As meninas

As meninas Lygia Fagundes Telles




Resenhas - As Meninas


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Thales 20/02/2021

Eu não sei nem por onde começar
É muito difícil fazer uma resenha sobre "As meninas". Essa obra é quase uma entidade metafísica com vida própria que continua caminhando entre nós. Mas vamo tentar.

Embora seja considerado um livro muito difícil, entender o enredo é fácil. Acompanhamos os acontecimentos de um curto período de tempo, papo de dois dias, na vida de três jovens moradoras de um pensionato de freiras: Lorena, menina da burguesia paulistana, de família cheia de causos trágicos, extremamente mimada e culta, amante virgem de um pai de família que a gente mal sabe se liga pra ela; Lia, filha de uma baiana com um ex-nazista fugido, tão envolvida com a causa socialista que seu namorado estava preso pela repressão; Ana Clara, menina de beleza rara que se diz modelo, vive na encruzilhada entre um amante rico - que a gente mal sabe se realmente existe - e um traficante, profundamente afetada por uma infância de abusos psicológicos e sexuais, drogada a ponto de nunca estar realmente sóbria.

E é seguro dizer, entre todas as aspas, que quase nada acontece. Daria pra eu contar praticamente tudo, tirando o último capítulo, sem cair em spoiler. Realmente a gente meio que "só" acompanha a rotina das três nesse curto período de tempo.

"Uai Thales, qual a graça então?" Calma...

O que importa de fato é por onde a Lygia quer nos conduzir a partir do entendimento que as meninas tem da realidade, investigando seu íntimo, seus impulsos, pensamentos mais crus. E aí que o bicho pega.

"As meninas" é "só" um pano de fundo para a autora colocar em debate temas sensíveis como abuso, política, tortura, moral e hipocrisia, drogas, o papel da igreja e etc. num momento em que a ditadura anulava qualquer contraditório. Esses temas permeiam o enredo de cabo a rabo, ora de forma mais sutil, ora mais escancarada. Essa foi a forma da Lygia dialogar com a sociedade de seu tempo. Lembrando que o livro foi publicado pela primeira vez em 1973, momento em que o Brasil vivia os anos de chumbo dentro dos anos de chumbo. Era o auge do governo Médici.

"Nossa, mas então como ele passou pela censura?"

Amado, olha pra nossa situação. Olha pros nossos generais. Olha pra cara do Pazuello. Os cara não entendem pergunta de repórter em coletiva de imprensa, vão entender esse colosso??? Reza a lenda que quando o censor responsável pegou a obra para avaliar desistiu bem antes do famoso relato de tortura.

E quando a gente diz, corretamente, que esse livro é super duper difícil, rebuscado, enfadonho, a gente tem que pensar nisso. O fluxo de consciência de fato exige muito do leitor - eu juro que fiquei com dor de cabeça algumas vezes -, mas ele não serve somente à narrativa, para que possamos junto com a Lygia mergulhar no labiríntico psicológico da juventude dos anos 70 e perceber seus desejos e contradições mais profundas; era também uma forma de driblar atenção indesejada da intelligentsia reacionária da época. Uma pessoa que não tenha uma vontade gigantesca de saber onde esse "nada com nada" vai dar não passa da página 10. E essa era a intenção.

Por tudo isso, a história de "As meninas" é completamente secundária. E digo isso sem nenhum desejo de diminuir sua envergadura. Trata-se de um tapa na cara, a fina flor do brilhantismo narrativo. Mas a existência per se da obra supera qualquer coisa que possa ser dita sobre seu conteúdo geral.

Teria nem como se pensar em dar nota prum monumento desses. Ele tá fora de qualquer possibilidade de escala. Mas em termos de Skoob não tem como ser outra.

Viva Lygia Fagundes Telles! E foda-se a academia sueca que a preteriu em favor do Bob Dylan - que recusou o Nobel! Bem feito.
Débora 20/02/2021minha estante
Resenha show!!!


Thales 20/02/2021minha estante
Brigado, Débora!


Gabi Rached 03/03/2021minha estante
Obrigada! Sua resenha me ajudou muito.


Thales 03/03/2021minha estante
Muito bom ler isso, Gabi!


stelajanuzzi 08/06/2021minha estante
é isso! entender o contexto em que foi lançado e o quão subversivo foi é prioritário e indispensável para analisar essa obra. Adorei a sua resenha!


Thales 08/06/2021minha estante
Valeu, Stela. De fato entender o entorno desse livro é fundamental, acho que não teria gostado tanto se tivesse lido sem saber


Alê | @alexandrejjr 05/05/2022minha estante
Baita resenha, Thales! Esse livro já tá na minha lista há tempos e parece ser o meu tipo de romance. Fiz a burrada de comprar "Ciranda de pedra" antes pois confundi esse livro com um romance da Lya Luft que eu detesto, chamado "As parceiras". De qualquer maneira, vou começar o lado romancista da grandiosa Lygia por esse livro e o teu texto só reforçou esse sentimento.


Thales 05/05/2022minha estante
Alê, tu acredita que eu não suporto essa resenha? Acho de uma inocência brutal ? Confesso que eu tenho um carinho maior pelo Ciranda e acho ele mais acessível, mas esse aqui é sem dúvidas o maior romance da Lygia. Acho inclusive que é 100% teu tipo mesmo


Marydalle 18/07/2022minha estante
??




Nath 23/08/2020

A PIRÂMIDE E A DITADURA MILITAR BRASILEIRA SOB A ÓTICA FEMININA
"Ana Clara, não envesga! – disse Irmã Clotilde na hora de bater a foto.
– Enfia a blusa na calça, Lia, depressa. E não faça careta, Lorena, você está fazendo careta! A pirâmide." AS MENINAS

Esse foi o meu último romance da minha AMADA, Lygia Fagundes Telles! E a partir de agora só me resta ler os outros livros de contos da autora, já que ela só publicou quatro romances completos: o Ciranda de Pedra, Verão no Aquário, As Horas Nuas e o destruidor As Meninas.. E agora eu já posso dizer que finalmente eu li todos os romances da incrível Lygia Fagundes Telles!

Mas o As Meninas é especial. Não por ser o meu favorito (que continua sendo o maravilhoso Ciranda de Pedra!), mas por ser um dos livros mais corajosos da nossa literatura brasileira. Um livro tão corajoso, aliás, que recentemente entrou no desafio dos 100 livros essenciais da literatura brasileira da Revista Bravo. E, sem dúvida, entrou também no meu top 10 livros da VIDA! Mesmo sem ser o meu favorito da autora... Confuso? Explico!

Quando eu soube da existência desse livro, que se tratava de uma história de três amigas durante o período da Ditadura Militar no Brasil... Pronto! Eu não precisava de mais nada para sair correndo atrás do livro! E ainda bem que eu tive a chance de lê-lo agora nesse momento atual tão conturbado do nosso país, porque este é o tipo de livro //Testemunha//.

A própria Lygia disse certa vez em uma entrevista que "a função do escritor é ser testemunha do seu tempo e da sua sociedade". E muito provavelmente este foi o mote perfeito para escrever o As Meninas, em 1973. Uma década particularmente conturbada da nossa História brasileira, com profundas consequências na vida política e social do país, e que deu a autora o tema certo para fazer o tipo certeiro de moldura da época. E MDS, sem dúvida este livro merece constar entre os mais OUSADOS DA LITERATURA BRASILEIRA.

Pela primeira vez na história da nossa literatura, um depoimento REAL de tortura de um preso político foi inserido nas páginas de um romance, enquanto o regime ainda estava em pleno vigor no país, no período de lançamento do próprio livro.

A narrativa aqui mergulhou na vida pessoal dessas três Meninas que vivem em um pensionato Católico na capital Paulista. E é isso! Se formos analisar de uma forma "simplificada", essa é uma história sobre a amizade durante um período bastante tenebroso da nossa história brasileira.

E cada uma dessas três Meninas, que a gente logo fica sabendo no início da história que trata de uma PIRÂMIDE, vai representar diferentes grupos de pessoas daquela época. Essas três amigas se definem através da figura de arquétipos típicos de uma época: a Ana Clara, a mais bonita, com rosto de modelo fotográfica, estudante de psicologia da USP, é também a mais problemática por ser dependente de drogas e viver cercada de traficantes em festas da elite paulistana; a Lia, também conhecida por "Lião" ou "A Guerrilheira", uma nordestina vinda da Bahia para São Paulo afim de cursar Ciências Sociais na USP, diretamente envolvida na luta armada contra a ditadura junto com o namorado, um famoso preso político que conseguiu escapar do país para a Argélia (detalhe importante é que esse preso político, um diplomata famoso, realmente existiu e a Lygia o inseriu na narrativa como forma de protesto); e finalmente a Lorena, a mais intelectualizada, estudante de Direito da USP, mas com uma personalidade mais sensível de artista, é a filha única de uma família tradicional de proprietários de terras da região.

Com o passar das páginas percebemos claramente que a trama central girou especialmente em torno da Lorena, por ser a amiga mais rica e a mais sensível, acabou por sempre servir de ajuda econômica e psicológica para as outras duas. Sem dúvida, a Lorena foi a protagonista e abriu e fechou o livro com cenas magníficas de encher os olhos!

Mas no meio de todo esse cenário histórico brasileiro, o que mais me chamou a atenção foi o estilo narrativo. O narrador aqui não é convencional, não tem um "olhar" padrão da primeira ou da terceira pessoa. Temos aqui claramente um estilo narrativo de fluxo de consciência.

Mas não se engane achando que irá encontrar algo como os fluxos da Clarice Lispector ou da Virginia Woolf, por exemplo. A forma como as vozes de cada Menina alternaram-se muitas vezes de repente, sem nenhum aviso. Em alguns momentos um narrador em terceira pessoa também se fez presente e costurou alguns outros elementos na história; tudo junto e misturado no meio da consciências das três personagens. Essas narrações dos fluxos em primeira pessoa e depois em terceira se misturavam aos pensamentos no momento presente da história, sem que ao menos tivesse um "filtro" ou um tipo de refinamento no próprio texto... Pensamentos desconexos, quase aleatórios, que se interligaram. Como se realmente pudéssemos ler as mentes das três personagens em tempo real! E a gramática da narrativa, a pontuação das frases também acompanhou o fluxo.. Mas essa dinâmica insana das narrações ajudou a construir a personalidade de cada uma. E eu identifiquei claramente quem era quem só pela forma como cada personagem falava ou se expressava. Mais um ponto para a nossa Lygia!

Ela simplesmente conseguiu criar um fluxo de consciência único só dela. E o desfecho.... Ahhhh!!!! O desfecho da história foi simplesmente DESTRUIDOR e me deixou em posição fetal agarrada com o livro, refletindo sobre tudo...

E como sempre acontece nas minhas leituras da Lygia, eu me identifiquei demais com alguns aspectos da personalidade mais sensível e melancólica da Lorena. E não poderia finalizar essa resenha sem mencionar o quanto essas três Meninas me fizeram lembrar de mim mesma, quando eu mesma tinha os meus 19/20 anos: estudante de Jornalismo, estagiaria no jornal local da minha cidade. Uma Menina que sonhava em trabalhar com arte, e vivia com os livros da Clarice Lispector dentro da bolsa da Faculdade. Filha única, cheia de amigos, e que acreditava que o casamento convencional era uma instituição falida e por isso optou por sair de casa para ser independente sozinha no próprio apartamento (e o mais importante, SEM filhos! Porque eu não sou obrigada rs) No final dessa leitura, foi inevitável não refletir sobre o que aquela Menina pensaria da mulher de 30 e poucos que eu me tornei: trabalhando com fotografia, estudante de Mestrado, os meus livros da Clarice ainda dentro da minha bolsa, rs, e os meus amigos queridos da época da faculdade de Jornalismo ainda comigo, dona da minha vida, do meu próprio apartamento. Ler essa história, me fez pensar que aquela Menina do passado, ficaria feliz com o meu eu "futuro presente", e isso me encheu de alegria! ^^.

Somos todos feitos de escolhas. E a luta pelas nossas escolhas não termina nunca. Continua. Para todos! Já dizia a espetacular Filosofia criada pela Lorena aqui nesse livro:

"O estar era a estagnação do ser (...)Para que eu seja assim inteira (essencial e essência) é preciso que não esteja em outro lugar senão em mim. Ora, se sacrifico o ser para apenas estar, acabo me desintegrando (essencial e essência) até a pulverização total.."
Craotchky 23/08/2020minha estante
Caprichou, hein?! Ambientação histórica, personagens, fluxo de consciência único, final destruidor... parece ser um livro muito rico.


Nath 23/08/2020minha estante
Ahh, o final foi mesmo destruidor.. Eu jamais imaginei! Acho até que o que a Lygia fez nesse final foi meio que uma mistura entre o Fernando Pessoa e o Stephen King.. hahahahaha Para vc ter uma noção do tamanho da COISA :D ahhahah Seria interessante debater com vc esse final, Filipe. Mas eu não vou. Seria spoiler. Leia!. ;)


Craotchky 23/08/2020minha estante
Okay, mas que mistura inimaginável, Pessoa e King!


Nath 24/08/2020minha estante
Pois é! Mas a Lygia sempre teve uma veia forte num suspense psicológico tipo o Poe, saca! Acho q a minha comparação para o desfecho seria mais apropriada entre o Poe e o Pessoa.. rs


Craotchky 24/08/2020minha estante
: )


Lui 24/08/2020minha estante
Amei a resenha!


Nath 24/08/2020minha estante
Obrigada, prims!! :D Quando nos encontrarmos de novo pessoalmente vou emprestar a vc o meu livro com as minhas marcações ;) E ah, gostei que vc colocou na foto do seu perfil a fotografia que eu fiz da Sra com os seus gatitos antes da quarentena.


Júlia 18/10/2020minha estante
Que resenha incrível ??




Fernando Lafaiete 29/07/2019

As Meninas: O enigma narrativo de Lygia Fagundes Telles
******************************NÃO contém spoiler******************************
Projeto Leituras Conjuntas 2019

Tema do ano: Viagem Literária / País de Julho: Brasil / Livro do mês: As Meninas
______________________________________

Conforme afirmado categoricamente por críticos literários ao longo dos anos e reforçado por consagradas listas (como a da revista Bravo), o sucesso e importância de “As Meninas”, romance de Lygia Fagundes Telles publicado em 1973 é algo incontestável. Com viés feminista, político e social, a obra se sacramenta como um dos mais importantes romances nacionais publicados. Com identidade, sagacidade e complexidade narrativa, a obra nos leva para um processo analítico desafiador, nos impedindo de sermos vítimas da superficialidade de uma leitura primária. Telles nos desafia a mergulharmos nas palavras tão bem inseridas de seu emblemático romance, nos entregando uma narrativa que vai além dos conceitos sócio-políticos tão presentes na história, e cuja estrutura textual foge sem pudor das regras gramaticais, flertando a todo momento com o coloquial e se aproximando de forma real com a oralidade nacional.

A escritora afirmou certa vez que um autor deve ser testemunha de seu tempo e sociedade, e com “As Meninas” ela reafirma tal pensamento, já que a obra a qual me dispus a ler e a qual compartilho aqui minhas simples percepções, é o retrato de um período histórico marcante de nosso país; a época em que tivemos que encarar uma ditadura militar.

Com três protagonistas que se tornam uma, o clássico de Telles mescla por diversos momentos três fluxos de consciência em um mesmo parágrafo, se misturando também com as intervenções do narrador onipresente e onisciente, que nada mais é do que a personificação criativa da própria autora. Tornando assim, a compreensão imediata do que está sendo dito e quem está dizendo o que, em algo confuso e que chega em vários momentos da leitura ao auge da complexidade. São Pensamentos que não passam de peças que se misturam e que devem ser lidas com calma, atenção e perspicácia, para serem devidamente decifradas. O romance de Telles navega por esferas diversas, passando pela pressão social e religiosa, inseguranças humanas, sexualidade e questões políticas.

Entretanto, por mais que seja apontado como um dos grandes relatos literários da ditadura militar brasileira, “As Meninas” é muito mais uma obra sobre o indivíduo, sobre a identidade feminina e sobretudo, sobre as protagonistas como personas enigmáticas a serem encaradas e desvendadas pelo leitor. Algo que o difere e muito de “A Casa dos Espíritos” da autora chilena Isabel Allende, onde a ditadura militar toma proporções narrativas muito mais vívidas e palpáveis. As protagonistas de Lygia Fagundes Telles, as três garotas moradoras de um pensionato em São Paulo e que se tornam amigas, dividindo seus anseios, perspectivas e vivências, são personagens confusas que vivem sem viver, que falam sem falar e que agem sem agir. Lia, estudante de ciências sociais e apoiadora de movimentos esquerdistas; Lorena, a mimada, rica e que se apaixona platonicamente por um homem casado; e Ana Clara, modelo, viciada em drogas e que se divide entre o namorado drogado e o noivo, são meninas que movimentam a trama e que criam elos com a realidade social... E que me foram encaradas como desafios a serem superados.

Em determinado diálogo, uma importante personagem traduz o que eu exatamente senti em relação a essas personagens.

“— Vocês me parecem tão sem mistério, tão descobertas, chego a pensar que sei tudo a respeito de cada uma e de repente me assusto quando descubro que me enganei, que sei pouquíssima coisa. Quase nada. ”

“As Meninas” é um romance excelente, anfigúrico e intimista, o qual muitas vezes nos deixa com a pulga atrás da orelha. O que é real e o que é invenção das personagens? Uma obra cujo grande trunfo é exatamente o que colabora para o afastamento de leitores menos persistentes; sua apaixonante complexidade que supera as ideologias narrativas sejam elas ficcionais ou meramente cópias críticas da realidade a qual se baseou.
Natália Tomazeli 29/07/2019minha estante
Eu amo muito esse livro, é meu livro nacional preferido, porém li ele faz tanto, mas tanto tempo, que preciso fazer uma releitura mais que urgente! Quando eu li "Mrs Dalloway" da Virgínia Woolf, achava que nunca tinha lido um livro com esse estilo de narrativa (fluxo de consciência) mas agora que você falou, vi que eu tava enganada! Pra vc ver como eu esqueci horrores já desse livro :(


Thaís Damasceno 29/07/2019minha estante
Resenha espetacular


Fernando Lafaiete 29/07/2019minha estante
Obrigado pelos cometários Natália e Thaís!! :)
Releia mesmo Natália, esse livro merece uma releitura. Não achei excepcional, mas é MUITO bom, isso é inegável. Um livro que me marcou por me apresentar uma narrativa inovadora, a qual nunca tinha tido contato. Lerei muitas outras coisas da Telles, com toda a certeza.


Natália Tomazeli 11/08/2019minha estante
Pode deixar, Fernando! Lerei sim ;)


andressaclemente 20/12/2019minha estante
Essa resenha ta maravilhosa. Enquanto eu li o livro eu percebi que algo me instigava, mas nao sabia definir exatamente o que e voce meio que descreveu tudo. Esse fluxo de consciencia ja me deixou tao nervosa na leitura ao ponto de me sentir uma parte da narrativa inclusive.


Fernando Lafaiete 01/01/2020minha estante
Que bom que também gostou do livro Andressa!! Eu achei muito bom e desafiador. :)




stelajanuzzi 23/06/2021

Entender o contexto em que foi escrito e lançado esse livro é fundamental para se ter ideia de sua grandiosidade. "As meninas", que começa de maneira extremamente confusa, com o que se assemelha a várias frases desconexas, aos poucos vai se revelando uma obra de arte de extrema criatividade e muito bem construída, mas que exige foco e dedicação do leitor para se permitir entrar no mundo criado por Lygia Fagundes Telles.

O livro conta a história de 3 meninas, que vivem juntas em um pensionato de freiras em plena Ditadura Militar, e que são totalmente diferentes em sua  origem, criação, perspectivas de vida e desejos. Ao longo do livro, é possível perceber que entramos dentro da cabeça dessas três, e a história é contada por meio do fluxo de consciência de cada uma, sendo possível a nós leitores, aos poucos, conhecer as personagens através do que se passa no momento em sua mente, e pela definição que uma faz da outra. Ao colocar Lorena, Lia e Ana Clara como personagens centrais dessa narrativa, a autora brilhantemente nos apresenta o contexto de diferentes classes sociais, e todos os anseios e as angústias que essas passavam dentro do período conturbado e violento que foi a ditadura.

Mas é importante não se deixar enganar pela história das três: a meu ver, Lygia objetivava, através do que parecia inofensivo, confuso, e superficial, introduzir ideias e temáticas extremamente polêmicas, e até mesmo censuradas no contexto de lançamento, como liberdade do corpo feminino, pautas militantes do comunismo, tortura que acontecia nos porões da ditadura, abuso sexual, drogas , pautas lgbt's, religião, cirurgias plásticas, e muitas outras. E podemos dizer que a autora alcançou seu objetivo, uma vez que o livro passou pela censura e foi publicado em 1973, em pleno "anos de chumbo", conhecido como o mais violento do regime.

Para além disso, simultaneamente, pode ser entendido que as 3 meninas, cada uma à sua maneira, procuravam formas de se desassociar de algum modo da realidade que as afligia, e para isso se agarravam fortemente em algo: Lorena em seu amor platônico pelo seu ginecologista, um homem casado; Lia em sua luta e esperança em um mundo novo; e Ana Clara no uso excessivo de drogas, sendo ela a que mais claramente se agarrava a outra realidade para não ter que lidar com a dor da sua própria.

Ler essa obra foi uma experiência única e valiosa, em que foi demandado de mim muita atenção e esforço, mas que aos poucos foi crescendo na minha mente, e ficando muito dinâmico ao final. Acompanhar o fluxo de pensamento de 3 jovens meninas foi muito interessante, podendo ter acesso ilimitado a seus pensamentos filosóficos, suas inseguranças, suas ironias e deboches. .

Eu entendo que esse não é um livro para se indicar a qualquer pessoa, mas que é muito importante para nossa literatura e que é sim recomendado a todos que estiverem dispostos a mergulhar nele.
Mauri 30/06/2021minha estante
Resenhista!!


stelajanuzzi 30/06/2021minha estante
kkkkkkkkkkkkkkk gostou mo


Mauri 30/06/2021minha estante
Nem li pra nao dar spoiler um dia leio


stelajanuzzi 30/06/2021minha estante
acaba de ler logooo




Isis.Borges 29/11/2021

Meninas confusas
Três universitárias brasileiras que vivem num pensionato católico. Lorena uma virgem sonhadora, apaixonada por um homem casado e bem mais velho. Ana Clara viciada em drogas e namorada de um traficante. Lia militante contra o regime militar.
Unidas pela amizade, por seus medos e sonhos compartilhados, sexo, drogas e política, num contexto histórico de repressão - a ditadura militar.
Livro muito confuso e quando começa a ficar bom acaba, sendo um fim aberto e triste.
Amo Lygia, mas esse livro não foi pra mim.
Tata 03/12/2021minha estante
Eu estou lendo agora, e para ser sincera, estou muito confusa ?


Isis.Borges 06/12/2021minha estante
Não quero te desanimar, mas ele é confuso do começo ao fim... rs


Tata 06/12/2021minha estante
Não querendo desanimar, mas já desanimado kkklkkk


Isis.Borges 06/12/2021minha estante
?




Carolina.Viegas 08/06/2021

Nem sei o que dizer
A genial Lygia Fagundes Telles nos leva à São Paulo da década de 1970 de uma maneira incrível! Um livro p ler com calma e se surpreender com o brilhantismo da autora!
Vitoria.Santos 08/06/2021minha estante
Oii, tudo bem?? Tem como


Vitoria.Santos 08/06/2021minha estante
Vc me ajudar a ler? Pq eu sou nova e nao consigo abrir pra ler


Carolina.Viegas 08/06/2021minha estante
O skoob não tem os livros disponíveis p ler... aqui é só para avaliar e trocar experiências sobre os livros ?


Vitoria.Santos 08/06/2021minha estante
Ata ok brigada




Resende 16/09/2023

Mais belo do que da primeira vez
Acabo de reler e de novo, como há 36 anos, sinto-me órfão.
Tinha receio do reencontro, receio de parecer-me menor do que quando o li na adolescência. Mas o romance ficou ainda maior.
Que livro lindo.
Bia Fontes 27/10/2023minha estante
Taí, tenho medo de reler. Foi minha porta de entrada para a obra de Lygia. A partir daí, desandei a ler tudo que encontrei dela, foi uma fase bacana.


Resende 27/10/2023minha estante
Haha. Passei décadas com o mesmo medo.


Bia Fontes 27/10/2023minha estante
É, no meu caso também seriam décadas. Faz tanto tempo que já não lembro do livro em si, só da sensação final de arrebatamento. E se, ao reler, isso sumir? Curioso que, pelo título, jamais esperei nada de tão fantástico desse livro. E, depois de enveredar pela obra de Lygia, com tantos títulos tão criativos, acho curioso que este se chame apenas ?As meninas?. ?




Marta 12/03/2016

As meninas
Lygia Fagundes Telles
Indicada ao prêmio Nobel de Literatura em 2016.
A história de três jovens em um pensionato na época da ditadura militar. Uma maravilha de livro,recomendo com carinho.
Rogéria 13/05/2016minha estante
Se recomenda, se considerou uma maravilha de livro, pq só duas estrelas? Não entendi...


rone 20/05/2016minha estante
também não.


bennett 29/09/2016minha estante
também não. [2] hahaha...




Carlos Nunes 27/06/2017

Abandonado
Esse livro nunca chamou minha atenção, até que assisti uma resenha dele em um vlog literário e me interessei muito, fui logo atrás e comecei a leitura. Tentei, me forcei a continuar, até uns 40% do livro, mas não deu. Como já li por aí, estou numa idade na qual não posso mais me dar ao luxo de perder tempo de leitura com o que não está me dando prazer. Não quero dizer com isso que o livro é ruim, só não é o momento certo, talvez. A leitura é interessante, mas como se trata de fluxo de consciência, é necessária muita atenção para não se perder, e como a maior parte da minha leitura é feita na hora de dormir, uma leitura difícil como essa não é mais adequada. Quem sabe no futuro, infelizmente agora não deu mesmo....
Ana Carla Quintanilha 03/12/2017minha estante
Provavelmente não era o momento certo pra você. Já aconteceu muito comigo, geralmente em livro escrito com essa técnica de fluxo de consciência. Dê outra chance mais tarde.


Carlos Nunes 04/12/2017minha estante
Pretendo dar, sim, também acredito que livros têm seus momentos certos para ler. Aproveito para te convidar para conhecer meu canal de leituras: o LIVROS & EBOOKS https://www.youtube.com/channel/UCrKPeSUKVFUYUj5O7E7HYMA?view_as=subscriber


Carlos Nunes 04/12/2017minha estante
Olá! Darei outra chance, sim! Também acredito que livros têm seus momentos. Aproveito para te convidar a conhecer meu canal, o LIVROS & EBOOKS https://www.youtube.com/watch?v=y5yo_qcYIRo&t=21s




José Vítor 06/11/2012

Definitivamente, não gostei
Muito Ruim; pelo menos na minha opinião. Como disse minha colega, "Essa livro é minha preguiça". Você não sente estímulo nenhum para ler com as confusões desse livro. Na mesma hora que uma fala, outra pensa em outra coisa(nada a ver). Só li por completo, porque não gosto de nada pela metade, mas demorei muito tempo para terminar a leitura e quando terminei foi uma felicidade. Totalmente não linear e muito confuso.
Depois dessa obra, passei a não entender os críticos.
Chagas 14/12/2012minha estante
Eu amei o. Livro MTV bom eu também vi o filme que não gostou não soube apreciar a obra


Vitor.Canestraro 23/06/2017minha estante
Aí que está, ele é um trunfo justamente por não ser linear. Claro, gosto é gosto. Ok.
Mas você tocou nos críticos, ele é cultuado, neste ponto, por esta proposta e originalidade




@pedroliterario 28/05/2021

As meninas, de Lygia Fagundes Telles.
A história centra-se na vida de Lorena, Ana Clara e Lia, amigas completamente diferentes em personalidade, estilo de vida e condição social. Com anseios, ambições e ideais completamente distintos, as 3 moram em um pensionato de freiras e simbolizam toda uma época: a alienação política, o frenesi das drogas e a luta comunista contra a ditadura militar.

Publicado em 1973, ?As meninas? é um romance em fluxo de consciência cujo fio narrativo é tão tênue que permite uma interpretação dupla da escrita. Apesar de ser romance, poderia ser uma coletânea de contos. Se lido sequencialmente, é um romance moderno, inovador. Se lido como conto, cada capítulo é episódico, fechado em si mesmo ? porém, o arco do romance está ali, costurando os episódios e construindo a colcha de vida das meninas.

O começo do livro pode estranhar. Não há propriamente um ritmo de acontecimentos, mas de pensamentos que vão se sobrepondo e iluminando as lacunas da história. É uma leitura difícil, que exige atenção e paciência, apesar da extrema poesia de suas frases. Os capítulos são longos, com cerca de 20 páginas cada. Porém, a partir do capítulo 6, com o planejamento da viagem de Lia, o livro fica mais dinâmico e a ação se desenrola.

O que mais me chamou atenção é que essas amigas conversam, mas não dialogam. Suas interações são feitas de monólogos, cada uma desabafando sobre os próprios dramas.
Apesar de dizer que a história são de três protagonistas, é Lorena o astro sob o qual orbita as histórias de Lia e Ana Clara. É Lorena, que em suas angústias de menina rica e fútil, que ampara e apoia. É o máximo de real a que se submete. O resto são devaneios de um amor platônico por um homem casado. Ela é o meio termo entre a realidade crua e militante da comunista Lia e os delírios alucinógenos de Ana Clara, mergulhada em drogas para fugir das lembranças de uma infância de abusos.

Em comum, todas criaram para si um mundo paralelo no qual o final feliz é um porvir sem data certa.
stelajanuzzi 07/06/2021minha estante
excelente resenha!!!


@pedroliterario 26/07/2021minha estante
Obrigado, Stela. Posto mais coisas no meu instagram. Me segue lá no @pedroliterario




Li 29/07/2012

DESAFIO LITERÁRIO 2012 - JULHO - PRÊMIO JABUTI *LIVRO 4*
Sinopse: Num pensionato de freiras paulistano, em 1973, três jovens universitárias começam sua vida adulta de maneiras bem diversas. A burguesa Lorena, filha de família quatrocentona, nutre veleidades artísticas e literárias. Namora um homem casado, mas permanece virgem. A drogada Ana Clara, linda como uma modelo, divide-se entre o noivo rico e o amante traficante. Lia, por fim, milita num grupo da esquerda armada e sofre pelo namorado preso.
As meninas colhe essas três criaturas em pleno movimento, num momento de impasse em suas vidas. Transitando com notável desenvoltura da primeira pessoa narrativa para a terceira, assumindo ora o ponto de vista de uma ora de outra das protagonistas, Lygia Fagundes Telles constrói um romance pulsante e polifônico, que capta como poucos o espírito daquela época conturbada e de vertiginosas transformações, sobretudo comportamentais.
Obra de grande coragem na época de seu lançamento (1973), por descrever uma sessão de tortura numa época em que o assunto era rigorosamente proibido, As meninas acabou por se tornar, ao longo do tempo, um dos livros mais aplaudidos pela crítica e também um dos mais populares entre os leitores da autora.

Não ia ler mais nenhum do tema deste mês, mas bati o olho nele na biblioteca, estava pertinho do de Moacyr Scliar, decidi pegar e ver se dava tempo de lê-lo também. Só li um livro da autora, que nem lembro o nome de “tão” marcante que foi, então lerei este para tirar a prova. Ele ficou em 1º lugar do prêmio em questão, na categoria romance, em 1974.

O livro é confuso. Muito. Mas porque a cabeça das personagens É confusa! Essas “meninas” são um tratado psiquiátrico... E a autora faz a descrição de suas mentes, mais até do que da época em que vivem, de uma forma muito boa.
No começo achei que mergulhar na cabeça de Ana Clara, a viciada, era o mais desconfortável para mim, várias indagações dela eram semelhantes às minhas, mas mais para o fim me vi mais em Lorena, a filosófica, a filha de família rica e problemática, lutando para se manter sã dentro de sua “concha rosa”...
“Ana Clara fazendo amor. Lião fazendo comício. Mãezinha fazendo análise. As freirinhas fazendo doce (...). Faço filosofia. Ser ou estar. Não, não é ser ou não ser, essa já existe, não confundir com a minha que acabei de inventar agora. Originalíssima. Se eu sou, não estou porque para que eu seja é preciso que eu não esteja. Mas não esteja onde? Muito boa a pergunta, não esteja onde. Fora de mim, é lógico. Para que eu seja assim inteira (essencial e essência) é preciso que não esteja em outro lugar senão em mim. (...). Ora, se sacrifico o ser para apenas estar, acabo me desintegrando (essencial e essência) até a pulverização total. (...) Acho que eu seria mais útil se estudasse medicina (...). Uma psiquiatra maravilhosa. O chato é que quando leio um livro sobre doenças mentais, descubro em mim os sintomas de quase todas, uma psiquiatra por dentro demais da loucura.”
A que menos dei atenção foi Lia, a revolucionária, jamais fiz esse papel, sempre gostei de navegar ao sabor da maré (acomodada?! É, talvez!).

Tem livros que são desconfortáveis de ler e este é mais um que o desafio me fez ir em frente no lugar de fechar e pensar: “chega, já deu!” (o outro foi “o lobo da estepe”, de Hermann Hesse), e isso geralmente só acontece quando os personagens tem uma carga emocional muito pesada e que me permite compará-los com a minha própria, quem não acha isso desconfortável?! Para mim essa parte psicológica é pior do que as descrições de tortura física que a autora faz.

Bom livro, recomendo!


*http://desafioliterariobyrg.blogspot.com.br/*
José Elias 11/02/2013minha estante
..."o espírito daquela época conturbada e de vertiginosas transformações, sobretudo comportamentais."

Os seres humanos são conturbados mesmo, continuam a sê-lo quatro décadas depois da época em que a trama se desenvolve.
Discordo de uma coisa: aquelas "meninas" não são um tratado psiquiátrico.\
Li da Lua, sua sinopse é enorme, mas gostei muito dela.


José Elias 11/02/2013minha estante
..."o espírito daquela época conturbada e de vertiginosas transformações, sobretudo comportamentais."

Os seres humanos são conturbados mesmo, continuam a sê-lo quatro décadas depois da época em que a trama se desenvolve.
Discordo de uma coisa: aquelas "meninas" não são um tratado psiquiátrico.\
Li da Lua, sua sinopse é enorme, mas gostei muito dela.




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Paola.Rezende 03/11/2016minha estante
Interessante!!! O livro é romance somente ou tem alguma elaboração teórica também? Ou contou com relatos reais para se embasar?


Jaqueline.Schmitt 29/12/2016minha estante
Paola!!
O livro é de 1971, ou seja, período da ditadura militar. Trata de questões importantes relacionadas às mulheres naquele contexto. Acredito que as personagens são fictícias, mas poderiam ser reais, como os desafios relacionados a ser mulher, abordados no texto, ainda são bem reais. É um romance no mínimo instigante!




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Silvana (@delivroemlivro) 05/09/2020minha estante
Idem: também li e não achei tudo isso (acho que o fato de ter lido Clarice Lipector antes também não colaborou muito).


Carla Verçoza 05/09/2020minha estante
Exatamente. Li Todos Os Contos, de Clarice, pouco antes desse e acho q isso impactou. Fiquei impressionadíssima com a escrita da Clarice, gostei muito mais do que da Lygia. Não que As Meninas seja ruim, mas pelo que vejo falar eu esperava um pouco mais.




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Helô 12/01/2014minha estante
A versão da Lorena sobre a morte de um dos irmãos é muito parecida com o mito romano, os dois irmãos Rômulo e Remo que foram amamentados por uma loba. E Rômulo mata o irmão numa briga. No caso, narrado por Lorena, Remo atirou brincando, acidentalmente, em Rômulo quando crianças. Logo, a versão dela também poderia ser fantasiosa. Eu não consigo acreditar na versão da mãe dela também. Acho que nenhuma das duas versões é verdadeira.
Esse livro é incrível! Tornou-se um queridinho por mim, incluído entre os meus favoritos. Há muita crítica social nele e adoro isso em livros. A Lygia é uma fantástica escritora.


Carla Aires 11/02/2017minha estante
Nossa, vc realmente tem uma opinião negativa da Lorena rs... Engraçado que para mim quem pareceu mais egoísta foi a Lia. Era ela que mais fazia pouco caso dos problemas dos outros, encucada com aquela coisa de revolução. Tive vontade de sacudi-la nas vezes em que a Lorena tentou conversar com ela sobre a Ana, mas ela nem aí, a julgava fraca por estar metida com as drogas. Só quando viu Ana morta foi que parou para pensar em como era uma coitada, sem ninguém no mundo e que podia ter tentado ajudá-la.




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