Livraria Limítrofe

Livraria Limítrofe Alfer Medeiros




Resenhas - Livraria Limítrofe


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Cel 26/01/2012

Livraria Limítrofe - O Adeus – (Alfer Medeiros)
Resenha do blog: Uma Janela Secreta.
http://www.umajanelasecreta.com/


Preparem-se para visitar a livraria mais fabulosa e totalmente imprevisível já conhecida.


Imagine um lugar mágico... uma livraria onde o proposito não é vender livros e sim explorar seus pensamentos, literalmente dar vida a sua imaginação.

Logo no inicio somos apresentados ao Livreiro Limítrofe, um senhorzinho simpatico de aparentemente uns 60 anos que administra a livraria. Ele nos explica como tudo funciona e como o tempo lá dentro é estacionário. De "tempo em tempo" uma pessoa é sorteada para visitar a Livraria Limítrofe, e uma porta aparece magicamente em sua frente. Quando entra, o convidado se depara com um mundo novo (absolutamente fantástico para aqueles que apreciam o mundo dos livros) pois lá seus pensamentos e sonhos literários tomam forma.

Em cada capitulo é um novo conto, uma nova experiência pela livraria, narrada do ponto de vista de cada visitante. São personalidades e situações bem diferentes que nos fazem compreender a importância dos livros em nossa vida.

Acredito ser esse o sonho de todos os leitores: poder visitar a Livraria Limítrofe...


Leia mais:
http://www.umajanelasecreta.com/2012/01/resenha-livraria-limitrofe-o-adeus.html
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Ednelson 22/01/2012

"Que importância a literatura tem na sua vida? Ela está presente no seu dia a dia? O que significa para você? Quanto ela moldou do seu caráter?"

O livro começa suscitando estas indagações. O convite para entrar neste lugar tão singular, a Livraria Limítrofe, um espaço que assume uma forma diferente para cada visitante, nos é feito. A Livraria é um reflexo de cada visitante, tornando-se uma experiência única e uma jornada em si mesmo. Para reforçar a singularidade da qual pretende falar a obra começa pela sua capa ou melhor...não-capa. O livro não tem capa! Deixando a costura exposta e vindo acompanhado de uma cinta para protegê-lo. Isso soa como uma proposta deveras interessante. A “voz” do livro nos sussurra: Hey, leitor, projete uma capa em mim. Teça a primeira camada de minha pele com a sua imaginação. Essa foi uma ideia genial! Agora vamos para a análise do texto.



O livreiro limítrofe
Nesse primeiro momento conhecemos o gentil livreiro limítrofe que de forma muito atenciosa nos conduz pelas dependências da livraria, a beleza descrita pelo autor é tão forte que deixa tudo palpável, o lugar faz os olhos brilharem de alegria. As referências, algumas vezes evidentes e outras subentendidas, são excepcionais, provavelmente a maioria dos leitores se sentirá extasiado e talvez, como eu, se vejam nelas. As analogias parecem trabalhos de um hábil pintor, conseguem captar o colossal encanto de experiências que todos aqueles que fazem questão de se alimentar com a magia de histórias, sejam elas de qualquer gênero, já puderam viver. Não há como resistir ao desejo de explorar a livraria após este tour.

Dando à luz

Aqui somos apresentados a uma mulher de negócios que aparenta frustração com o quadro da sua vida, casada com um homem que atua na mesma área e que descobre estar grávida. A maternidade age como um bálsamo para seu espirito e a menina a faz ganhar uma injeção de vontade de viver. A garotinha curiosa decide explorar um território desconhecido, acompanhada pela mãe-coruja, que a auxilia no contato inicial nesse terreno mágico e ao mesmo tempo se diverte, descobre uma paisagem que a cativa. A luz no título claramente alude à dois instantes distintos, o nascimento da menina e a iluminação em que a mãe colabora. Fascinante. A magia transborda aqui.

Heroismo
Essa história fala de um sonho muito comum, mas nem um pouco banal! É um sonho que pode nos conceder altos voos. É um super sonho. Temos a oportunidade de enxergar pelos olhos de um cadeirante que sente a cidade como um desafio a ser vencido a cada dia e até por isso ele já assume um caráter épico. A linguagem usada para falar dos super-heróis oscila entre vários estilos. O final desse conto me fez pensar se todos somos também heróis enfrentando inimigos (medos em sua maioria) e tentando salvar o mundo (conferir um sentido à vida).

Duas perspectivas
Como o título já declara aqui vivenciamos simultaneamente contrapontos na livraria. Dois amigos com vidas e personalidades completamente distintas que conflitam em inúmeros assuntos nos fazem recordar quantas pessoas que já nos foram ou ainda são queridas, mas que devido às nossas escolhas ou caprichos do destino se afastaram fisicamente, casos em que as ferramentas das quais dispomos atualmente podem amenizar, ou sentimentalmente, situação em que mesmo estar ao lado pode significar um abismo. Esse embate de perspectivas também levanta a dúvida de quanto um hábito como a leitura pode influenciar nossa ventura.
Ajuda
O homem moderno que anda no mesmo ritmo desenfreado dos carros que cortam os centros urbanos, aqui podemos conhecer um exemplar desta classe. Um sujeito que visa tanto subir na vida em alta velocidade, desprovido da capacidade de apreciar a jornada e anestesiado para a beleza de toda amplitude da vida. Falta de escrúpulo e uma imaginação pobre, estas poucas palavras podem definir o indivíduo medíocre, síntese do homem-máquina. É um texto que fala sobre os malefícios da vida na era dos avanços a passos de gigantes, passos estes que frequentemente esmagam pessoas, e sobre como algumas escolhas podem tornar nossas vidas áridas e estéreis.
O ancião e a adolescente
Qual a projeção que os adolescentes atuais fazem para o futuro? Qual o interesse deles? O que buscam na interação com o mundo, quais seus instrumentos e o que fazem com os dados obtidos? A relação com a literatura de uma adolescente como vemos em grande quantidade, bastando sair de nossas casas, é o que lemos nessas páginas. A garota é uma figura que simultaneamente fica adorando, com uma dedicação religiosa, algumas coisas enquanto negligência outras, mesmo após apelos. Antes dessa parte da narração o livreiro limítrofe nos faz sentir ainda mais próximos, como amigos de longa data, nos apresentando dessa vez os aposentos onde ele e sua esposa residem.

Depoimento da mulher do livreiro
Uma marca que me chamou muita atenção nessa história foi que a visitante da livraria recebeu um nome, apesar disso em primeiro momento parecer apenas um detalhe fiquei intrigado. Outras duas peculiaridades são: a conjugue do livreiro é quem nos guia e a pessoa que ganha uma porta para a livraria não pode atravessá-la por um motivo que prefiro ocultar, não quero lhes estragar a surpresa. A visitante e nós, ao seu lado, atravessamos o seu desenvolvimento literário e também pessoal. A conclusão é comovente.

O senhor da má educação
Toda a livraria tem suas regras e obviamente um bom trato social é uma excelente recomendação quando conversamos com o amistoso e simpático livreiro que tantas boas coisas pode propiciar. Reconheci rapidamente a primeira cena com a qual o visitante se defronta. Confesso que abri um sorriso de orelha a orelha. A batalha fantástica entre o visitante e o livreiro, que usam de exércitos Orcs a dragões, é sensacional! Essa foi uma merecida homenagem a um escritor que tantas mentes povoa.

O dilema do editor
Um dilema recai sobre os ombros de um sujeito com um bom propósito, uma missão, comparo eu, tão nobre quanto a de Frodo. Em plena era do “e-“ (e-mail, e-book, e-reader, e-commerce) como tratar um negócio cujos alicerces estão fundamentados em um formato muito anterior a tudo isso? Será que os novos utensílios do conhecimento são arqui-inimigos de seus antecessores? É inegável que cada nova geração esteja ainda mais mergulhada no mar de bits, negar isso e não tentar compreender este fenômeno é fomentar um gigantesco vácuo entre o ontem e o amanhã, entre a base e o cume de uma montanha.

Lapso criativo

Para as pessoas que são leitoras o constante trabalho imaginativo torna muito comum o hábito de ficar elaborando histórias. Contudo, muitas histórias sequer chegam a sentirem a luz solar, seja por desleixo, falta de incentivo ou desinteresse de seu “pai” ou “mãe”. Admito que eu mesmo já fui demasiadamente desleixado com histórias que se formaram em minha mente, mas não ganharam forma no papel. Todo escritor um dia ou outro passa pelo “abominável lapso da escrita”. Esse período de convalescença pode ser transformado em um espaço para reflexão, organização e pesquisa, ou seja, este mal é passível de ser convertido em um fortificante. Essas são algumas das reflexões que construímos em conjunto com uma escritora que entra na livraria em busca de uma solução.

Visitante inusitada
Curto e síntese da maneira como ainda são tratadas pessoas que apreciam a leitura, seja ela para entretenimento ou instrução técnica. Durante todo o ensino médio fui perseguido por gostar de ler e conversar sobre livro. O modo como visitante que se apresenta nesse trecho do livro trata a literatura é exatamente como fui tratado por tantas pessoas. É lamentável para mim quando vejo um espirito falido a tal ponto. Esse conto é uma denúncia de como pode ser um país em que a leitura não receba a devida atenção.

As mortes

A dor advinda do luto é algo comum a muitos de nós, quem nunca enfrentou este doloroso processo um dia ainda enfrentará, afinal ao longo da vida todos fazemos amizades, criamos laços e vivemos momentos que gostaríamos que fossem eternos ao lado de pessoas das quais jamais gostaríamos de nos separar. Essa é a condição humana, o fardo dos mortais. Contudo, sendo a vida tão curta, por que deveríamos perder grandes fatias absorvidos na morte? Não seria justamente a morta um motivo a mais para adorar a vida? E por que encarar a morte com tamanho medo? Obviamente não desejamos morrer neste exato momento, mas ela é parte do ciclo e ficar chorando por causa que as cortinas um dia irão se fechar é perder todo o espetáculo do qual ainda somos atores e autores. Tudo isso é passado pela ótica de uma jovem mulher.

O headbanger e o fantástico
O nosso entrevistado do momento é, como o título anuncia, um headbanger, um adulto próximo dos trinta anos e grande de fã de Heavy Metal (destaque para Therion, vou pesquisar mais sobre essa banda). O Heavy Metal é uma vertente muito transgressora da música, devido ao fato de algumas bandas falarem em suas letras sobre religiões milenares, histórias de demônios, dragões etc (claro que as bandas de metal não falam somente acerca disto) e também porque às vezes polemizar um pouco pode ajudar bandas a ganharem espaço na mídia e patrocínios, afinal manter uma banda não custa pouco, mas grande parte dessa imagem de “bando de satanistas”, para não falar coisa muito pior, dos headbangers é produto da propaganda de pessoas intolerantes e com interesses mascarados. Sendo o metal tão transgressor o que seria mais justo do que aliá-lo a uma narrativa que vai além do comum, banal, superficial? Texto muito bem regido.
Beber e conversar
Um visitante confabula com dois grandes mestres do horror, fascinante como mesmo sem revelar o nome dos escritores eles são mencionados por meio de suas características tão marcantes. A confabulação gira em torno dos dissabores amorosos, a vida como escritor, as más venturas (as enfermidades que sofreram, afinal até mesmo os mestres já passaram por maus bocados) e a fama, injustamente, só alcançada após as suas mortes. Ainda bem que hoje em dia o sol pode agraciar mais àqueles que são os conservadores da magia do mundo, mesmo com muitos pesares que ainda persistem. A atmosfera escura e o ar impregnado por vinho e tantos outros aromas mais singulares reflete magistralmente o estilo de vida dos autores que se fazem presentes. Esse conto me fez querer estar no lugar do visitante. Quantas vezes já desejamos conversar com os nossos amados escritores? Fico feliz por essa maravilha ser possível atualmente, em nosso próprio país, são tantos talentos para serem apreciados! Queria poder fazer uma pergunta aos escritores! E agradece-los por apesar de tudo nunca terem desistido de criar sonhos (pesadelos para outros).
O adeus
A parte fatídica chegou... precisamos dizer um adeus, mas prefiro interpretá-lo como uma até logo (novas visitas serão feitas no futuro), deixe um lenço ao seu alcance, nunca se sabe quando os olhos podem começar a marejar e lágrimas, quando menos esperamos, já estão escorrendo pela nossa face. Nesses momentos temos às vezes vontade de só dar um discreto adeus, virar as costas e ir para outro lugar, mas isso seria completamente deselegante com anfitriões tão cuidadosos e generosos. Esse é outro momento em que um nome é estabelecido para alguém, não direi quem é (suspense é a alma do negócio). Confesso que foi como dizer adeus para um amigo intimo que talvez nunca voltássemos a ver, esse é o poder dos bons amigos e dos bons livros. Porém não somos abandonados como qualquer coisa, antes de nos despedirmos desse amigo de algumas horas ou dias (a velocidade de leitura é que dirá o quanto tudo irá durar) somos brindados com um bônus, um brinde de saúde e vida longa e próspera à literatura e suas maravilhas.

Bônus – Vampiros me mordam!
Vocês que é fã de zumbis, vampiros, lobisomens, fantasmas etc o que acharia de ter uma oportunidade de viver uma aventura com essas criaturas? Os riscos existiriam, mas a diversão compensaria isso. Correto? Essa visita extra é também uma homenagem de Alfer Medeiros à outro autor nacional, Adriano Siqueira, (preciso ler este também!) e a sua paixão pelas criaturas da noite. O humor ácido contra a idolatria "teen" não é economizado e risadas são inevitáveis. Uma chave de ouro!

Este livro é maravilhoso! Uma experiência espiritual para aqueles que fazem questão de passarem horas devorando livros dos mais diversos estilos e gêneros! Pelo jeito de escrever do Alfer Medeiros nesse livro podemos concluir que ele é sem dúvida alguma um dos autores brasileiros que ainda vão nos presentear com muitas letras encantadoras! Recomendo!
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William Duarte 05/01/2012

Livraria Limítrofe - Alfer Medeiros
“Que importância a literatura tem na sua vida? Ela está presente no seu dia a dia? O que significa para você? Quanto ela moldou do seu caráter e jeito de ser?”

Imagine um lugar onde você pode vislumbrar os cenários e personagens dos seus livros favoritos de maneira palpável. Um lugar onde as dimensões podem variar de um pequeno quadrilátero até um imenso reino de fantasia, de acordo com o seu gosto literário. Esse lugar é a Livraria Limítrofe.

A Livraria Limítrofe é um lugar mágico onde todos os dias as pessoas que são sorteadas pelo Livreiro Limítrofe tem a oportunidade de visitar o local e desfrutar dos “serviços” prestados por ele.

Nos capítulos do livro os mais diversos tipos de visitantes narram sua passagem pela Livraria e seu encontro com os personagens que marcaram suas vidas. É impossível não se emocionar em diversas passagens do livro, que além do entretenimento da leitura, em muitos momentos, nos faz refletir sobre a sociedade atual.

Outra coisa que torna a leitura ainda mais agradável são as referências a outros livros contidas nele. É impossível conter o sorriso ao encontrar a referência de uma obra da qual você seja fã! E ainda temos a oportunidade de conhecer novos personagens, autores e livros (mesmo que nenhum nome seja citado com um pouco de pesquisa é fácil conhecer a obra).

Outra observação interessante é que o livro não possui capa, vêm apenas com uma proteção envolta. O que torna o livro ainda mais singular e único!

Escrito por Alfer Medeiros e lançado pela Editora Estronho, Livraria Limítrofe: O Adeus é o tipo de leitura obrigatória a todo fã da literatura. Não apenas pelas referências, mas também pela grande reflexão que o livro traz.

Para mais resenha,

O Livreiro Maluco
http://www.livreiromaluco.com/
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Tânia Souza 23/10/2011

Livraria Limítrofe – O Adeus - Alfer Medeiros
Resenha de Tânia Souza

“Os olhos não vêem coisas, mas figuras de coisas que significam outras coisas” (CALVINO, Ítalo, As Cidades Invisíveis)

Livraria Limítrofe é diversão garantida. Inovador em vários aspectos, pra mim, desde o processo de leitura, pois comecei a ler antes de ter o livro em mãos: o anúncio da publicação, a proposta, os capítulos extras, a tradicional degustação, o manual do livreiro limítrofe, a interessante não-capa... Acompanhar as diferentes etapas e ir saboreando aos poucos foi a minha primeira leitura. A segunda teve início quando o livro chegou, eu já sabia que não tinha capa, mas mesmo assim, fiquei surpresa ao constatar que realmente, não havia capa. A cinta protetora e o reforço na primeira e na última página garantem a estabilidade do livro. Eu já tenho um livro sem capa, mas este veio numa caixa, as folhas soltas e enlaçadas por uma fita de cetim, e ele vai muito bem obrigada, ainda mais que não tenho muitos pudores em arrastar os livros por ai. Creio que a sobrevivência de Livraria Limítrofe está garantida, mas confesso, tenho certo receio em emprestá-lo. A diagramação é linda, cheia de detalhes e a ausência da capa não implica em falta de qualidade, pelo contrario, deixou ainda mais bonito.

Mas o melhor mesmo de Livraria Limítrofe está no que contêm as páginas macias. Uma livraria onde os personagens favoritos, ou não (!) de cada leitor podem criar vida é fascinante. Acho que provoca justamente o leitor em cada um e destaca a importância da leitura. Ler é um processo tão amplo, que o texto só tem forma definitiva na interação autor-texto-leitor. Livraria Limítrofe instiga esse sonho de tocar, falar, interagir e por que não, construir juntamente com o autor os seus universos literários favoritos.

Os personagens nos são apresentados de forma breve, alguns, tornando-se mais marcantes que outros: o divertido e de certa forma, curioso livreiro limítrofe; a esposa do livreiro; um polvo que... bem, isso o leitor pode descobrir sozinho; o misterioso interlocutor, candidato a ser o novo livreiro; os leitores e os não-leitores. E claro, autores. Sim, alguns deles também são personagens, assim como criaturas e outros seres inomináveis que tomam forma nas páginas tal como, anteriormente, fizeram em outras páginas, povoando a imaginação de várias gerações.

Os capítulos, que podem ser lidos sem linearidade, dividem-se entre as explicações sobre o funcionamento da Livraria Limítrofe, os objetos mágicos que ela oferece e entrevistas diversas, nas quais, muitas histórias vão sendo contadas, sempre em primeira pessoa. Tudo isso, em torno da busca de um novo livreiro. E cá entre nós, duvido que o leitor não sinta uma vontade irresistível de ser este sortudo. Eu senti.

Já fiz uma postagem especial sobre o Manual do Libreiro Limítrophe aqui no blogue, e ele também está disponível no site oficial do livro. ( que eu recomendo uma visita bem detalhada). De forma geral, o manual é um antigo pergaminho, escrito numa variante linguística descrita como um tipo de “galaico-português dos tempos em que a língua ainda era uma terra-de-ninguém sem regras bem definidas” e basicamente, descreve as ferramentas mágicas presentes na Livraria. O autor escreveu este trecho utilizando realmente uma forma de linguagem diferenciada, diferente da utilizada nos contos, nesse trecho, ela é floreada e arcaica, e com certeza, me deixou sonhando com artephatos mágicos, tais como o Pergamiño Imphinito, o Balcão-Base, a Gaita Doirada, o Apito de Vidro, a Luneta Rastreadora, o Marcador Memorial, a Ampulleta de Tempo Imutábel e a Caixa Registro-Calculadora.

Sobre os contos, dessa vez, preferi não falar de cada um ou escolher os meus favoritos, e não são poucos, inclusive um que é meu sonho de consumo. Apenas vou dizer que cada um apresenta personagens com diferentes vivências pessoais e literárias. Visitar a Livraria Limítrofe não é escolha do leitor, é a livraria que o escolhe. Mas isso não é imutável e ali, nem todos são leitores, apesar do presente que seria visitar uma livraria como esta, alguns não sabem aproveitá-la ou ainda, seguir as regras. Como o foco está nos personagens, o que cada conto nos oferece são sensações que brincam com nossos sonhos, ou ainda, nossos medos, tristezas, revelando momentos de melancolia, de alegria, de superação e esperança. Encontrei muitos personagens queridos, outros que não conhecia, uns que me assustam e alguns que me lembraram pessoas queridas que já não estão aqui. Finalmente, devo dizer que fechei a última página (afinal, não tem capa) com um sorriso. E esse sorriso era uma mescla de vários sentimentos.

A maior parte das ações se desenrolam no espaço da livraria, como este não é um espaço comum, muitos universos e cenários de desenvolvem nas tramas. É fácil esquecer que ainda “estamos” em uma livraria.

Além de muitas situações que podem ser verdadeiras lições de vida e ao mesmo tempo, momentos de diversão pura, assim como criticas sociais e divertidas ironias, o melhor do livro são as relações intertextuais. E essa é uma das minhas paixões no universo da leitura e da escrita, os caminhos hipertextuais pedem um leitor disposto a mergulhar na interação que as páginas podem oferecer; um leitor que é também um co-autor. Em Livraria Limítrofe, esse espaço sem margens ou fronteiras vai além das páginas do livro, de um conto a outro, de um personagem a outro, as possibilidades são infindas. Alfer Medeiros apresenta cenários, tons, cores, sons, personagens, trajes, e até mesmo uma simples bebida como peças importantes na construção de pontes e pistas literárias instigantes.

Uma coisa que estava me deixando curiosa era saber, no caso do leitor não estar preparado para o labirinto hipertextual dos contos, se a leitura perderia o sentido. Afinal, as referências intertextuais da obra são implícitas, e cabe ao leitor buscar sua história de leitura para completar as lacunas; pois vivi essa experiência em alguns contos e o autor escreveu narrativas autônomas, que independente das referências, permitem ao leitor construir um sentido, curtir a leitura conforme sua identificação (ou não) e gosto pessoal. Mas para leitores curiosos, Livraria Limítrofe pode ser desafiante, com as suas entrelinhas e labirintos literários, tece um universo bem mais amplo do que as suas 190 páginas e diferentes expressões artísticas e gêneros literários (do clássico mitológico aos últimos sucessos literários) que oferece.

Por fim, acho que o que me mais me fez gostar de Livraria Limítrofe foi a percepção de que não é somente o leitor fictício que realiza uma viagem literária.Também o leitor real, eu e você, por exemplo, realizamos esta viagem quando vamos reconhecendo nas páginas do livro as nossas leituras, mesmo as que não realizamos, e reconstruímos momentos importantes das nossas histórias, histórias de vida e de leituras.

Visite o site da Editora Estronho e saiba mais.
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Adriana F. 13/10/2011

Uma livraria sem limites
Desde que tomei conhecimento do projeto de Alfer Medeiros, fiquei muito curiosa para ler Livraria Limítrofe – O Adeus. O que dizer de uma livraria que se molda de acordo com a sua cultura literária? Isso é deveras fascinante!

O livro é lindo. Como sempre, uma bela obra que traz uma característica que, até então, creio ter sido pouco explorada no meio literário: a ausência da capa. Conheço apenas outros dois anteriores feitos assim. A princípio, o receio: vai estragar! Mas quando comecei a ler, que maravilha! É extremamente confortável e prático. Então, só tenho que parabenizar os envolvidos pela escolha ousada e de bom gosto.

Como de costume, avalio a obra como um todo: apresentação, forma, conteúdo... Apesar de conter certos deslizes na forma (por exemplo, excesso de vírgulas e alguns pronomes e locuções usados de forma inadequada...), o autor escreve muito bem e a leitura é fluida, leve, agradável... E comove.

Fui da alegria à tristeza na mesma noite ao ler capítulos como o da mãe e sua filha (Dando à luz) e de um paraplégico que relata quão difícil é sobreviver num mundo que não foi “arquitetado” para sua condição de cadeirante (Heroísmo).

Senti raiva de um janotinha arrogante em “Ajuda” e de um rapaz alienado, negando-se a viver a vida real em “O Senhor da má educação”. E senti pitadinha de inveja do livreiro ao longo da obra. Mas que leitor não sentiria?

Ri muito com “Duas perspectivas” e “Visita inusitada”. Também chorei muito em “Depoimento da mulher do livreiro”. Considero essa, sem sombra de dúvidas, uma das situações mais tristes na vida. Nesse capítulo, o autor conseguiu passar toda a sensibilidade, angústia e esperança (ou a falta dela) que a cena precisava.

Refleti muito acerca da adolescência dos dias de hoje em “O ancião e a adolescente”, bem como sobre “As mortes”. Mesmo porque existem várias maneiras de morrer (ou devo dizer “perder a vida”?).

Mas foi moralmente que Livraria Limítrofe mais me tocou. Senti vergonha de mim mesma quando me vi uma pessoa preconceituosa. Algumas coisas são óbvias na vida, porém, cada um tem seu “timing” para aceitar a lógica dos fatos. Foi assim em “O dilema do editor”. Passei a ter uma nova perspectiva sobre o assunto, deixando de lado conceitos baseados na minha mais pura ignorância.

Alguns pontos são passíveis de uma discussão mais profunda: a adolescente, o alienado, o torcedor que não gosta de ler e a mulher que entrou "de bico" na livraria.

Até que ponto os livros voltados para as massas constroem? Até que ponto corrompem? Dizer que um adolescente está errado ao ler livros de vampirilampos* é descartar não só sua maturidade biológica, como também sua maturidade literária. É ignorar a ação do tempo na formação do indivíduo. E nesse ponto, Alfer Medeiros acerta ao levantar essa questão. Tempos modernos, adolescentes diferentes. E o hiato formado entre gerações é, muitas vezes, intransponível.

O papel da literatura no desenvolvimento do caráter também é fundamental. Um livro pode alienar tanto quanto um programa de TV, um jogo de RPG ou uma seita religiosa. O que você quer ser quando crescer? Um cavaleiro medieval que comanda exércitos contra o inimigo é, de fato, um “futuro promissor”. Na ficção. E jovens que não conseguem viver a realidade, não conseguem suportar o mundo tal como ele é, embrenham-se por um caminho que muitas vezes não tem volta. Difícil combater essa alienação.

E temos os desprovidos de leitura. Aqueles que nunca tiveram acesso a um livro ou, quando tiveram, não conseguiram aprender a ler. Não tiveram alguém que ensinasse a ler. A falta de oportunidade é algo que ainda esmaga a sociedade de países em desenvolvimento. E a literatura pode ser libertadora! Já dizia Monteiro Lobato: “Um país se faz com homens e livros” e isso é fato. Mas ler não é apenas reconhecer caracteres. Precisamos de educadores que ensinem a Ler para que depoimentos como o da “penetra” e do torcedor sejam cada vez mais raros.

Mais uma vez, o autor mostra a que veio: promover a Literatura para todos, levantando questões de grande valor social, suscitando discussões profundas, conceitos filosóficos e o importante papel que a leitura de qualidade tem tanto no âmbito individual quanto na sociedade ao longo da História.

Livraria Limítrofe é uma dessas obras que todos devem reler vez ou outra. Seja para pegar as inúmeras referências literárias espalhadas por todo o livro, para ter um novo ponto de vista, para refletir ou ainda para descontrair... Apenas leia. A cada nova releitura você fará novas descobertas. Sem limites.

* SIQUEIRA, A.; 2011 – referência devidamente citada por ter usado o neologismo do Lord Dri. =)
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barbsm 04/10/2011

A ideia é interessante, assim como as referências percebidas ao longo do livro, que sempre causam aquela satisfação pessoal quando reconhecidas. Porém, não curti o desenvolvimento dos personagens, que não se tornaram tão cativantes ou críveis pra mim quanto gostaria, talvez, em parte, pela narrativa em primeira pessoa.
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Carol Mancini 15/08/2011

O livro sem capa.
Autor: Alfer Medeiros
Diagramação: M. D. Amado
Editora responsável: Celly Borges
Revisão: Celly Borges
Editora Estronho
Selo Fantas.

Para quem vem acompanhando os trabalhos da praticamente recém-nascida Editora Estronho, sabe que o que ela vem desenvolvendo é de uma qualidade gráfica e criatividade impressionantes. Mas ousadia tem limite? Se tem, Marcelo Amado e sua parceira Celly Borges ainda não chegaram lá, pois desde o anunciado do lançamento do primeiro livro do Selo Fantas, já se prometia mais uma “loucura”: um livro sem capa.
Para entender melhor esse projeto, vamos falar antes sobre o que é o Selo Fantas. Celly Borges presente como revisora na Editora Estronho já há algum tempo, agora dirige um selo cujo nome foi inspirado em seu blog: Mundo de Fantas, com resenhas de livros, dicas sobre leitura, promoções entre outros. O “Selo Fantas” então veio com a proposta de trazer para dentro do universo esquisito da editora, um canto para a literatura juvenil. E “Livraria Limítrofe” do Alfer Medeiros é sua primeira obra.
(Então “Livraria Limítrofe” é um livro para crianças e adolescentes? Não! Ele também é para esse público, mas não somente.)
Alfer Medeiros (autor de “Fúria Lupina”, um livro forte em diversos aspectos) aparentemente de maneira um tanto despretensiosa criou a fantasia que rege esse livro, que tem duas grandes motivações – propositais ou não.
A primeira é que o livro refere-se a muitas outras obras dos mais diferentes universos da literatura que saltam do papel até que os enxerguemos com características de personagens e autores de todas as épocas, porém, sem citar-lhes os nomes. Isso, para um leitor de um único gênero ou poucos, cria a identificação com um ou outro “capítulo” do livro; e para o leitor que devora de tudo, irá rir e se divertir muito com diferentes passagens que tocam os mais diversos gêneros.
Em segundo lugar, o mundo que se desbrava e se renova a cada página do “Livraria Limítrofe” é tão mágico e pungente que quem não está acostumado à leitura logo irá querer buscar maiores fontes para seu divertimento e, porque não, conhecimento. Agora, não é necessário ter nenhuma bagagem para entender a história, pois cada momento único é dotado de aventura particular e tem seu próprio clímax e desfecho.
Cada “capítulo” do livro é uma pequena história contada em primeira pessoa que consiste na experiência vivida por um personagem dentro da Livraria Limítrofe, um lugar regido por magia onde todos os conhecimentos literários daquele que a visita tomam formas ou ganham vida bem diante de si.
Cada personagem-narrador, tem uma personalidade única e justamente por isso, diferentes repertórios que são personificadas dentro da Livraria, onde é claro, só entra um visitante por vez.
Então podemos dizer que existe o cenário fixo, que é realmente a Livraria e tudo que há dentro dela como manuais, livros de verdade, passagens secretas, um aquário entre outras peculiaridades criadas pelo autor. E existem os cenários paralelos, que se modificam de acordo com a vivência de cada personagem-narrador dentro da Livraria.
Essa alternância também proporciona ver o mundo e a leitura sobre diferentes pontos de vista, mas todos eles escritos com muita responsabilidade e respeito. Alfer Medeiros soube tocar em temas como velhice, ganância, morte, deficiência física, superficialidade, doença e muitos outros com sinceridade, mas também com cuidado.
Todo a história em si está muito leve e divertida. Várias passagens fazem rir, e outras emocionam, e acredito ser impossível não se “ver” em uma ou outra passagem, ou principalmente, não morrer de vontade de ir parar lá dentro por alguns instantes.
O “objeto livro” certamente irá despertar o maior número de sensações possíveis, mas eu particularmente acho o livro mais belo feito pela Editora Estronho até agora.
Não existe capa, e para proteger o impresso o livro vem com uma capinha que faz alusão aos antigos livros de capa dura de couro e letras trabalhadas em dourado, com incríveis detalhes, agora por dentro que está a verdadeira beleza.
As páginas são de um cuidado impressionante, as folhas amareladas juntos com as letras adornadas e as bordas quase barrocas no início de cada capítulo deixaram a obra com um ar antigo e leve ao mesmo tempo. As palavras que melhor definem a diagramação é a simplicidade e o bom gosto.
Do lado de fora se pode ver a costura das páginas, e as folhas iniciais e finais são um pouco mais grossas para não prejudicar o exemplar.
A Editora Estronho, nessa obra, veio validar sua chamada “...tudo até literatura” com uma obra totalmente diferente de seu repertório já publicado, e Alfer Medeiros nos mostra que não é escritor de um único gênero.
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