Tícia 26/05/2012
Personagens: Camden e Gigi
Aí está uma história de amor desconfortável. E minha relação com ela foi, como diria o clássico e primoroso refrão, entre tapas e beijos.
Vou explicar: há algum tempo venho optando por leituras mais leves e desestressantes como, por exemplo, romances mais açucarados e previsíveis, comédias a la Meg Cabot ou suspense tipo Harlan Coben. Simples: como professora de literatura, estou sempre rodeada de livros que muitas vezes são tão interessantes quanto uma corrida de submarinos ou então me fazem olhar para o horizonte e perguntar: “Por quê? POR QUÊ?????”.
Assim, quando posso escolher, eu busco livros que me aliviam a infausta luta cotidiana e que me proporcionam bons momentos de diversão e tranquilidade. Quando se trata de romances, sempre opto pelas histórias simples, bonitinhas e que me deixam com aquele sorrisinho besta e satisfeito na cara.
Um amor quase perfeito está longe de ser assim.
Em algumas partes, esse livro me deixou tensa, falando sozinha, querendo jogá-lo pela janela e pensando seriamente em ir até Portugal pra cair no tapa com a Carla, que me deu o livro.
Mas então... é ruim demais, uai!!!
De jeito nenhum, pelo contrário, a história é excelente! Boa DEMAAAAAIS!
Não, não estou sendo incoerente. Estou apenas tentando mostrar que se você espera uma história de amor açucarada, calma, que fará seu coração bater no ritmo adequado, procure outro livro. Agora, se você quer um bom romance, narrado com requinte, farto de um humor fino e sutil ao estilo Machado de Assis, mas que é conduzido por personagens realistas e com zero em idealização, eu te aconselho a ler Um amor quase perfeito. Correndo!
Eu reafirmo que continuo preferindo histórias mais açucaradas, mas não posso deixar de dizer que valeu a pena cada página lida.
O enredo:
A história é construída através de uma alternância entre passado e presente, isto é, em 1882, quando Camden e Gigi se conhecem, se casam, mas também quando ocorre o grande conflito que separa o casal; e em 1893, quando os dois se reencontram e Camden faz uma proposta inusitada. Essa mescla de contemporaneidade e flashback é muito oportuna porque o passado vai explicando os motivos das atitudes hostis de ambos no presente.
E é em 1893 que nos damos conta do profundo amor entre Gigi e Camden e do quanto ela é burra e ele, o genro que minha mãe tem pedido fervorosamente em suas orações.
Não é birra, nem implicância (já falei que sou uma pessoa implicante?). O caso é que eu tenho um problema sério com personagens, ou melhor, com mocinhos. Se eu não tiver empatia com eles, eu leio o livro com muita má vontade e ainda meto a ripa sem dó. Mas vamos a eles:
Camden... ganhou meu coração e o resto! Embora tenha seus defeitos, é honesto, leal, sedutor e, pra mim, seus erros não foram tãããão graves. Ele fez o que fez movido pela decepção e pela raiva diante do ardil da mulher que amava e confiava. Bem... Se Camden quiser, tô disponível pra contatos!
Gigi...
Apresento-lhes o motivo da minha tensão. Cheia de uma dualidade brutal, é fria, impulsiva, egoísta, implacável e ao mesmo tempo é franca, bondosa, inteligente e tenaz em seus objetivos. Meus sentimentos por ela oscilaram entre raiva intransigente e simpatia compassiva.
Achei Gigi uma personagem muito complexa; ora eu concordava e compreendia suas atitudes, ora discordava e a chamava de mula, na melhor das hipóteses. Mas, independente da minha opinião, uma coisa é certa: ela mesma foi sua maior inimiga. Por amar demais e não saber lidar com seus sentimentos, Gigi manipulou, trapaceou e enganou. E essas ações lhe renderam 11 longos anos sofridos. Ela aprendeu da pior forma possível que a mentira é capenga e não vai muito longe.
Um amor quase perfeito é o tipo de história que faz refletir, pois está repleta de questões que levam o leitor a se perguntar: “E se fosse comigo? O que eu faria?”.
Além de tudo isso, é um romance realmente muito, muito bonito e com diversas partes dramáticas. Chorona confessa, posso dizer que me emocionei em vários momentos e fiquei embargadíssima em outros. O final, então... nuss! Lindooooooooooo!
Maravilhosa história de amor, narrativa impecável, grandes lições!
Super recomendadíssimo com força!
; )