@aangeladani 19/07/2015
Um drama bem humorado (mas sem ser hilário)
Imagine alguém que é capaz de mudar de comportamento apenas para agradar outra pessoa. Ou até mais: imagine alguém que chega a negligenciar as próprias vontades e hábitos para tentar criar - ou reforçar - os laços com a outra pessoa. Dá pra imaginar fácil, porque a gente sempre conhece alguém assim, né. Mas a Graça, personagem dessa história, é o extremo de tudo o que já vimos. Ela é uma verdadeira "camaleoa", que não mede esforços para se transformar em nome do desejo de ser amada, e que pode fazer isso novamente e incansavelmente. Graça já conheceu vários tipos de homens. Do judeu ao boêmio, ela teve todos os tipos possíveis. E a cada novo relacionamento, Graça alterava todo o seu comportamento radicalmente. E nem todos esses homens foram namorados de Graça. Na verdade, bastava que ela se interessasse por um homem, para que mudasse de comportamento e atitude, e tudo para chamar a atenção do seu "objetivo" (fosse ele amoroso, ou até mesmo o seu próprio pai). Sem exceção, todos os homens influenciavam o seu comportamento.
Quando comecei a ler - desde a própria sinopse, na verdade -, o primeiro pensamento que veio na minha cabeça foi: "mas que falta de personalidade a dela!". Só que se a gente parar pra analisar direito a história, percebemos que isso é só a "ponta do iceberg", porque o que a personagem possui mesmo é carência. Pura e simples. Ela tinha a necessidade de ser aceita e de ser amada, nem que pra isso precisasse alterar todo o seu próprio comportamento e personalidade. Não é que ela não tinha personalidade, mas a possuía de forma "rasa" demais, totalmente influenciável. O livro é carregado de humor, mas eu diria que é num sentido mais "amargo", sem ser hilário, entendem? Porque, afinal de contas, vemos a personagem contar todo esse seu "drama" de vida, que acontece desde a sua infância e que, aparentemente, é mais forte do que ela mesma. Foi uma leitura bem rápida, ideal para se distrair durante algumas horas. E, analisando bem a trama, acho até que Graça foi "moldada", de certa forma, por todas essas experiências que viveu com cada homem que passou por sua vida. Cada um contribuiu - a seu modo - com a mulher que ela se tornou, deixando alguma marca nela. Como por exemplo, o "simples", que lhe transmitiu a ideia de abandonar o consumismo. Enfim, o amor é capaz de mudar as pessoas, sem sombra de dúvidas. Mas no caso da personagem, o que ela tinha era um verdadeiro processo de camaleoa! Virou fumante, especialista em sexo tântrico, obcecada por limpeza, nacionalista, boêmia, esportista, etc, etc, etc. E pode ser outra amanhã! ;)
Nota: 3/5 (bom)