Resenhas - Poemas Antológicos

Luan.Almeida 17/03/2024

Poemas africanos
O livro apresenta o contexto dos descendentes e filhos de seus descendentes africanos, de forma poética, hora triste, hora feliz, hora a refletir e hora se rebelar. Recomendo a leitura!

Carol 27/01/2024

Impressões da Carol
Livro: Poemas Antológicos {2006}
Autor: Solano Trindade {Brasil, 1908-1974}
Editora: Nova Alexandria
168p.

Solano Trindade foi poeta, escritor, teatrólogo, ator, pintor e pesquisador de tradições populares. Um intelectual ciente do seu papel de mediador e um ativista na luta por um país menos desigual, racialmente.

Civilização Branca

Lincharam um homem
Entre os arranha-céus,
(Li no jornal)
Procurei o crime do homem
O crime não estava no homem
Estava na cor da sua epiderme

"Poemas Antológicos" é uma bela compilação de sua obra poética. Divididos em 4 partes: "Vida, nossa vida", "Deuses e raízes", "Amor à flor da pele" e "Resistência e luta", os poemas de Solano Trindade colocam em diálogo o cânone e o popular para construir uma identidade, um discurso que se contrapõe ao discurso oficial, no qual os negros eram - muitas vezes - representados como não-sujeitos.

Canto dos Palmares

Eu canto aos Palmares
sem inveja de Virgílio de Homero
e de Camões
porque o meu canto
é o grito de uma raça
em plena luta pela liberdade!
(...)

Advertência

Há poetas que só fazem versos de amor
Há poetas herméticos e concretistas
enquanto se fabricam
bombas atômicas e de hidrogênio
enquanto se preparam
exércitos para guerra
enquanto a fome estiola os povos...

Depois
eles farão versos de pavor e de remorso
e não escaparão ao castigo
porque a guerra e a fome
também os atingirão
e os poetas cairão no esquecimento...

Uma escrita de resistência, calcada no desejo de sobreviver pessoal e culturalmente. Recomendo com força.

Poema autobiográfico

Quando eu nasci
meu pai batia sola
minha mãe pisava milho no pilão
para o angu das manhãs.

Eu sou um trabalhador
Ouvi o ritmo das caldeiras...
Obedeci ao chamado das sirenes...
Morei num mocambo do "Bode"
e hoje moro num barraco na Saúde...

Não mudei nada...

Lupin Leonês 20/11/2023

Leitura antiga.
Não lembro bem, pois faz muito tempo que li. Porém, sei que gostei bastante dos poemas, mas nada tão marcante para a época e mentalidade. Irei ler novamente e atualizar a resenha.

Tati Iegoroff (Blog das Tatianices) 26/09/2023

Poesia de verdade
O livro é bem rico, trazendo em seu início os capítulos "Algumas palavras antes do texto" e "Solano Trindade, passado e presente", que nos dão um bom panorama sobre a vida e a obra deste poeta, antes de mergulharmos em sua poesia propriamente dita.

Apesar de igualdade e liberdade ecoarem em muitas das poesias aqui reunidas, o livro nos leva muito além, mostrando que o “poeta negro” sabia brincar com as palavras e usá-las para falar de tudo um pouco, de maneira inteligente e, muitas vezes, surpreendente.

Assim, "Poemas antológicos" está dividido em quatro grandes temas:
- Vida, nossa vida
- Deuses e raízes
- Amor à flor da pele
- Resistência e luta

Por mais que as temáticas se conversem e se cruzem em alguns pontos, é muito fácil perceber o assunto de cada poema e qual grande tema estamos percorrendo naquele momento.

A poesia de Solano me cativou não apenas por sua variedade de temas, mas também por sua forma e sua força. Senti que estava lendo poesia de verdade e fiquei ainda mais encantada ao saber que alguns dos poemas chegaram a ser musicados, inclusive por João Ricardo, dos Secos e Molhados.

Também chamou a minha atenção a criatividade do autor, o uso de figuras de linguagem, a ironia bem empregada.

Dentre os poemas que não posso deixar de destacar, menciono F. da P, Toque de reunir, Batucada, Civilização branca.

Se você quiser conhecer estes e outros versos de Solano Trindade, indico a obra Poemas antológicos!

site: https://blogdastatianices.com/2023/09/26/poemas-antologicos-solano-trindade/

Danyela5 01/07/2023

Foi um livro que me prendeu do início ao fim com uma leitura super rápida e fluida.

Me surpreendeu bastante a diversidade que o autor colocou em suas obras, falando de amor, cultura, críticas, etc., e as vezes tudo ao mesmo tempo com tanta facilidade.

Um livro necessário e importante, que me fez refletir como o tempo passou e ainda assim as oportunidades e visibilidade negra são tão deixadas de lado.

lililu 09/06/2023

Me surpreendeu
Quando eu peguei pra ler, eu estava sem nenhuma expectativa, mas me surpreendi muito. A escrita desse livro é muito boa. É uma escrita de resistência e resiliência.
Gostei demais os poemas desse livro, realmente me tocaram. ?

Yago.Mineiro 10/04/2023

Poemas incríveis
Minha opinião: esse livro conta tantas histórias maravilhosas com muita facilidade na escrita, o autor conta belamente a forma como ele vê o mundo. AAAAAA livro muito bom.

Gustavo 07/04/2023

Conheci Solano por causa de Eu Quero Maracatucar, que ouvi pela primeira vez num grupo de maracatu. Esse poema me deixou muito curioso sobre quem era esse homem que não queria envelhecer nem escravidão, e sim a juventude e a liberdade. Depois de ler essa antologia, só consigo ficar maravilhado pela genialidade da poesia dele.
Suas obras passam pelo saudosismo do Recife e de sua infância, pelas paixões românticas e sexuais (que às vezes o faz esquecer da guerra do Vietnã, e às vezes é esquecida porque ele descobre que um companheiro negro foi agredido pela polícia), pela resistência negra (destaco especialmente o Canto dos Palmares - "eu canto aos Palmares / odiando opressores / de todos os povos / de todas as raças / de mão fechada contra todas as tiranias!"), pela militância comunista e humanista (em todos os poemas contra a guerra e a violência), pela religiosidade afrobrasileira, e formam a imagem de um homem negro consciente de sua identidade, de seu local na sociedade e de seus desejos e necessidades.
Também destaco um trecho de Minha Família: "Por que chorar pelo amor de uma mulher? / por que estreitar o mundo a um lar / por que prender-se a uma rua / a uma cidade, a uma pátria? / por que prender-se a mim mesmo?". Apesar de trazer o saudosismo de sua infância, ele dá a entender que sua identidade não é fixa em um só lugar, que se constitui desse desprendimento em relação a poucos lugares. Ele permite-se a abertura ao contato, à mudança, ao novo.

fepopi 16/01/2023

Incrível
Adorei começar a conhecer o trabalho de Solano Trindade por este livro. Certamente lerei mais. Solano fala sobre liberdade, fome, religião, e sobre resistência da cultura negra. Gostei muito mesmo!

Mariana 16/12/2022

É impressionante o quanto a poesia negra é ocultada. Uma escrita tão simples e preciosa... Poder sentir diferentes perspectivas a partir de uma antologia, te leva a diferentes sensações e descobertas. Solano é incrível.

Naty 01/07/2022

Devia ser comentado nas escolas.
São poemas diferentes,regados de política e de militância.
Como o próprio Solano Trindade diz em um de seus poemas,é muito comum ouvirmos ou lermos poemas de amor;Acredito que por isso seja uma experiência de leitura tão única,não são só poemas de amor.

Wallace17 19/12/2021

Poesia Preta de Solano Trindade
?Poesia feita sem ilusões, mas com o mesmo ar mágico e sonoro das canções folclóricas, com o mesmo ritmo da dança do terreiro, com o mesmo espírito guerreiro dos quilombolas?.

Francisco Solano Trindade nasceu em 24 de Julho de 1908, no bairro de São José, em Recife-PE, filho do sapateiro Manoel Abílio e da doméstica Emerenciana Quituteira.

Trindade foi um dos grandes articuladores e pensadores do movimento cultural negro no Brasil do início do século XX. Foi um dos fundadores da Frente Negra Pernambucana, do Centro de Cultura Afro-Brasileira e Teatro Popular Brasileiro.

Nesta antologia, Solano Trindade celebra os assuntos que são caros para a negritude, como: liberdade, luta, resistência, ancestralidade, religião, amor, erotismo, cultura, arte, alegria, dança e sobretudo, DIREITO À VIDA!

Solano foi ponta de lança num país estruturalmente racista. Enegrecer a poesia foi um grande êxito de sua trajetória.

?Se negro está lutando
Zumbi presente está?.

Ronaldo Thomé 12/07/2021

"(...) e o poema não saiu"...
Literatura forte, energética e combativa. Estes são os melhores adjetivos para descrever esse belo trabalho de resgate da obra de Solano Trindade - um dos grandes poetas do nosso país, além da etnia, cor e região de nascença.

Trindade era nascido em Pernambuco, no Nordeste, e muitos dos seus poemas trazem esse universo: da pobreza, da violência, da luta por cada dia. Muitas são as regiões sobre as quais o poeta fala, inclusive o Rio de Janeiro; entretanto, esse universo nunca é abandonado.

Percebe-se na maioria dos seus poemas a busca pela liberdade - não apenas no sentido de escravidão, mas principalmente no respeito e na garantia de direitos que tanto foram negadas ao negro neste país. Assim mesmo, entretanto, sua poesia ainda se mostra otimista e capaz de sonhar em muitos momentos, como no belíssimo "Palmares" e "O Navio Negreiro", em que o sofrimento dos escravizados se torna em poesia por meio das vivências e histórias dessas pessoas.

Nos seus poemas de amor e temática lírica, o poeta usa e abusa da sensualidade, da languidez e o humor para falar de suas aventuras, suas mulheres, tudo em meio a um forte tempero da religiosidade que praticava - baseada em matrizes africanas.

Enfim, uma bela homenagem de um homem que buscou viver pela arte, tendo sobre si o fardo injusto do racismo e que, mesmo assim, nunca se calou nem desistiu.

Indicado para: quem quer começar a conhecer poesia de resistência, bem como dentro da temática negra.

Nota: 9,5 de 10,0.

Nadine Hoffmann 04/07/2021

Uma grande surpresa.
Peguei esse livro para ler sem nenhuma expectativa e me surpreendi demais. A escrita do Solano é demais.

Ursa_Menor 22/05/2021

A poesia de Solano Trindade possui um caráter político muito forte, é uma escrita de resistência e resiliência. Solano traz aspectos da ancestralidade e religiosidade negras, além de falar sobre a violência, o racismo, o apagamento da cultura e da identidade. Não sou muito fã de poemas, mas consegui extrair coisas valiosas desse livro, seria um ótimo recurso para se usar na sala de aula.