Carla.Parreira 07/11/2023
O complexo de perfeição
A autora relata que toda a vida de uma mulher super-realizadora é inconscientemente dedicada à criação do que os psicólogos denominam um 'eu idealizado', ou seja, de uma persona. Quem ela é deixa de ser tão importante quanto como ela parece. Essa mudança de ênfase é fundamental no desenvolvimento psicológico de uma super-realizadora. Sua necessidade de impressionar faz com que ela perca finalmente a capacidade de distinguir entre os suas crenças e sentimentos verdadeiros e aqueles que são artificiais, distinguir o que é real do que é apenas uma imagem vazia. Quando alcança esse ponto, já perdeu o único elemento que pode possivelmente fazer com que se sinta segura: a ligação com seu verdadeiro Eu. Além disso, é importante ressaltar que o desenvolvimento é prejudicado sempre que mantemos um relacionamentos em que a outra pessoa funciona como um substituto psicológico dos nossos pais, e nos quais permanecemos crianças. Na opinião da autora, a timidez funciona como um disfarce. Debaixo dela encontra-se um desejo escondido de sermos vistos. Oculto dentro do constrangimento está a vontade de que o mundo gire em torno do próprio umbigo e que o todos se importem conosco. Mas é preciso sempre lembrar que a admiração dos outros por nós nunca será suficiente para nos satisfazer. O que precisamos é de um sentimento verdadeiro de amor-próprio. Esse sentimento não é apenas admissível; ele é fundamental se quisermos algum dia transcender os ocultos sentimentos de inferioridade que nos tolhe. Lacrada do lado de dentro, intocada pela realidade, a crença na inexistência de limites pode crescer à medida que os anos passam. Externamente, podemos nos mostrar submissos e conformados. A verdade é que, assim como a autora, as pessoas geralmente temem não ser apreciadas e procuram fazer o máximo para que os outros gostem de si, ao mesmo tempo que, em segredo, despreza aos demais. É proveniente daí a sensação de ser medíocre e incompetente. Quando aprendemos a nos dar valor, a reação das demais pessoas passa a ser bem menos importante. Quando a antiga necessidade infantil de aceitação é finalmente reconhecida, ela se transforma. O que antes fora uma necessidade irresistível, e portanto vergonhosa, torna-se uma necessidade comum, que pode ser preenchida através de relacionamentos comuns. Podemos abandonar a busca da glória, a crença vã na nossa perfeição, e relaxar aceitando as esquisitices da nossa personalidade. O truque é desistir da crença de que podemos controlar tudo. A humanidade procede de um Eu que não se aprecia por seus talentos especiais, e sim por sua sensibilidade humana. Vale saber e ressaltar também que aprovação e reconhecimento não são a mesma coisa. A aprovação se relaciona com a maneira como nossas mães nos viam. O reconhecimento tem relação com o Eu. Em suma o livro fala de não desejar ser perfeita, admirada ou apreciada.