerece as minúcias reveladoras que nos auxiliam no entendimento de Eiliss Lacey, e de sua época, Colm Tóibín nos induz a compreender as dúvidas e a solidão da personagem. Percebemos também o vazio daqueles à sua volta; a autoridade dos familiares e dos homens com quem se relaciona; as teias sociais que a aprisionam em ambos os lados do Atlântico. Mas como na vida há surpresas, e algumas tão grandes que mudam a projetada trajetória do destino, assim acontece aqui. E o que parece ser um final surpreendente torna-se simplesmente um final em aberto, como também são as grandes decisões que tomamos na vida. Apesar de um início vagaroso, a história ganha um ritmo crescente e de suspense que arrebata o leitor até o último parágrafo, deixando um travo ou uma pergunta. Este é um livro cuja história continua a ser contada nas nossas imaginações, muito depois da última palavra lida.
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