Tiago830 22/02/2024
Jane Eyre, um romance cristão
"Eu desejava sincera, profunda e ardentemente fazer o que era correto, e apenas isso."
Charlotte Brontë nos faz acompanhar a vida da heroína Jane Eyre desde a sua infância até mais ou menos seus trinta anos, que é marcada por diversos dissabores, a começar por sua condição de órfã e solitária, por viver sob a guarda de uma tia e primos que a odeiam. Enclausurada em um ninho de desamor, ela não poderia deixar de ansiar pela liberdade, por uma aventura estonteante que a desse a alegria de viver.
Na escola, então, e longe da família, começa sua verdadeira instrução, e ela se torna o terreno perfeito para que suas virtudes aflorem, porque elas já estavam ali, só precisavam ser cultivadas.
E é em meio do caos e da inexistência de alguém em quem se apoiar que ela afirma cada vez mais a sua fé e sua decisão de se manter firme. Enquanto cristã, ela sabe o que tem de fazer e, finalmente, descobre que a liberdade é entregar-se por completo ao dever, é escolher o caminho que já se sabe que se deve seguir, mesmo que seja o menos confortável.
Ainda assim, permanecem elementos que tiram um tanto a excepcionalidade do livro, a exemplo de uma personagem em específico cuja complexidade não foi trabalhada, e, talvez, de uma narrativa por demais educativa.
Por fim, não poderia haver trajetória mais instável e final mais emocionante, com marcante engrandecimento espiritual.