alex 16/01/2024
Resenha crítica: As Meninas (sim, saudades é como um vestido velho do baú)
As Meninas, romance publicado em 1973 pela ilustríssima Lygia Fagundes Telles e premiado com o Prêmio Jabuti em 1974, conta a história de três meninas: Ana Clara Conceição, uma jovem pobre e bonita, estudante de psicologia que sonha em ser modelo, mas acaba entrando no caminho das drogas; Lia de Melo Schultz, filha de uma baiana com um ex nazista, estudante de ciências sociais e militante de esquerda, que possui um namorado preso pela ditadura militar; e Lorena Vaz Leme, a garota de alma feminina e rica, que sonha em se casar com um homem casado. As três vivem no Pensionado Nossa Senhora de Fátima, no qual vivem no contexto da ditadura militar.
Tenho muitas opiniões sobre o livro. Em primeira análise, é possível compreender que o livro se passa em 3 pontos de vista, no qual vão intercalando no livro sem aviso prévio. No início, é difícil distinguir cada ponto de vista, mas ao decorrer do livro se torna evidente. A escrita do livro é bem difícil, precisa estar atento em cada detalhe para entender a história. O ritmo de leitura é bem lento, devido aos detalhes e a falta de pontuação, além da mudança de ponto de vista frequente. No entanto, o livro foi uma ótima experiência, algo muito diferente do que costumo ler. Para ser lido, é necessário atenção máxima ao fluxo de consciência.
Ademais, sobre os personagens, o ponto de vista da Lia foi o que mais me cativou, de fato minha personagem favorita da obra. Linguagem simples, objetiva e sem muitos detalhes, descreveu bem e de forma com que me identificasse com a personagem. A da Ana Clara foi a mais difícil para mim. Por se tratar de uma usuária, tudo que ela fala é incerto, não se pode ter certeza de nada. Com o tempo, a Lorena se torna o foco principal na história: no início parece ser superficial, mas vai tornando um rumo incrível na história.
Destarte, posso concluir que é uma história muito interessante de acordo com o contexto da época, tem frases marcantes e momentos e personagens nos quais não vou esquecer. No entanto, o fluxo de consciência me atrapalhou muito, demorei muito para ler devido a lentidão na história e para captar as informações. Enfim, essas 3 estrelas não vão para o livro em si, mas sim para a história, contexto da época e para a inesquecível Lygia Fagundes, uma das minhas escritoras brasileiras favoritas.