Craotchky 27/07/2020Aventuras extraordinárias em território TupiniquimDurante um razoável tempo da minha vida de leitor pesou sobre mim, por mim mesmo, o fato de que eu não havia lido as famosas histórias de Sherlock Holmes. Esse peso, porém, se desintegrou entre 2018/2019, período em que eu li a obra completa do personagem através do excelente box da Nova Fronteira. Antes disso eu já havia conhecido o autor ao ler um livro de contos, publicado pela saudosa coleção Mestres do Horror e da Fantasia, chamado O Enigma do Trem Perdido (já resenhado). Havia lido, também, antes de ler os mistérios detetivescos, O gato do Brasil e Outras Histórias e A Nuvem Envenenada. Foi então que, somente agora, do nada, percebi que Sir Arthur Conan Doyle é um dos autores que mais li se levar em consideração o número de livros lidos (já cheguei a ranquear os autores(as) que mais li pelo número de páginas lidas!). Ao todo, contando com este, são 13 livros.
Todos estes livros possuem um aspecto comum que se destacou aos meus olhos: a incrível narrativa, extremamente dinâmica, empregada pelo autor há mais de cem anos. Impressiona como os textos de todos esses livros, sem exceção, têm esse "ar moderno" ao trazer uma prosa que, embora simples, isto é, sem pomposidade ou erudição exagerada, consegue ser elegante, muitíssimo dinâmica e bastante natural e atual. De fato, Sir Conan Doyle narra as aventuras com latente habilidade.
Falando nisso, O mundo perdido(1912) traz uma história bastante fantástica quanto ao conteúdo, como, aliás, a capa pode atestar. É daquelas histórias que, sobretudo no princípio do século XX, foi/é capaz de produzir encantamento nos leitores possuidores de uma imaginação mais flexível. Geralmente leitores(as) de mente mais fértil são jovens, talvez por isso esse livro seja até mencionado como destinado ao público imberbe. Entretanto, ao contrário do que achei recentemente em A ilha do tesouro de Stevenson, não percebi qualquer tom infanto juvenil.
Este livro faz parte do que podemos chamar de Trilogia do professor Challenger, constituída por três obras ficcionais protagonizadas, óbvio, pelo professor supracitado. A nuvem envenenada (ou A nuvem da morte em algumas edições), aliás, é uma delas. A outra chama-se A Terra da bruma. Os três livros têm uma pegada de sci-fi. Este último, porém, se destaca por trazer como assunto principal a doutrina Espírita, da qual Sir Conan Doyle era defensor e adepto, ao ponto mesmo de ter publicado várias obras não ficcionais sobre o tema.
Não poderia encerrar esse texto sem mencionar que, para nós brasileiros, esta história tem um gostinho ainda mais especial porquanto uma parte significativa dela se passa em terras tupiniquins. A expedição exploratória passa pelo Pará e por Manaus antes de atingir seu destino final, a floresta amazônica, centro das ações principais. Enfim, Sir Arthur Conan Doyle foi um baita escritor.
BÔNUS: Uma manchete extraordinária
Extra!, extra! Criaturas pré-históricas e o elo perdido são encontrados na floresta amazônica!
Hoje, dia 11 de agosto do ano da graça de 1XXX, o grupo de expedicionários capitaneados pelo professor Challenger regressou à Inglaterra após ter obtido êxito em confirmar o que antes se julgava impossível: criaturas antediluvianas e o elo perdido da espécie ainda vivem em uma parte quase inacessível da gigantesca floresta brasileira!...