Aline 20/12/2021
Inesperado.
Iniciei a leitura deste livro, confesso, sem buscar informações sobre ele. Imaginei que encontraria ali um significado preciso do que o termo ?liberalismo? enseja. Qual não foi minha surpresa com o histórico do termo trazido pelo autor...
Não concordo com muito do que está ali (por exemplo, tudo relacionado ao liberalismo conservador ou social). Mas, a ideia do livro não é que o leitor concorde ou não. Trata-se da interpretação histórica de eventos, obras e pensamentos de diversas pessoas. Isto porque, como o próprio autor traz, liberdade é um conceito amplo e mutável ao longo da história, assim como a definição de liberalismo.
O primeiro capítulo da conclusão traz exatamente o que o leitor encontrará no livro... não uma definição, mas as diferentes acepções que o termo carregou durante a história, bem como os contextos sociais que ensejaram as diferentes visões:
?Uma vista geral, mesmo tão necessariamente incompleta quanto esta, da história três vezes secular das ideias liberais mostra, acima de tudo, a impressionante variedade dos liberalismos: há vários tipos históricos de credo liberal e, não menos significantes, várias espécies de discurso liberal. Tal diversidade parece decorrer principalmente de duas fontes. Em primeiro lugar, há diferentes obstáculos à liberdade; o que assustava Locke ? o absolutismo ? já não era obviamente o que assustava Mill ou, ainda, Hayek. Em segundo lugar, há diferentes conceitos de liberdade, o que permite uma redefinição periódica do liberalismo.? (Pg. 262)
O textos anteriores e posteriores aos escritos do autor auxiliam a leitura, mas também a direcionam. Portanto, para mim, foram importantes como apoio, mas não imprescindíveis.
O autor inicia sua obra tentando trazer definições e pontos de partida do próprio termo ?liberalismo?, de liberdade (negativa e positiva), autonomia, a posição do Estado. Traz também três escolas de pensamento distintas: a inglesa, a francesa e a alemã. Após, ele demonstra as raízes do liberalismo, inclusiva como um corolário do Iluminismo. E, neste momento, o leitor já se encontra confuso com todas as datas e personagens citados pelo autor. Tudo aquilo que, atualmente e de maneira geral, é considerado como liberal é desconstruído. Suas raízes são um resultado da insatisfação do contexto social da época.
Após, o autor passa a descrever o liberalismo clássico a partir de Locke. Passa então por diversos autores, alguns mais conhecidos e outros menos, alguns tidos como clássicos e outros que nunca se cogitou que fossem inseridos como autores liberais. Mas, confesso que fiquei bastante surpresa com o capítulo denominado ?Liberalismos conservadores?. E, por fim, o autor finaliza a obra com o capítulo que busca descrever os ?novos liberalismos? e os ?neoliberalismos?, quando menciona diretamente o liberalismo social, Kelsen, Keynes, Popper, Mises, Hayek e diversos outros.
Então... foi uma leitura interessante, embora arrastada. É sério! As datas, autores e confusão entre os termos são demais. Para mim, o autor não foi muito didático. Por isso, não considero o livro imprescindível, mas a noção de transfiguração do significado do termo ?liberalismo? durante a evolução histórica é realmente bem interessante; me parece trata-se de uma resposta ao contexto de cada época.