O Cânone Ocidental

O Cânone Ocidental Harold Bloom




Resenhas - O Cânone Ocidental


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Claire Scorzi 28/02/2009

Brilhante com limitações
Para começar, achei o livro um exemplo brilhante da capacidade de Bloom de nos transmitir sua paixão reverente pela Literatura. Sua cruzada em protesto contra a banalização da cultura e do ensino de literatura faz sentido nessa época de politicamente correto - politica de mediocridade, isso sim.
Mas há defeitos: Bloom fica tão empolgado com a idéia motriz - provar que todos os 'grandes' devem algo a Shakespeare, que faz algumas omissões e análises canhestras: 1º, ele omite os trágicos gregos, pois não vai poder provar que eles devem algo a Shakespeare, tendo vivido séculos antes do bardo; 2º, sua interpretação de Dante é esquisita, parcial, soando incompleta; ainda que se possa justificar pela falta de espaço, suspeito que teve algo a ver com o mesmo 'problema' que o levou a omitir os gregos: Dante viveu e criou uma obra extraordinária antes do tempo de Shakespeare; então, como Ésquilo, Sófocles & cia, nada deve ao autor de "Hamlet".
Mas O Cânone Ocidental é obra que merece se tornar de referência. É verdade, eu trocaria o capítulo sobre Tolstoi por Dostoiévski, e eliminaria Freud em prol de, digamos, D.H. Lawrence ou Henry James. Mas nada é perfeito.
Thiago 13/09/2015minha estante
Curioso você citar essa influência de Shakespeare, pois Tolstói abominava as obras do Bardo, e ele passou anos e anos lendo e relendo Shakespeare em várias línguas, e ela não conseguia entender a fama de Shakespeare, ou seja, não dá para dizer que Tolstói também não tem uma importância seminal para o romance e o conto, mesmo não tendo sido influenciado por Shakespeare.




Antonio 21/06/2012

Uma fonte inesgotável de sabedoria e talento!
Uma fonte inesgotável de sabedoria e talento (tanto dos autores do Cânone quanto do autor do livro, Harold Bloom)
É uma obra pra se consultar. Não é preciso ler tudo de uma vez. Não precisa ler de maneira linear. Pode-se ler os capítulos de maneira aleatória. Devo frisar que o autor enfatiza bastante a teoria dele: A Angústia da Influência".
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Carla Reverbel 08/01/2013

Livro de cabeceira
Minha vida como leitora e especialmente como escritora deveria ter um AH e DH.
Antes da leitura do Harold Bloom eu tinha uma visão muito idealizada e superficial da literatura e da profissão de escritor. A leitura dele veio de encontro com muitas coisas que eu pensava e sentia, mas achava que não estavam corretas.
Ele me deu segurança e estímulo para começar a escrever o meu próprio romance.
Por isso digo que este autor é o meu guru.
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João Victor 21/01/2015

COMENTÁRIO - O Cânone Ocidental
Renomado crítico literário, acadêmico da Universidade de Yale e alvo de severas críticas, Harold Bloom se propõe neste livro a uma tarefa árdua: elaborar aquilo que seria o cânone da literatura ocidental, passando pelos seus mais diversos autores, épocas, escolas, estilos, filosofias e tudo o mais que for relevante para o velho crítico.

A proposta, a priori, parece pretensiosa, mas Bloom conduz ela de maneira didática e fazendo tantas ressalvas que ao fim da obra, é possível que praticamente todos os autores que foram relevantes para humanidade acabem recebendo, ao menos, um período nesse ensaio.

A divisão que Harold Bloom cria é simples, primeiro ele põe Shakespeare como centro do cânone, explicando os motivos para isso, em seguida divide a história da literatura em eras segundo as características de suas sociedades e, por fim, para cada era Harold vai elecando aqueles autores que considera expoentes em estilo e conteúdo e ao longo das páginas justifica o porquê de cada escolha.

As críticas que Bloom recebe vêm da escola do ressentimento (nomenclatura que ele mesmo inventou). Esta escola, segundo ele, engloba todas as pessoas do meio literário moderno e contemporâneo que não veem mais valor na erudição dos clássicos e na criação estética como objetivo da arte em si. Em suma, a escola que o crítica são as pessoas que fazem questão de fazer, e imputar aos outros, leituras meramente de impacto social das obras tentando fazer com as pessoas caiam no conto da dívida histórica com "minorias" étnicas ou ideológicas.

Certamente a leitura de Harold Bloom não é simples e, além disso, ela acaba por exigir do leitor leituras passadas e obriga a leituras futuras. Para quem ainda não consegue ver a literatura fora do escopo da ação de consequência social, essa é certamente uma leitura que pode desafiar a enxergá-la de uma forma muito mais abrangente: como a expressão mais complexa da criatura humana sobre o mundo e si mesmo.

site: https://resenhaspontojao.wordpress.com/2015/01/21/comentario-o-canone-ocidental/
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Coruja 15/05/2019

Harold Bloom talvez seja o mais conhecido crítico literário moderno. Polêmico e intransigente, é um defensor ferrenho dos clássicos e de uma concepção mais formalista da literatura, de arte pela arte. Para ele, lemos livros porque sentimos prazer em ler livros, não por questões de ideologia, manipulação, controle midiático ou coisa parecida - pontos que a crítica moderna passou a tomar como centrais na interpretação literária. Essa ‘escola do ressentimento’ - termo que o próprio Bloom cunhou - desprezaria a erudição dos clássicos, dando valor apenas a obras de impacto político e social.

Compreendo a necessidade de perceber a literatura também como uma ferramenta de dominação e exclusão, e concordo integralmente que precisamos expandir nosso horizonte. Para tanto devemos ler mais autores fora dos eixos estadunidense e europeu, de outros espectros sociais, sexuais, de gênero, o que seja... Não concordo, porém, que esse seja o critério único de avaliação da qualidade e importância da obra. Já escrevi um pouco sobre minha opinião do assunto no ensaio Censura e Empatia, mas, em síntese, acredito que não podemos deixar de falar da necessidade de inclusão, de representação nas histórias que consumimos. Tampouco, porém, podemos reescrever ou obliterar o passado, condenando livros e autores porque eles escreveram de acordo com as convenções e o contexto de suas épocas, ou porque não foram suficientemente progressistas para nosso gosto.

Não li A Cabana do Pai Tomás, considerado um dos maiores clássicos da literatura americana, mas já vi debates sobre esse livro condenando-o por sua atitude condescendente e estereotipada dos personagens negros do enredo. A ironia aqui fica por conta do impacto que o romance - escrito por uma mulher branca, Harriet Beecher Stowe -, teve no movimento abolicionista: dizem que o próprio Abraham Lincoln, ao encontrar com a senhora, comentou que sua história fora uma das causas da Guerra Civil.

Para nossa sensibilidade moderna, não duvido, o livro deve soar racista. Entretanto, no contexto de quando foi escrito, era uma obra à frente do seu tempo, que apresentou um problema social sério e serviu de gatilho para um debate e um movimento de reforma. Não tenho dúvida de que tem seus méritos literários, do contrário, não teria mexido tanto com seus leitores. Contudo, a depender da forma como se faça sua análise, será um livro desprezado por não atender à bandeira que tal e qual escola crítica defende, menosprezando a qualidade artística que eventualmente tenha.

Mais próximo de nós, há Monteiro Lobato. Alguns anos atrás, falou-se em censurar nas escolas a obra do autor, tendo em vista passagens racistas em alguns dos livros do Sítio do Pica-Pau Amarelo. Agora em 2019, a obra dele caiu em domínio público e várias editoras prontamente lançaram suas versões. Algumas decidiram reescrever ou extirpar os trechos polêmicos. Outras adicionaram notas explicativas. Do meu lado, prefiro a segunda opção, afinal, não há como negar que existe racismo e preconceito ainda hoje e as notas serviriam como gancho para um debate sobre o assunto, em vez de simplesmente fingir que nunca aconteceu.

Isso é um debate bem longo e complicado, porque há argumentos válidos de todos os lados. Num mundo perfeito, a escolha seria do leitor - que teria maturidade suficiente para ler mesmo obras polêmicas e refletir sobre as mudanças sociais que tornaram posicionamentos do autor obsoletos. Ao mesmo tempo, editores dariam mais chances a escritores pertencentes a minorias de contarem suas próprias histórias, até haver uma diversidade grande de bons livros, que atendessem à identidade de qualquer leitor. Infelizmente, isso é hoje uma utopia, não levando em consideração riscos de mercado e outras variantes, mas, bem... por isso mesmo uso a expressão utopia.

Enfim, voltemos a Bloom. Não concordo com tudo o que ele diz, mas gosto das análises dele, da defesa que ele faz das obras que elege para seu O Cânone Ocidental. Vejo um tanto de graça na paixão que o faz deificar Shakespeare (por sinal, também é excelente o seu Shakespeare: a Invenção do Humano ), a ponto de usá-lo como critério de comparação para avaliar tudo o mais que o ocidente produziu. Essa obsessão gera algumas distorções, algumas ausências gritantes na lista de Bloom… porém, querendo ou não, quando você elabora uma lista como essa, são seus gostos pessoais que orientarão a escolha - as ausências que eu enxergo, por exemplo, vão do meu gosto, dos meus favoritos. Os livros que Bloom elege para seu cânone, em outras palavras, nunca serão unanimidade.

O que realmente ficou para mim da leitura de O Cânone Ocidental não é ‘a lista’ (muito criticada), nem mesmo o acerto das conclusões (eu mesma não concordo com muita coisa), mas a paixão pela literatura, a ideia de influências, de como diferentes obras conversam entre si. Costumo usar esse tijolinho (minha edição é de bolso, que comprei por uma bagatela quando visitei a Bienal do Livro no Rio de Janeiro em 2011) como material de referência, para quando quero conferir minhas notas da leitura com os insights de um crítico especializado. Bloom é polêmico, elitista, mas é também envolvente e traz bons argumentos para puxar um debate, quer você os aprove, quer você discorde completamente.


site: https://owlsroof.blogspot.com/2019/05/dez-anos-em-dez-ensaios-biblioteca.html
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booksdalaus 03/06/2023

Em O Cânone Ocidental, o respeitado ensaísta americano investiga a literatura do Ocidente, a partir de Shakespeare, passando por obras de Joyce e Beckett, examinando Tolstoi, Dante e Ibsen até chegar aos modernos, como Jorge Luis Borges, Pablo Neruda e Fernando Pessoa.

É uma análise cuidadosa e provocativa, uma viagem ao mundo de escritores, dramaturgos e poetas que marcaram a cultura ocidental.

Aclamado como um dos críticos mais instigantes do nosso tempo, Harold Bloom, professor de literatura das universidades de Yale e Nova York, desafia o multiculturalismo, o marxismo e o feminismo ao definir, com precisão e originalidade, o seu conceito de cânone ocidental.
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