Taby Igrejas 19/05/2013
Simples Leitora - http://simplesleitora.blogspot.com.br/
Em poucas linhas o livro me conquistou. Com uma linguagem simples, uma narrativa dinâmica e bem humorada, Noblat nos mostra o papel do jornalista, dá dicas e fixa ensinamentos para exercer a profissão. Um ótimo manual, capaz de fornecer informação tanto aos leigos quanto aos estudantes de comunicação.
Para os interessados que desejam exercer a profissão, o livro em poucas páginas faz um resumo do que é necessário saber: O que é notícia, lead, reportagem, informação em OFF, como apurar, como atiçar a curiosidade do leitor, evitar redundâncias, etc.
Enquanto eu lia o livro, eu ri muitas vezes das situações narradas por Noblat. O pior é que eu leio muito no ônibus, então eu virava a página lia e ria. Honestamente, as pessoas deveriam me achar louca. Mas como não rir diante deste trecho:
"- Seu Raimundinho, o senhor é casado?, perguntou Coimbra depois de ler uma notícia que ele reescrevera.
- Sou sim, seu Coimbra, respondeu Raimundinho com a voz trêmula.
- É feliz no casamento?, provocou Coimbra.
Sem saber aonde ele queria chegar, Raimundinho respondeu que era feliz, sim, e olhou para o chão humildemente. Coimbra continuou o interrogatório sem nem olhar para o redator de pé diante dele:
- Sua mulher é fiel ao senhor?
- Claro que é, seu Coimbra, replicou Raimundinho.
- O senhor tem certeza de que não é corno?
- Que é isso, seu Coimbra? Minha mulher é uma mulher direita, honesta. Eu sou bem casado. Por quê?
Foi quando Coimbra encaixou o golpe:
- Porque somente um corno escreveria o que o senhor escreveu. O senhor começou esta notícia assim: "Pelo simples fato de ter encontrado sua mulher nos braços do amante, o comerciário Francisco José de Araújo a matou ontem com três tiros." O senhor acha, seu Raimundinho, que é um simples fato encontrar a mulher nos braços do amante?"
Depois disso, garanto que qualquer um teria o maior cuidado na hora de escrever... No jornalismo, o repórter não deve dar sua opinião sobre o fato. Se é algo "simples" ou não, não cabe a ele dizer.
O livro foi uma revisão de muita coisa que aprendi desde o meu primeiro período de jornalismo até hoje. Enquanto lia, eu lembrava das aulas de introdução ao jornalismo, técnicas de reportagem e telejornalismo.
A arte de fazer um jornal diário, fala sobre a crise dos jornais que precisam se renovar diante dos novos meios de comunicação, o papel desempenhado por eles e a reforma que eles sofreram. Noblat aponta em diversos aspectos de como era o velho jornal e como é o novo. Se hoje temos a informação instantânea com o rádio, Internet e a televisão, como o jornal ainda sobrevive? Não é fácil! Aí entra a questão de uma reforma. O leitor do jornal, já sabe o que aconteceu quando vai lê-lo. Já ouviu, ou viu... Mas muitas vezes desconhece os detalhes. O que levou a tal acontecimento? O que irá acontecer depois? O jornal impresso procura então detalhar a notícia que é pincelada no rádio e na televisão.
Noblat ainda enfatiza que não há uma receita única para escrever bem, mas o jornalista deve saber como fazer tal coisa. Ele afirma que há uma "obrigação de escrever bem para quem vive de escrever." Eu ainda completaria, diria também que requer talento e bom senso.
Também vemos grandes erros dos jornalistas, como o fato de se achar no "poder", achar que já sabe de tudo, se tornar amigo de suas fontes ou ainda aceitar presentes, convites ou favores.
Um livro apaixonante no qual não consigo ver pontos negativos, talvez, apenas um pouco repetitivo em alguns pontos para quem estuda sobre o assunto. Mas ainda assim, uma ótima leitura. Fica aqui minha indicação para qualquer um que está cursando jornalismo ou deseja cursar!
Link da resenha: http://simplesleitora.blogspot.com.br/2013/05/resenha-arte-de-fazer-um-jornal-diario.html#more