Nay C 14/01/2020
O trabalho de um detetive
A história se inicia muito boa e envolvente, com a descoberta de ossos humanos onde não deveriam estar e com isso uma investigação: a quem pertencem os ossos? Quem colocou-os lá e por quê? Quem acompanha o caso é o detetive Harry Bosch. A humanidade de Bosch perante o caso, e até de seu parceiro Edgar é palpável, não parece algo forçado, e sim genuíno.
Um ponto que eu gostei bastante e que se fez presente até mais ou menos a metade do livro foi mostrar como o trabalho de um detetive pode ser burocrático. Teorias devem ser comprovadas, é necessário gravar as conversas, ter cuidado em como conduzir a investigação, fazer mandatos, boletins de busca, relatórios, esperar outras pessoas terminarem sua parte do trabalho para o detetive montar uma linha de investigação... atividades que exigem paciência, pois não dependem somente do seu esforço. Não é só ação e ação, e acusar os suspeitos sem qualquer responsabilidade, apenas para que tenha um culpado.
O livro questiona o quanto vale a pena revirar o passado, o quanto o crime em questão impactou e impacta a vida das pessoas envolvidas direta e indiretamente, se há realmente justiça e ela prevalece quando mexer no passado pode causar mais sofrimento, e como o contexto social pode moldar uma pessoa.
A história (e a investigação) seguiram um caminho linear, antes de dar voltas e voltas, até chegar a um ponto final, porém não houve um clímax, nem grandes reviravoltas. É um bom romance policial, mas acredito que haja melhores.