Pérola de Souza 27/12/2014
"A princípio as perguntas dela pareceram insignificantes, mas comecei a imaginar que a jovem desejava na verdade me contar algo mais. Esperei. Quando ela acabou, perguntei-lhe se não havia outra coisa que quisesse compartilhar. Ela pareceu aliviada. Então, sentou-se do meu lado naquele auditório pequeno e abarrotado de gente e sussurrou ao meu ouvido:
— Posso chorar um pouco no seu ombro?"
- Capítulo 3, Quando o coração está partido, página 26.
O relato acima reporta-se a respeito de uma adolescente introvertida que abriu mão da timidez para extravasar a dor de seu coração dilacerado pela ausência de seu pai. Esse trecho do livro marcou-me profundamente por ter sofrido, não menina, mas em idade adulta, a perda de meu pai e pela falta que me fez os “braços fortes e amorosos” que por muitos anos “me haviam amparado e confortado”.
O Imensurável Amor de Deus retrata uma realidade que muitas vezes insistimos em esconder de nós mesmos. No entanto, o nosso Deus, que é onipotente, onipresente e onisciente, permite-nos, através de um contato interpessoal para com Ele, descortinarmos o oculto para que sejamos totalmente tratados e sarados por Seu amor. Temáticas como o perdão, a intimidade com Ele e a perseverança de que, se nos esforçarmos e tivermos bom animo, Ele será conosco em todos os momentos da nossa vida, me possibilitaram um mergulho profundo em minha trajetória sob um olhar diferenciado, que vem segundo o coração de Deus, e que irei dissecar a seguir.
Muitas pessoas têm marcas emocionais profundas causadas por pais que não souberam expressar amor ou que simplesmente foram ausentes. No entanto, à medida que se conhece mais e mais o Pai celestial, e passa-se a ter comunhão com ele, torna-se possível experimentar o poder de cura de seu amor.
Através da leitura, meditei sobre o perdão e o reconheci como importante canal para alcançarmos a graça e o amor de Deus. Receber e liberar perdão às pessoas e a si próprio, muitas vezes exige de nós desprendimentos de verdades que trazemos conosco. Neste caso, o livro nos mostra que à medida que nos humilhamos diante de Deus, ele nos perdoa e concede a cicatrização das feridas.
"Deus cura os de coração quebrantado e cuida das suas feridas"
–– Salmos 147:3
Ainda com relação ao tema, me identifiquei com a obra de Floyde McClung no que concerne a dificuldade de perdoar os nossos fracassos cometidos na área sentimental e familiar. No mês de maio, ao participar do “Encontro com Deus”, descobri quão valioso é perdoar a si mesmo e repousar nos braços de Jesus.
“Jesus Cristo é o ferido que cura nossas feridas.”
– Capítulo 3, Quando o coração está ferido, página 28.
O livro também aborda a falta de comunhão com Deus e o distanciamento das famílias com o Criador. Muitos pais vendem a seus filhos a imagem de um amor como moeda de troca. Isso é facilmente notado quando ouvimos deles que “se você conseguir entrar para o time de futebol da escola, se você trouxer para casa boletins com boas notas, se você tiver boa aparência, então sim, você será aceito e ‘amado’”. E fico me perguntando: Onde está o primeiro amor? Com certeza foi esquecido no estresse do dia a dia e no tilintar do relógio. Ainda assim, Deus nos ama incondicionalmente.
"O que Deus nos pede somente é que nos aproximemos dele com honestidade e sinceridade; então, ele nos perdoará e nos transformará nos filhos que ele deseja."
- Capítulo 2, Aceitação, página 20.
Meu pai biológico não era cristão, mas dedicava-me um afeto muito grande. Muito mais que pai e filha, éramos bons amigos. Mesmo tomando atitudes que não o agradavam, meu pai, dono de uma sabedoria sem igual, destinava-me as palavras certas no momento exato. Com a lacuna deixada por ele, quase entrei em depressão. Eu estava fora dos caminhos do Senhor, porém, se não fosse os Seus cuidados e imensurável amor para comigo, talvez eu não estivesse descrevendo tais acontecimentos. Hoje eu louvo a Deus, engrandeço ao Seu nome e testifico que ter comunhão com o Pai faz toda a diferença em nossas vidas.
Por fim, outra temática que me identifiquei no livro trata-se da perseverança.
"A perseverança apresenta dois aspectos. Se de um lado significa compromisso de nossa parte de não desistir, ou determinação em terminar a tarefa, por outro lado, diz respeito à capacidade da parte de Deus. Ele nos concede a graça de terminarmos aquilo que nos chamou a realizar."
- Capítulo 4, Sétimo passo - Persevere, página 54.
Sem relacionamento com Deus, passei por intermináveis Egitos. O distanciamento tornava a minha caminhada mais longa e espinhosa. Porém, o Criador nunca desistiu de mim. Ele nunca desiste de nós.
"Seu Pai celeste estava presente quando você dava os primeiros passos como criança. Ele presenciou as mágoas e desapontamentos de sua adolescência e, neste instante, está presente com você."
- Capítulo 2, Confiança, página 16.
Ele me chamava para refazermos nossa aliança. Eu atendi. A cada dia busco estreitar mais e mais a intimidade com o coração paterno do Senhor. Hoje, tenho certeza que uma nova história Deus tem pra mim. Regozijo-me por ter sido escolhida, meu Pai (João 15:16). Reescreve a minha história com o sangue do Cordeiro. Enche-me com o bálsamo do teu Espírito. Que eu possa perseverar em ti e que tua ordens sejam, para mim, promessas de vitórias.
"Sendo assim, não corro como quem corre sem alvo, e não luto como quem esmurra o ar. Mas esmurro o meu corpo e faço dele meu escravo, para que, depois de ter pregado aos outros, eu mesmo não venha a ser reprovado."
– I Coríntios 9: 26-27.