A Honra Perdida de Katharina Blum

A Honra Perdida de Katharina Blum Heinrich Böll




Resenhas - A honra perdida de Katharina Blum


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Filipe 18/08/2021

Um livro que sofreu boicote e censura por parte de um grande veículo de imprensa é, no mínimo, interessante. Neste caso, é também necessário.

Böll narra, no ano de 1974, o poder que a imprensa tem de condenar alguém antes da justiça o fazer. O poder de acabar com a vida de uma pessoa e, finalmente, transformá-la em tudo que a acusa de ser. É interessante como o enredo se encaixa no contexto de fake news no qual nos encontramos.

Uma narrativa excelente, de tirar o fôlego. A escrita de Böll e a narrativa factual de um episódio determinante na vida de Katharina Blum são geniais.
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Tatiana.Junger 13/05/2021

Os fatos x as narrativas
E você achando aí que Fake News e jornalismo parcial é coisa contemporânea... Nada disso!
Os depoimentos maliciosamente reportados e a apuração indecorosa do passado de uma mulher simples, inteligente e trabalhadora revelam a torpeza da atuação da mídia nessa narrativa, que, ao priorizar a vilanização do indivíduo em detrimento da averiguação responsável dos fatos, virou a vida de uma pessoa de cabeça para baixo.

Além de discutir ética nos meios de comunicação, revela a hipocrisia social dos anos 70 na Alemanha Ocidental, que rechaçava a esquerda política, enquanto condenava uma mulher pela sua autossuficiência social e econômica - o que devia ser exemplar à utopia capitalista. Revela também a misoginia cultural, no compasso dos interrogatórios policiais e das reportagens que exploravam de maneira torpe o divórcio e a vida sexual da Katharina, a fim de desqualifica-la perante o público.

A ficção se baralha com a vida do próprio autor, Heinrich Böll, marcada por um conflito inflamado com um jornal conservador alemão, por ter denunciado a falta de transparência e a má-fé de reportagens acusatórias a grupos organizados da esquerda política alemã da época.
Só que, mais do que um anticonservador, Böll era um humanista e um pacifista, defensor de direitos fundamentais como a presunção de inocência e os meios de proteção da imagem e da honra face a calúnias e difamações.

Se esse combate já foi suscitado nos anos 70 na Alemanha contra um jornal impresso, imagina agora, na era da internet: as redes sociais, os novos canais midiáticos, diferentemente da mídia tradicional, trazem conteúdos desprovidos de qualquer crivo editorial, pouco importando fonte e fundamentação. Isso significa que o filtro é feito (ou deve ser) pelo próprio público...
Livro de outra época que se conecta com esta em sua mensagem primordial: enquanto sobreviver a tendência de vilanização de indivíduos por meios midiáticos, é preciso recrudescer as garantias de investigados, proteger sua imagem, sua dignidade, reforçar a presunção de inocência... Será que um dia a gente aprende?
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EduardoCDias 12/05/2021

Assassinato de reputação
O ganhador do Nobel de Literatura nos mostra como uma mídia mal informada e desonesta pode destruir a vida de uma pessoa. Katharina Blum tem sua vida e de quem a cerca destruídas por um jornal sensacionalista. E isso a leva a assassinar o repórter que produziu as matérias.
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Brito 11/03/2021

Heinrich Boll
Livro simples, seco, directo, contido, breve. Constrói uma crítica arrasadora a uma sociedade que mastiga seres humanos, ou, se se quiser, em que mastigar seres humanos faz parte do processo do viver. Processo em que, além de se descartar o indivíduo, se constroem verdades pronto-a-vestir em que há procedimentos e mecanismos que promovem difamação e formas de violência psicológica perfeitamente aceitáveis numa sociedade democrática. A situação é, infelizmente, de uma actualidade de tirar o fôlego, é impossível não reconhecermos nesta sociedade a nossa sociedade das informações falsas que circulam sem qualquer feed-back, e onde cada grupo, pessoa, instituição, tem os seus objectivos e tudo faz para os atingir. Claro que o prémio para o desempenho mais abjecto, roçando o surrealista, vai para o jornal Zeitung.
A escrita seca, depurada, ao estilo de um documentário, aparentemente objectivo, descrevendo sem emoções os acontecimentos, contrasta com a riqueza da realidade emocional e, já agora, com a vulnerabilidade e integridade da personagem principal que é visceralmente dissecada, interpretada e, sobretudo, coisificada. E que no fim se revolta e, por paradoxal que pareça, mata por dignidade. Contradições que uma sociedade que não perde tempo a pensar nas consequências pode provocar, há sementes de violência que nascem da defesa do que há de mais sagrado em nós. Sinceramente, só posso dizer, hoje em dia ainda é pior.
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@livrosdelei 03/01/2021

É um exercício que testa o limite do sensacionalismo
?A honra perdida de Katharina Blum? ou ?De como surge a violência e para onde ela pode levar? de Heinrich Böll é um livro bastante rápido e intenso. Escrito da maneira bem jurídica.

O livro é resultado do teste que Böll faz para ver o limite que o sensacionalismo das mídias pode causar na vida das pessoas comuns por meio de difamações e violências psicológicas. Além de ser também uma crítica que o escritor fez ao jornal alemão Bild, conhecido por ser super sensacionalista.

Nesse teste, vemos uma jovem chamada Katharina Blum, que trabalha como empregada doméstica e possui um ar empreendedor. Ela combina 100% com o seu nome: Katharina, tem origem no grego katharós, que quer dizer ?casta, pura?, e Blum é muito parecido com Blume (flor, em alemão). Logo, ela é uma moça super casta mesmo, e conhecida como ?freira? pelos seus amigos.

Katharina sempre teve uma vida parada e de pouca emoção (já que trabalhou desde os 12 anos como doméstica e sofreu abusos). Mas, em um belo dia, ela conhece um rapaz em uma festa de Carnaval, se apaixona e o leva para sua casa.

Só que, mal sabia ela (ou sabia? rs), que ele era vigiado pela polícia e suspeito de cometer assassinatos e furtos à bancos. Ele seria o conhecido ?terrorista? dos anos 70 na Alemanha (crítica latente de Böll). E Katharina é considerada pela polícia como suspeita de ajudá-lo a escapar dos olhos da polícia após a noite em sua casa.

Todos nessa obra são suspeitos da polícia, mas não do jornal. O jornal já incrimina Katharina de diversos crimes e ataca a sua moral de maneira intensa, com uma manchete nova todos os dias. Ela, que sempre foi conservadora e reservada, se vê vítima de diversas mentiras e manipulações do jornal (sem nome) que queria ganhar dinheiro às custas de seu sofrimento e exposição.

O machismo grita nessa obra. Desde as manchetes do jornal até mesmo a atuação dos policiais. Algo nojento e cheio de julgamentos. Katharina é julgada por tudo e todos do início ao fim da obra.

Aqui vemos que, mesmo em uma democracia consolidada, é possível que um indivíduo perca todos os seus direitos fundamentais. Indico fortemente esse livro!
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Vitor Y. 31/12/2020

A ultra exposição
Livro foi muito feliz em abordar uma estória única, porém muito factível na atualidade.

Substitua o JORNAL por qualquer rede social e seus usuários e estaremos diante de um ambiente muito propício para julgamentos sumários, difamações, fatos e declarações distorcidas, fofocas e etc. O sofrimento de Katherine é muito plausível e possível no ambiente virtual.

Nós, seja como expectador ou usuário do Facebook, ficamos à mercê disso tudo, sob a ilusória percepção que estamos perdendo alguma notícia, informação ou fato indispensável (ou fomo - fear of being missing out).
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Anderson 10/11/2020

O tribunal da mídia
Muito bom livro! Uma metáfora bem atual sobre fake news, cancelamentos, manipulação das massas e o esmagamento do indivíduo perante as relações promíscuas entre o Estado e a imprensa sensacionalista. O tema é muito válido nestes tempos em que se desprezam garantias básicas para uma sociedade civilizada, como a presunção da inocência e o devido processo legal; em que reputações de pessoas são destruídas em julgamentos sumários no tribunal da internet, sem chance de defesa.
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Jean Bernard 06/07/2020

Assustadoramente atual!
Um livro escrito em 1974, que poderíamos achar que foi escrito ontem. A destruição de reputação da mídia sensacionalista confunde-se com as fake News das redes sociais de hoje. Poderia dizer que é uma leitura obrigatória nos dias atuais.
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Pandora 30/05/2020

Katharina Blum é uma moça discreta e batalhadora que um dia se envolve com um homem procurado pela polícia e vê, de um dia pro outro, seu mundo ruir, pelas ações da polícia e da imprensa.

Ela trabalha como doméstica, é responsável e organizada, boa com cálculos e muito inteligente. É muito querida por seus patrões, que, inclusive, ajudam com o financiamento de seu apartamento próprio. Até que na quarta-feira anterior ao Weiberfastnacht - um tradicional festejo ocorrido na quinta-feira que antecede o carnaval alemão - ela vai a uma festa na casa da madrinha, onde conhece Ludwig Gottën e sua vida vira de cabeça pra baixo.

A narrativa é feita em tom de investigação, com apresentação de fatos, testemunhas, depoimentos à polícia e publicações de um veículo da imprensa denominado simplesmente JORNAL, que faz de tudo para impingir a Katharina uma culpabilidade que simplesmente não existe. Seu passado é investigado, sua casa vasculhada, seus amigos interrogados e sua imagem é deturpada a ponto de provocar na moça reações inesperadas.

O próprio Böll foi rotulado como ‘mentor intelectual do terrorismo’ pelo jornal Bild ao criticar uma matéria em que, sem provas, o jornal acusava o grupo de extrema esquerda RAF (Fração do Exército Vermelho) de um assalto a banco. Ao defender em um artigo ‘a manutenção de garantias fundamentais do estado de direito, como a presunção de inocência e integridade da pessoa’, uma grande polêmica se instaurou: de um lado, com o ataque a Böll por veículos de comunicação e políticos conservadores, em especial do partido da União Cristã Democrática; do outro, por meio de manifestos assinados por figuras públicas a favor do escritor e da liberdade de pensamento. Böll foi investigado pela polícia, teve sua casa revistada e sua briga jurídica com o Bild durou quase uma década.

Em tempo de tantas fake news, um livro mais do que atual para discutirmos a Liberdade de Imprensa e a Responsabilidade Ética na divulgação de fatos e no perigo de pré-julgamentos.

Lembro da lamentável e triste história da Escola Base, em São Paulo, quando os donos e outras pessoas ligadas ao colégio foram acusados de abuso sexual infantil por duas mães de alunos, o que desencadeou um espetáculo midiático que arrasou a reputação dos envolvidos. Que, enfim chegou-se à conclusão, eram inocentes. Mas aí o mal já estava feito, não é?
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Pri | @biblio.faga 01/03/2020

'O que vale a vida, mas pode valer também a morte, é não se deixar calar.'
.
Curiosidade:
O carnaval alemão é conhecido como Karneval, e em cada dia de festa, de quinta-feira à quarta-feira de cinzas, há comemorações, sendo uma dos principais a de quinta (Weiberfastnacht) - época em que se passa o livro:

”A honra perdida de Katharina Blum: como surge a violência e para onde ela pode levar”, de Heinrich Böll, vencedor do Nobel de Literatura em 1972, disponível na edição primorosa da Ed. Carambaia.

O romance fora escrito em um estilo único, não linear e com aspecto investigativo, por meio de capítulos curtos como reportagens jornalísticas, frases curtas e diretas; e ao recorrer as transcrições dos interrogatórios e dos testemunhos dos personagens, o autor dá um caráter de realidade aos fatos, quase histórico, alcançando a concepção de um documentário verídico.

Outro dos méritos de Böll é a atualidade da temática, isto é, como o abuso de poder da mídia é capaz de destruir e desonrar a vida de uma pessoa, seja ela inocente ou não. A eterna dualidade entre o direito de liberdade de imprensa e responsabilidade pelos fatos e opiniões veiculadas, bem como sua relação com as investigações da polícia.

Assim, o romance levanta uma bandeira contra o sensacionalismo, as notícias falsas e os julgamentos populares com base nas mesmas — questões relevantes e importantíssimas em uma época onde muito se discute sobre o poder decisório de (des)informações e o fenômeno, embora não recente, atualmente denominado como “fake news”.

Por fim, recomendo como experiência completar o filme “O Abutre” (2014).
O filme marca a estreia de Dan Gilroy como diretor e conta com a atuação genial de Jake Gyllenhaal, e, na minha opinião, faz duras e necessárias críticas ao modelo de jornalismo moderno. Uma experiência imperdível.

site: https://www.instagram.com/biblio.faga/
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Mariana Knorst 30/03/2019

A Honra Perdida de Katharina Blum
Como surge a violência e para onde ela pode levar. Esse é o subtítulo de A Honra Perdida de Katharina Blum e também a melhor descrição da história.
Escrita por Heinrich Böll, vencedor do Nobel de Literatura de 1972, a história inicia no Weiberfastnacht (festa tradicional que ocorre na quinta-feira da semana anterior ao carnaval) e acompanha os trágicos acontecimentos que rondam ou são causados pela protagonista, Katharina Blum.
Os trágicos acontecimentos são os responsáveis pela transformação ou libertação da personagem. Aqui, refiro transformação e libertação como situações alternativas, pois não sabemos se quem Katharina se torna é algo novo ou que estava adormecido.
Contudo, o real objetivo de Böll é apresentar uma inteligente denúncia às Fake News, tão em voga ultimamente. Na história, através das notícias falsas, a opinião de conhecidos, desconhecidos e íntimos de Katharina é moldada de forma a deturpar a imagem que a duras penas construiu.
A partir da ruína de sua imagem, Katharina envereda pelos caminhos da violência, perdendo sua honra, ao mesmo tempo em que busca justiça e tenta limpar seu nome.
A história é conduzida com suspense e contada de forma não linear, o que instiga a criatividade e a ansiedade do leitor, pois a todo custo se quer entender, basicamente, como que raios Katharina se meteu onde se meteu.
Com certeza, uma das melhores e mais surpreendentes histórias que li este ano e também a que deu início ao um pequeno projeto pessoal, leitura de germanófonos (escritores de língua germânica), que vou compartilhar nesta plataforma ao longo do ano.
Como leitura semelhante, recomendo O Estrangeiro, de Albert Camus, em que é possível observar, na minha opinião, a reprovação da imagem do personagem como fator decisivo na sua condenação social.

site: https://www.instagram.com/p/BubEkxHg1WS/
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Victor Almeida autor 10/03/2019

Atual!
Embora escrito há algum tempo o livro se torna bastante atual pensando não em jornais como proposto no livro, mas nas redes sociais onde pessoas são condenadas ou absolvidas baseadas em factoides dúbios e de origem duvidosas. Ninguém tem interesse em verificar se as informações são verdadeiras ou não com medo de ficar sem assunto em rodas de amigos e no almoço de domingo.
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Mad28 22/08/2015

A Honra Perdida de Katharina Blum - Resenha
Com grande pena minha, não gostei deste livro. A história fica confusa e os nomes são demasiado parecidos. Eu já não via a hora de ele acabar. A história torna-se confusa e o facto de haver muitos nomes, e alguns parecidos, não ajuda. Eu já não sabia em que altura estava. Ao ponto que o livro acaba a explicar o princípio. Talvez na época tenha sido muito bom e por isso tenha ganho um prémio novel, mas eu não fiquei fã. Ao ponto que nem consegui tirar quotes deste livro. A frase que gostei foi «Podes meter esses teus sentimentos no frigorifico, que é onde guardas todos os outros.». Esta frase eu gostei, mas sinceramente eu nem sei quem é que a disse ou para quem. Quer dizer, eu lia os nomes mas não me diziam nada. Sabem, normalmente quando eu leio, eu leio o nome e penso "é o irmão dela", "é a melhor amiga" ou até "é o cão". Mas aqui nada. Eu lia os nomes e não percebia. Quase que precisava de escrever numa folha à parte quem era quem. Este eu não recomendo, lamento para quem gosta.

site: http://presa-nas-palavras.blogspot.com/2014/12/a-honra-perdida-de-katharina-blum.html
Victor Almeida autor 10/03/2019minha estante
Mas boa literatura é assim. Necessita de um certo esforço do leitor. Leia Pontos de vista de um palhaço do mesmo autor. É um livro excelente e mais acessível.




Ana Clara 05/02/2015

Aparentemente escrito a partir de experiências próprias o livro choca ao relatar a interferência e desrespeito brutais protagonizados pela mídia inescrupulosa na vida de pessoas que por qualquer razão se vejam ligadas a um crime ou a algum criminoso. Escrito em linguagem objetiva e dinâmica -em contraponto com o sensacionalismo do Zeitung, como alguém disse- o livro demonstra ainda, na Alemanha da década de 70, a violência institucionalizada contra qualquer um que cheire a esquerdista.
Ótima resenha, que achei por aí, sobre o livro: http://opintassilgo.org/2014/11/14/resenha-a-honra-perdida-de-katharina-blum-die-verlorene-ehre-der-katharina-blum-de-heinrich-boll/
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Marcos Faria 28/04/2011

No fim, os deuses que moram nos livros quiseram que eu começasse a ler em pleno carnaval A honra perdida de Katharina Blum, de Heinrich Böll (Artenova, 1974). Eu nem fazia ideia de que a história toda se enovelava em torno de um encontro acontecido durante um baile de carnaval na Alemanha em 1974. Não vou dizer que foi o terceiro dejà-vu do mês, mas 35 anos depois parece que Böll está falando do presente. A imprensa preconceituosa e a polícia irresponsável (troque a ordem dos adjetivos, se preferir) do Brasil de hoje certamente aprenderam muito com as congêneres alemãs no que diz respeito à arte de destruir vidas e reputações.

(Publicado originalmente no Almanaque: http://almanaque.wordpress.com/2010/03/06/meninos-eu-li-3/)
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