Seus olhos viam Deus

Seus olhos viam Deus Zora Neale Hurston




Resenhas - Seus olhos viam Deus


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May_ 30/09/2020

Essa é uma resenha meio que injusta. Injusta pois acabei de sair da obra, então vou falar menos com palavras e mais com a emoção.

"Seus Olhos Viam Deus" é uma história sobre se conhecer (se descobrir) a partir do amor. O amor, para a protagonista, não perpassa somente as pessoas que teve uma relacionamento romântico, mas um amor pelo ambiente em que está, pelas pessoas, pela fase da vida em que esta e esteve, é um amor metafísico que circunda a personagem em seu cotidiano. E, vejam só, "cotidiano" é outra boa palavra para falar sobre o livro. A obra possui diversos momentos em que só demarcam o dia a dia dos personagens. São momentos bobos, inúteis, e por isso que são tão reais e fortes. É seguindo essa realidade que nos apaixonamos pelos personagens, que nos infiltramos em tudo o que a obra que nos dizer.

E o que ela quer nos dizer em toda essa jornada? Te falar: Muita coisa. Zora, a autora, tem uma escrita poética em palavras, e certeira na estrutura. Ela consegue mediar os temas da história, sempre os renovando, os tratando por novos pontos de vista, e isso enriquece o texto e a mensagem. É uma mensagem sobre identidade que tem como proposta trabalhar o racismo na sociedade, o machismo em todo o local. São temas amplos, mas a autora tem uma esperteza imensa em exemplificar a mensagem em certos causos, o que cria uma profundidade narrativa, que embola subtexto, texto e história.

Quase spoillers daqui pra frente
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Quanto ao climax da história: criei uma cena tão viva em minha cabeça, tão dolorida, que não consigo me desassociar dela. É uma situação tão penosa, esquisita, forte, que não só me surpreendeu, mas me comoveu. Que imagem, mano!

A cena pós o climax narrativo seria, em minha interpretação, o climax temático. É onde a autora vira e fala: "oh, isso aqui, sacou?" E, te falar, fiquei curioso com aquilo, visto que ela fez os negros se tornarem quase vilões naquele momento, mas a explicação é perfeita. Tipo, sério, perfeito!

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FIM DO QUASE SPOILLER

Amei sa porra!!!!
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Bruna.Toledo 05/03/2021

A linguagem simples da narração e os diálogos extremamente fiéis aos personagens me lembrou um pouco "Vidas Secas", de Graciliano Ramos. É simplesmente maravilhoso refletir como um vocabulário "requintado" e norma culta nada têm a ver com profundidade e qualidade literária.
"Seus olhos viam Deus" é a história de uma mulher que tem dentro de si muita força e que, contrariando os esforços da sua comunidade, tem plena consciência disso. Zora conseguiu trazer essa força ao cotidiano de um jeito muito bonito (e sem criar o estereótipo hollywoodiano da mulher bruta que suporta tudo mas "não sabe" amar).
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Pablo Paz 31/10/2021

Seus olhos viam muitas coisas
Livro muito bom, a ponto de o reler (maratonar?) nessa noite/madrugada insone. Além da boa prosa literária em si mesma, Zora Hurston, antropóloga de formação, não discute identidade, mas o contrário; neste livro a personagem, em busca de (bons) afetos, tenta justamente fugir das identidades que mais a aprisionam do que a libertam, tanto que fora deixada de lado nos anos 1960 pela crítica que não a compreendeu, isto é não percebeu o cansaço e o peso que a 'identidade' muitas vezes trás para determinados indivíduos (tanto à personagem quanto talvez para a escritora).

Mas algumas reflexões sobre casamento, divórcio e luta contra o destino que se desenrola mais no cenário do cotidiano do que no palco da "Grande História" são muito originais. A autora é daquelas que tem um olhar muito próprio e visão pessoal sobre relacionamentos. Acho que o título se refere a isso. Que bom que a editora relançou uma segunda edição em 2021 porque essa primeira tinha virado raridade nos sebos; custava o olho da cara até há pouco tempo..
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Carolina 09/01/2022

Um romance atemporal
Para mim, o que faz um clássico é a sua capacidade de continuar produzindo empatia e reconhecimento através de tempos muito diferentes. Nessa definição, "Seus olhos viam Deus" é definitivamente um clássico. Livros escritos há muitas décadas sempre podem perder um pouco do propósito, girar em torno de desafios que ficaram presos em outra época e deixam de comunicar com o leitor em um nível mais profundo de reconhecimento. Os clássicos superam esse desafio, e esse é um desses livros.

A protagonista é uma mulher inconformada com as limitações impostas a sua liberdade por ser mulher. Não é um livro sobre a busca pelo amor, é um livro sobre a busca por liberdade em um sentido muito mais sensível e abstrato do que o óbvio para uma protagonista negra nos Estados Unidos das leis de Jim Crow. A sua busca por liberdade pode ou não incluir o amor - se incluir, melhor - mas a prioridade está bem colocada.

É por isso que o livro é tão bom. Ele traz as camadas de amarras que prendem essa mulher em uma história que é ao mesmo tempo mundana e cativante, (literalmente) contada na tranquilidade de uma varanda no cair da noite.

Terminei o livro já ansiosa por novas leituras com a sensibilidade de Zora Neale Hurston.
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Cris @cristinadaitx 27/02/2022

Lido ?????
Um clássico da autora Zora Neale Hurston, o livro nos conta a história de Jane. Uma mulher negra que, apesar da época em que viveu, conseguiu moldar o próprio destino seguindo o seu coração. Ela foi corajosa ao abandonar o primeiro marido, pois não o amava e não queria viver a vida ao lado de um homem velho e sem ambições. Ao fugir com seu segundo marido, ela conhece um mundo novo. Ele torna-se político e faz dela uma primeira-dama. Proprietários de vários imóveis e um mercado, Jane vive aparentemente bem, mas sofre com a indiferença do marido e sua pré-disposição a humilhá-la. Quando ele morre ela está com 40 anos, livre, e pode finalmente soltar seus lindos cabelos. Alguns meses depois, finalmente conhece o amor. Tea Cake, com 25 anos, conquista seu coração e é com ele que ela finalmente vai realizar seu sonho, conhecer outros lugares, ser livre. Infelizmente, meses depois, após sobreviverem juntos a um furacão, ele fica doente e ela está mais uma vez sozinha. Ela volta para casa e, apesar da tristeza, chega a conclusão de que Tea Cake sempre estará com ela, em seus pensamentos e suas lembranças.
A reedição dos romances da autora aconteceu graças ao trabalho de Alice Walker. A autora fez uma investigação minuciosa sobre os escritos de Zora e publicou alguns artigos sobre ela. Ela não entendia como Zora, uma escritora, cineasta e pesquisadora tão importante, acabou esquecida por todos, chegando a trabalhar como empregada doméstica até a data da sua morte e enterrada em uma cova sem nome, que foi identificada por Alice Walker em 1973.
Após esse artigo, Alice buscou, incansavelmente, trazer a Zora Neale Hurston aquilo que ela nunca deveria ter perdido, o reconhecimento pelo seu excelente trabalho. A partir disso, vários de seus livros e contos foram relançados e aclamados pelo público.
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Laris 21/08/2022

Janie já no final do livro diz que devemos fazer duas coisas por nós mesmos: procurar Deus e descobrir como é viver a vida. Acho que isso resume bem o livro, no primeiro casamento ela viveu pelos sonhos da avó, depois tentou fugir disso e viveu pelo segundo esposo. Por fim, viveu por ela mesma e encontrou Deus no amor, mesmo sofrendo, percebeu que assim foi ela e teve momentos memoráveis.
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fabio.orlandini 25/08/2022

Desconhecido
Embora a autora não seja tão conhecida no Brasil, essa obra é de uma grandeza de sentimentos inigualável. O que é o amor? Como ele se completa no casamento? Além de questões éticas, raciais, morais. Recomendo.
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Henrique Fendrich 14/11/2022

Maravilhosa história de uma mulher negra estadunidense da década de 1930 em busca de identidade e autorrealização. Há a questão racial, mas também se sobressai ao longo de todo o livro a questão de gênero, pois a personagem Janie é continuamente tratada como mero objeto nos relacionamentos em que se envolve. Questiono inclusive as leituras que acham que ela encontrou o que procurava em Tea Cake. Ora, Tea Cake podia não ter os mesmos defeitos que os outros, mas igualmente cultivava uma relação de posse e, inclusive, era capaz de algumas atitudes bastante censuráveis, para não dizer criminosas, contra Janie.

Então Tea Cake, no meu entender, poderia ser no máximo mais um passo na direção da independência da personagem, mas está longe de ser porto seguro e destino final. Janie não encontra até o final do livro o estágio ideal de valorização da sua identidade. Claro, devem ser consideradas as questões da época de escrita do livro, mas creio que a sociedade já evoluiu o suficiente para perceber que as atitudes de Tea Cake são igualmente danosas à mulher. O livro representa um bonito registro da caminhada histórica de emancipação feminina e negra.

Há questões levantadas por estudiosos em relação à "voz" de Janie e seus comportamentos, e são aqueles debates que não têm necessariamente uma conclusão, mas mostram que o livro já se tornou relevante o bastante para problematizar a sociedade além do seu tempo. É ótimo que esse livro tenha saído do esquecimento, mas aparentemente isso aconteceu muito mais nos Estados Unidos do que aqui. Como são poucas as leituras! Nem a exaltação feita por Alice Walker tem sido o bastante para fazer desse livro uma leitura essencial por aqui.

Em relação ao estilo do livro, ele se destaca por marcas de oralidade e pelo uso frequente de diálogos (todos ágeis e muito bem engendrados). Senti por vezes uma boa influência de romances oitocentistas ingleses, mas aqui a protagonista das histórias de amor é negra. Um livro, em suma, com muita camadas e que rende muitas e necessárias discussões ainda hoje.

Duas citações que guardei:

"Todos os deuses que recebem homenagens são cruéis. Todos os deuses distribuem sofrimento sem motivo. De outro modo não seriam cultuados. Pelo sofrimento indiscriminado, os homens conhecem o medo, e o medo é a mais divina das emoções. É a pedra para os altares e o princípio da sabedoria. Os semideuses são adorados com vinho e flores. Os deuses de verdade exigem sangue".

"O amor é que nem o oceano. É uma coisa que se move, mas mesmo assim toma a forma da praia que encontra, e é diferente em toda praia".
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Fanny 21/12/2022

Rara beleza
Esse livro tem uma escrita bonita e particular. A linguagem singela dos diálogos contrasta com a linguagem culta e lírica do narrador; as figuras de linguagem (tantas) são muito originais e nos fazem sentir a beleza da obra, tanto da sua forma quanto do seu conteúdo, de uma maneira única.

Espero que o público leitor desse livro siga se expandindo. O mundo merece conhecer a genialidade de Zora Neale Hurston.
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eyre0101 21/01/2023

Que leitura deliciosa. Vou começar dizendo que eu adoro a escrita da Zora e adoro como ela encorpora o AAVE tanto na fala dos personagens quanto na narrativa e na essência do texto. Os tradutores também fizeram um ótimo trabalho ao traduzir essa peculiaridade para o português.
A Zora revolucionou a literatura da época. Num contexto em que a literatura negra dos Estados Unidos era majoritariamente constituída de realismo social e que qualquer coisa diferente disso era mal-vista pelos movimentos sociais de emancipação negra, ela escreveu uma história sobre personagens negros que são pessoas além das reações que a opressão impõe a eles. É uma história que celebra a negritude e celebra o amor e a independência feminina, sem colocar a opressão racial como o único fator determinante da vida. É um tesouro.
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Alice 17/02/2023

Clássico
Um clássico de Zora Neale Hurston, uma autora que surpreendentemente fora esquecida no movimento literário afro americano por suas divergências nas narrativas de suas histórias.
Seus Olhos Viam Deus é um romance que ao mesmo tempo te acolhe e soca seu estômago, mostrando a transição de uma mulher preta de objeto de desejo masculino e submissão branca a agente de sua própria vida e escolhas, por mais que estas tenham sido dolorosas.
É um romance lindo que deixa um gostinho de quero mais.
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Tah_baddauy 26/03/2023

Não conhecia a autora e foi uma grata surpresa, leitura fluída que descreve o desabrochar de uma mulher no amor e perante a vida.
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