Victoria361 11/05/2023
Meninas de verdade
Contexto: três amigas extremamente diferentes, com vidas e opiniões diferentes. Jovens que vivem a vida dá sua maneira. E a partir disso, começam a traçar seus caminhos, sem ter noção do quanto a vida delas podem ser moldadas e impactar uma a outra.
Minha opinião: Inicialmente tive muitaaaaa dificuldade em entender o livro. A Lygia escreve de uma maneira única, com o narrador em primeira pessoa e às vezes em terceira, com a própria personagem falando e expondo seus pensamentos. Uma bagunça em formato de prosa, que ao longo da narrativa fui entendendo melhor e gostando bastante. Lorena, Lia e Ana Clara são super diferentes, mas a Ana Clara, diferentemente das outras, chama atenção pra sua vida e história trágica, ou seja, o leitor é capaz de compreender que a autora lida com a realidade, logo ela não sairá bem no final. As falas e lembranças narradas apontam pra um estupro, pra agressões verbais e físicas, além de psicóloga, que segue a Ana até no presente, com consequências extremamente tristes, como o uso contínuo das drogas e delírios constantes. Lia foi a personagem política na história, com falas sensatas e coragem sem fim. A investigação sobre a ditadura - sendo o livro publicado nesse período - foi brilhante, mas não me cativou tanto assim. A Lorena e o caso com o homem casado, a fortuna e reputação em ser a amiga rica não anulou os sofrimentos dela. Toda a história em si é bem interessante, é particular e única, como a história das amigas. O final com a morte da Ana e todo o plano em abandonar a amiga sozinha demonstra uma realidade tão triste e realista nas amizades atuais, mas um jeito diferente de cuidar, de preservar uma imagem da amiga. É triste e realista. Eu me senti em uma história real a maior parte do tempo.
Minha frase favorita: "— Vocês me parecem tão sem mistério, tão descobertas, chego a pensar que sei tudo a respeito de cada uma e de repente me assusto quando descubro que me enganei, que sei pouquíssima coisa. Quase nada. " (As Meninas, pág. 130).